Wednesday, October 23, 2024
spot_img

Toxicodependência

A dependência química representa um dos maiores desafios para a saúde pública global, afetando atualmente cerca de 30 milhões de pessoas. No último ano, o Hospital Central de Maputo atendeu aproximadamente 600 pacientes com problemas de dependência, sendo que 95% eram homens, predominantemente jovens.

Há uma série de equívocos comuns acerca da dependência química que persistem na sociedade, muitas vezes devido à desinformação. É crucial reconhecer que não é comum entre os jovens o consumo abusivo de drogas; nem todas as drogas são fatais; o envolvimento em atividades ilícitas não é uma consequência inevitável do uso de drogas; e os dependentes químicos vêm de diversos estratos sociais e culturais.

É um facto que a grande maioria nunca fez uso de substâncias ilegais e que, entre aqueles que as experimentaram, a maioria não vai além do uso esporádico. O consumo recreativo é o mais prevalente e somente um pequeno segmento da população desenvolve dependência. As questões mais complexas surgem em torno deste grupo minoritário e das instituições que lidam com ele, não apenas devido à atenção política e social gerada pelo “fenómeno da droga”, mas também pelos riscos à saúde pública e pela criminalidade associada que podem surgir.

Os desafios são evidentes e exigem acções concretas: como assegurar a proteção dos jovens e vulneráveis, quais as alternativas viáveis para os excluídos, como garantir o cumprimento das leis e penalizar aqueles que lucram com o narcotráfico? A chamada “guerra contra as drogas” é um exemplo de lutas em que os envolvidos, muitas vezes movidos por emoções, acreditam na vitória sem uma estratégia adequada. Como resultado, não só o problema das drogas persiste, mas também o nosso entendimento sobre ele permanece menos aprofundado do que gostaríamos.

Portanto, as recomendações estratégicas apresentadas são limitadas pelas questões mencionadas e devem ser continuamente revistas e actualizadas no futuro imediato.

Prevenção

  • O As ações preventivas devem ser direcionadas principalmente para o final da infância (9/10 anos) e o começo da adolescência (12/13 anos), devido à significativa importância desses períodos de transição. Contudo, isso não diminui a necessidade de uma estratégia de prevenção abrangente que acompanhe todo o desenvolvimento infantil e também se estenda aos adultos responsáveis.
  • A ampliação das estruturas de saúde tem uma implicação significativa, pois permite um acesso mais abrangente aos cuidados médicos. Esta expansão é crucial para garantir que as comunidades possam receber tratamentos adequados, promover a prevenção de doenças e melhorar o bem-estar geral da população. Com infraestruturas de saúde mais robustas, é possível também responder mais eficazmente a emergências médicas e a surtos de doenças, salvaguardando assim a saúde pública.
  • A intensificação da pesquisa epidemiológica relativa ao abuso de substâncias tóxicas, enfatizando particularmente a ingestão de álcool.
  • A reformulação da política de informação sobre drogas deve ser equilibrada, de modo a prevenir tanto a trivialização quanto a demonização do seu uso. É essencial que haja uma abordagem informativa que reconheça os riscos e as consequências do consumo de drogas, mas que também evite criar um estigma ou uma percepção exageradamente negativa que possa inibir o diálogo construtivo e a busca por soluções eficazes.
  • Um investimento substancial no trabalho comunitário e no desenvolvimento de jovens como mediadores é essencial. Esta abordagem não só fortalece a presença nas ruas, mas também capacita a juventude, fornecendo-lhes as habilidades necessárias para facilitar o diálogo e a resolução de conflitos dentro de suas comunidades. Tal iniciativa pode ter um impacto significativo na construção de uma sociedade mais coesa e resiliente.
  • Para uma eficaz prevenção comunitária, é essencial uma reestruturação que confira ao trabalho preventivo uma gestão autárquica, coordenada pelo Conselho Local de Acção Social. Esta abordagem assegura uma responsabilidade localizada e uma orientação especializada, essenciais para o sucesso das iniciativas de prevenção.

Tratamento

  • Incluir integralmente o sistema de saúde na abordagem da questão da toxicodependência, expandindo o envolvimento para além do Serviço de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência.
  • Prover o Sistema de Planeamento e Tratamento com os recursos humanos e materiais adequados para responder eficazmente.
  • Aumentar a acessibilidade às terapêuticas de substituição.
  • Aumentar a oferta de lugares em Unidades de Desabituação e em Comunidades Terapêuticas.
  • Possibilitar a todos os toxicodependentes presos tratamento por técnicos com formação adequada.

Centros de Reabilitação em Moçambique

Nome Localização Telefone Horário
Centro de Reabilitação REMAR 84 674 2019
Centro DREAM “Sant’Egidio” Av. Nelson Mandela 35 Quarteirão 43 Zimpeto
Complexo Luso Sociedade Unipessoal Lda Rua Do Bagamoyo, N220 R/C, Maputo 87 078 1633
Centro de reabilitação AGADIA Boane 85 261 1658 Aberto 24 horas
Centro de Reabilitação e Educação Especial Esperança Matola 840 347 675 07:30 – 16:30
CubaMoz Reabilitação e Serviços, E,I Av. Mao Tse Tung, 1304 R/C, Maputo 1104 86 181 4273 08:00 – 18:00
Maputo Central Hospital 1653 Avenida Eduardo Mondlane, Maputo 21 357 900 Aberto 24 horas
Centro Integrado de Cuidados e Tratamento – CICTRA 97 Rua 1301, Maputo
Centro Médico De Khovo Avenida Eduardo Mondlane, Maputo
Remar Moçambique Machava
Artigo anterior
Próximo artigo

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -spot_img

Últimas Postagens

- Advertisment -spot_img