Moçambique destaca-se pela sua rica diversidade cultural, reflectindo uma identidade que, embora única, compartilha laços com os países vizinhos e influências de outros continentes. Com a independência alcançada em 1975, após uma luta de quase quinze anos contra o domínio português, houve esforços para substituir a língua portuguesa. No entanto, a presença de múltiplas línguas locais com significado regional, mas sem uma abrangência nacional, tornou essa substituição inviável.
Línguas Faladas em Moçambique
Em Moçambique, as línguas bantu formam a maioria do léxico nacional, com o português mantendo-se como língua oficial desde a independência do país. Segundo o Ethnologue, existem 43 línguas reconhecidas em Moçambique, 41 das quais são bantu e duas adicionais: o português e a língua de sinais. O censo de 2007 revelou que 50,4% dos moçambicanos falam português, com uma maior prevalência em áreas urbanas (80,8%) em comparação com áreas rurais (36,3%). Além disso, 12,8% usam o português como língua principal no lar e 10,7% consideram-no sua língua materna, percentual que sobe para 25% em Maputo. O censo de 1997 apontou o emakhuwa como a língua materna mais falada, com 26,3% da população, seguido pelo changana e pelo elomwe.
Como membro dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Moçambique reforça sua conexão linguística e cultural com o mundo lusófono. Maputo, a capital, e a Ilha de Moçambique são membros da União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas, fortalecendo ainda mais os laços com a comunidade de nações de língua portuguesa.
O=Oficial – Português;
C= Reconhecida pelo Centro de Estudos de Línguas Moçambicanas (NELIMO): – Ajaua (Ciyao); Angone (Xingoni, Cingoni) – possivelmente um dialeto do nianja; Chope (Cicopi); Chuabo (Echuwabo); Cibalke; Cidema; Cikunda; Cinsenga; Ekoti; Nianja (cinyanja); Quimuane (Kimwani) – próxima do suaíli; Maconde (Shimakonde); Nhúngue (Cinyungwe); Ronga (Xirhonga); Sena (CiSena); Suaíli (Kiswahili); Suázi (Siswati); Ndau (Cindau); Zulu (Isizulu); Elomwe; Guitonga; Macua (Emakhuwa); Tswa (Citshwa ou Xitswa); Tsonga – inclui o ronga, o changana e o tswa;
E=Listada no Ethnologue: – Ciphimbi; Citawara; Citewe; Echirima; Ekokola; Elolo; Kimakwe; Emaindo; Emanyawa; Emarenje; Emarevoni; Emeetto; Emoniga; Enathembo; Esaaka; Etakwane; Manica (Emanyika);
Artes
A música moçambicana desempenha um papel vital, desde a expressão de crenças religiosas até a celebração de cerimônias tradicionais. Os instrumentos, muitas vezes artesanais, incluem tambores de madeira e pele animal, a lupembe, um aerofone feito de chifres ou madeira, e a marimba, um tipo de xilofone indígena. Este último é particularmente popular entre os Chopes, na região centro-sul costeira, conhecidos pela sua destreza musical e dança. A música moçambicana, que ecoa o reggae e o calipso do Caribe, é rica e diversificada, abrangendo desde a marrabenta até estilos lusófonos como fado, samba, bossa nova e maxixe. Os Macondes, notáveis pelas suas máscaras e esculturas de madeira detalhadas, usadas em danças tradicionais, criam duas formas distintas de arte em madeira: as shetani, representações de espíritos malignos, geralmente em ébano, e as ujamaa, totemes que retratam rostos realistas e figuras, simbolizando “árvores genealógicas” que narram histórias ancestrais.
A arte moçambicana, nos últimos anos coloniais, refletiu a resistência ao domínio colonial e tornou-se um emblema da luta pela liberdade. Com a independência em 1975, a arte contemporânea entrou numa nova era, destacando-se o pintor Malangatana Ngwenya e o escultor Alberto Chissano. A arte pós-independência, especialmente nas décadas de 1980 e 1990, muitas vezes retrata a luta política, a guerra civil, o sofrimento e a resiliência. As danças tradicionais, complexas e bem desenvolvidas, são uma constante em Moçambique, com várias danças tribais de natureza ritualística. Os Chopes, por exemplo, apresentam-se em batalhas simuladas, adornados com peles de animais, enquanto os homens Macuas usam trajes e máscaras específicas em suas performances.
Literatura
Durante o período colonial, a literatura de Moçambique floresceu com uma forte veia nacionalista. Figuras literárias proeminentes como Rui de Noronha e Noémia de Sousa marcaram essa era. José Craveirinha, que começou a escrever na década de 1940, destacou-se por seus poemas que refletiam a realidade social moçambicana e incitavam à rebelião, tornando-se o poeta mais célebre do país e laureado com o Prémio Camões em 1991.
Mia Couto, outro laureado com o Prémio Camões em 2013, é um dos escritores mais influentes da Moçambique contemporânea. Originário da Beira, foi reconhecido com o Prêmio Literário Internacional Neustadt em 2014, um dos poucos autores de língua portuguesa a ser honrado dessa forma.
A contribuição significativa de poetas da chamada “literatura europeia” também é notável na literatura moçambicana. Esses poetas, de origem caucasiana, focam suas obras nos desafios diários de Moçambique, influenciando profundamente a identidade nacional. Entre eles estão Alberto de Lacerda, Reinaldo Ferreira, Glória Sant’Anna, António Quadros, Sebastião Alba e Luís Carlos Patraquim, que são membros desse distinto grupo literário.
Culinária
Ao longo de quase cinco séculos de presença colonial, a influência portuguesa deixou marcas profundas na culinária de Moçambique. Ingredientes como a mandioca, uma raiz rica em amido originária do Brasil, e a castanha de caju, também brasileira, apesar de Moçambique ter sido outrora o maior produtor mundial, foram introduzidos pelos colonizadores, juntamente com o pãozinho, uma adaptação do pão francês. A incorporação de uma variedade de especiarias e ervas aromáticas, incluindo cebola, louro, alho, coentro, páprica, pimenta, pimentão vermelho e vinho, enriqueceu a paleta de sabores da cozinha local. Além disso, cultivos como cana-de-açúcar, milho, milheto, arroz, sorgo e batatas foram trazidos e se tornaram fundamentais na alimentação moçambicana. Pratos como o prego, rissole, espetada, pudim e o famoso frango inteiro com molho de piri piri são exemplos de especialidades portuguesas que se integraram ao cardápio moçambicano contemporâneo.
Festivais Nacionais
Os festivais nacionais emergem como catalisadores rápidos para o crescimento do turismo interno, destacando as expressões culturais das comunidades locais e vislumbrando a criação de novas oportunidades para pequenos empreendedores criativos nas áreas onde ocorrem estes eventos turísticos, que são frequentemente localizados nas regiões litorâneas. Estes festivais representam momentos únicos e inesquecíveis para entusiastas do turismo cultural e de aventura, pois proporcionam um ponto de encontro dinâmico de diferentes culturas e permitem vivenciar o Moçambique de diversidades em sua plenitude.
EVENTO | LOCAL | PERIODO | ||
Festival de Marrabenta | Marracuene | Fevereiro | ||
Festival de Jazz | Matola | Abril | ||
Festival de Mafalala | Maputo | Maio | ||
Festival de Timbila | Zavala | Agosto | ||
Festival do Tofo | Inhambane | Outubro | ||
Festival de Morrungulo | Massinga | Novembro | ||
Festival de Zalala | Quelimane | Novembro | ||
Festival Umoja | Maputo | |||
Festival Azgo | ||||