A dependência química representa um dos maiores desafios para a saúde pública global, afetando atualmente cerca de 30 milhões de pessoas. No último ano, o Hospital Central de Maputo atendeu aproximadamente 600 pacientes com problemas de dependência, sendo que 95% eram homens, predominantemente jovens.
Há uma série de equívocos comuns acerca da dependência química que persistem na sociedade, muitas vezes devido à desinformação. É crucial reconhecer que não é comum entre os jovens o consumo abusivo de drogas; nem todas as drogas são fatais; o envolvimento em atividades ilícitas não é uma consequência inevitável do uso de drogas; e os dependentes químicos vêm de diversos estratos sociais e culturais.
É um facto que a grande maioria nunca fez uso de substâncias ilegais e que, entre aqueles que as experimentaram, a maioria não vai além do uso esporádico. O consumo recreativo é o mais prevalente e somente um pequeno segmento da população desenvolve dependência. As questões mais complexas surgem em torno deste grupo minoritário e das instituições que lidam com ele, não apenas devido à atenção política e social gerada pelo “fenómeno da droga”, mas também pelos riscos à saúde pública e pela criminalidade associada que podem surgir.
Os desafios são evidentes e exigem acções concretas: como assegurar a proteção dos jovens e vulneráveis, quais as alternativas viáveis para os excluídos, como garantir o cumprimento das leis e penalizar aqueles que lucram com o narcotráfico? A chamada “guerra contra as drogas” é um exemplo de lutas em que os envolvidos, muitas vezes movidos por emoções, acreditam na vitória sem uma estratégia adequada. Como resultado, não só o problema das drogas persiste, mas também o nosso entendimento sobre ele permanece menos aprofundado do que gostaríamos.
Portanto, as recomendações estratégicas apresentadas são limitadas pelas questões mencionadas e devem ser continuamente revistas e actualizadas no futuro imediato.
Prevenção
- O As ações preventivas devem ser direcionadas principalmente para o final da infância (9/10 anos) e o começo da adolescência (12/13 anos), devido à significativa importância desses períodos de transição. Contudo, isso não diminui a necessidade de uma estratégia de prevenção abrangente que acompanhe todo o desenvolvimento infantil e também se estenda aos adultos responsáveis.
- A ampliação das estruturas de saúde tem uma implicação significativa, pois permite um acesso mais abrangente aos cuidados médicos. Esta expansão é crucial para garantir que as comunidades possam receber tratamentos adequados, promover a prevenção de doenças e melhorar o bem-estar geral da população. Com infraestruturas de saúde mais robustas, é possível também responder mais eficazmente a emergências médicas e a surtos de doenças, salvaguardando assim a saúde pública.
- A intensificação da pesquisa epidemiológica relativa ao abuso de substâncias tóxicas, enfatizando particularmente a ingestão de álcool.
- A reformulação da política de informação sobre drogas deve ser equilibrada, de modo a prevenir tanto a trivialização quanto a demonização do seu uso. É essencial que haja uma abordagem informativa que reconheça os riscos e as consequências do consumo de drogas, mas que também evite criar um estigma ou uma percepção exageradamente negativa que possa inibir o diálogo construtivo e a busca por soluções eficazes.
- Um investimento substancial no trabalho comunitário e no desenvolvimento de jovens como mediadores é essencial. Esta abordagem não só fortalece a presença nas ruas, mas também capacita a juventude, fornecendo-lhes as habilidades necessárias para facilitar o diálogo e a resolução de conflitos dentro de suas comunidades. Tal iniciativa pode ter um impacto significativo na construção de uma sociedade mais coesa e resiliente.
- Para uma eficaz prevenção comunitária, é essencial uma reestruturação que confira ao trabalho preventivo uma gestão autárquica, coordenada pelo Conselho Local de Acção Social. Esta abordagem assegura uma responsabilidade localizada e uma orientação especializada, essenciais para o sucesso das iniciativas de prevenção.
Tratamento
- Incluir integralmente o sistema de saúde na abordagem da questão da toxicodependência, expandindo o envolvimento para além do Serviço de Prevenção e Tratamento da Toxicodependência.
- Prover o Sistema de Planeamento e Tratamento com os recursos humanos e materiais adequados para responder eficazmente.
- Aumentar a acessibilidade às terapêuticas de substituição.
- Aumentar a oferta de lugares em Unidades de Desabituação e em Comunidades Terapêuticas.
- Possibilitar a todos os toxicodependentes presos tratamento por técnicos com formação adequada.
Centros de Reabilitação em Moçambique
Nome | Localização | Telefone | Horário |
Centro de Reabilitação REMAR | 84 674 2019 | ||
Centro DREAM “Sant’Egidio” | Av. Nelson Mandela 35 Quarteirão 43 Zimpeto | ||
Complexo Luso Sociedade Unipessoal Lda | Rua Do Bagamoyo, N220 R/C, Maputo | 87 078 1633 | |
Centro de reabilitação AGADIA | Boane | 85 261 1658 | Aberto 24 horas |
Centro de Reabilitação e Educação Especial Esperança | Matola | 840 347 675 | 07:30 – 16:30 |
CubaMoz Reabilitação e Serviços, E,I | Av. Mao Tse Tung, 1304 R/C, Maputo 1104 | 86 181 4273 | 08:00 – 18:00 |
Maputo Central Hospital | 1653 Avenida Eduardo Mondlane, Maputo | 21 357 900 | Aberto 24 horas |
Centro Integrado de Cuidados e Tratamento – CICTRA | 97 Rua 1301, Maputo | ||
Centro Médico De Khovo | Avenida Eduardo Mondlane, Maputo | ||
Remar Moçambique | Machava |