Tuesday, December 3, 2024
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Natação em Moçambique

A natação é uma das disciplinas esportivas aquáticas mais importantes, aceita actualmente pelo Comité Olímpico Internacional como um desporto oficial.

O objectivo da natação pura é o de determinar qual é o nadador mais rápido em uma determinada distância. A natação pura tornou popular no século XIX, e inclui 36 provas individuais – 18 masculinas e 18 femininas, porém o COI (Comité Olímpico Internacional) reconhece apenas 34 provas – 17 masculinas e 17 femininas. A natação pura é uma modalidade dos Jogos Olímpicos de Verão, onde atletas de ambos os sexos competem em 16 das provas reconhecidas pelo COI. As provas Olímpicas realizam-se em piscina de 50 metros.

Em 1907 não havia piscinas em Lourenço Marques, os membros do Club tinham umas barracas na Praia da Polana, onde mudavam de roupa, e nadavam no mar. O texto refere a reunião anual dos sócios do Clube, que se realizou na noite do dia 3 de Outubro de 1907 no Cardozo’s Hotel, que existiu no mesmo lugar do posterior Hotel Cardoso.

A Selecção Nacional de Natação participou no campeonato mundial da modalidade a ter lugar em Fukuoka, no Japão. Moçambique foi representado pelos três atletas a saber: Matthew Lawrence, Justino Pale e Denise Donelli, respectivamente dos Clubes Barracudas, Golfinhos…

A Natação num contexto de 1º mundo é tradicionalmente conotada como um Desporto de classe média urbana e instruída. Uma mensalidade numa escola de Natação de Maputo gravita em torno do 1500 Meticais (20 Euros; uns clubes mais económicos… outros mais dispendiosos).
No Inverno, as temperaturas mínimas em Maputo chegam frequentemente aos 10 Graus tornando impraticável os treinos em piscina descoberta e não aquecida (a maioria
das disponíveis).
Com o Ciclone de péssima memória IDAI, as infra estruturas desportivas da Beira (a 2ª base de captação de atletas do País) foram transversalmente afetadas, reduzindo imenso a sua atividade. Durante o ultimo ano a Beira não teve campeonatos provinciais de Natação
e os tempos de inscrição no mais recente Nacional foram cronometrados antes do Ciclone. Os treinos na Beira mantiveram-se graças à resiliência de alguns. Nenhuma província além de Maputo realizou ao longo da Época 2019/2020 campeonatos provinciais. Inhambane treina no mar, Nampula (a província mais populosa) deverá ter 1 piscina a funcionar. Tanto a Cidade
da Beira como Maputo têm 2 piscinas de 50m descobertas e não aquecidas, debatendo-se cronicamente com problemas orçamentais de manutenção. No momento em que escrevo concluiu-se o Campeonato Nacional de Verão em que participaram 285 Atletas a partir
dos 8 anos de idade, provenientes de 9 clubes (7 deles de Maputo) e mais 2 províncias (Beira e Manica). A Federação Moçambicana de Natação tem 21 treinadores inscritos
e não está formada a nível nacional nenhuma Associação de Técnicos de Natação.

A atividade associativa/federativa é 100% voluntária e exclui qualquer estrutura Federativa profissionalizada. A principal base de captação da classe dirigente, como em todo o mundo, são os pais e antigos atletas. A maior Associação do País é a de Maputo Cidade, com 250
atletas que já competiram este ano… destes 35 são Juniores e apenas 10 são seniores!
Falar de Natação em Moçambique é falar de Natação Pura e Águas abertas. Não se realizam torneios de Polo Aquático nem de Natação Artística… idem para Natação Paraolímpica e Campeonatos das diversas Categorias Master. Tradicionalmente Moçambique participa nos Jogos Olímpicos com wild cards de Solidariedade Olímpica, sendo os mínimos A uma barreira quase intransponível. Igor Mogne, o melhor nadador Moçambicano da atualidade (para mim o melhor de todos os tempos) e também bolseiro do Comité Olímpico Internacional, treina no Sporting Clube de Portugal, tendo marcas próximas destes mínimos. O jovem talento Erico Cuna treina nos Estados Unidos depois de ter passado uma temporada no Reino Unido. Na atual dinâmica vários talentos emergem nas camadas de formação.

Para Deolinda Nunes, Engenheira Civil e antiga atleta, atual Presidente da Federação Moçambicana de Natação, “A natação moçambicana continua numa fase de crescimento. Temos bolseiros a nível do Comité Olímpico. Existem infraestruturas nas zonas centro e sul
que permitem a formação de mais nadadores. É preciso apostar-se seriamente na reabilitação e manutenção contínua das infraestruturas geridas pelas instituições
do Estado, em Maputo, Sofala, Inhambane, Tete e Manica que têm tudo para dar certo. Por exemplo, a piscina do Zimpeto (Estádio Nacional) poderia servir de centro para Moçambique e alguns países da região. Esta piscina coberta, seria o ideal para a prática todo o ano e melhoria continua das marcas dos nadadores com potencial. Os clubes e alguns encarregados de educação têm-se empenhado, e graças a estes, temos nadadores
para competirem a nível da região e que prometem, se investirmos neles.”

Os Tubarões de Maputo, atuais campeões nacionais e privilegiados no acesso a piscinas, treinam numa Piscina de 25 e noutra de 50, ambas descobertas e não aquecidas.
Esta equipa tem 71 federados, dos quais 25 são Juniores e Seniores (mais de metade dos nadadores mais velhos de Maputo são dos Tubarões!). O seu Head Coach Pedro
Jalane, Licenciado em Educação Física e já com 21 anos de Cais de Piscina, entende que “A natação Moçambicana tem muitos e bons talentos e seu desenvolvimento passa por definir objetivos, encarando-os de forma organizada e clara”. Caso não existissem restrições orçamentais Pedro apostaria na formação de treinadores, Piscinas e uma boa base de formação de atletas. Pedro sonha que daqui a 3 ciclos Olímpicos Moçambique poderá ter um trio de atletas nos Jogos.

Anita prevê para a sua Associação “O crescimento dos clubes e dos nadadores em todos os escalões etários e com melhor nível técnico… é importante formar mas também reter os nadadores já existentes. Admito que a nível nacional, Moçambique pode vir a ter Natação em
todas as capitais provinciais e que a nível internacional se consiga desenvolver atletas com mínimos Olímpicos.” Deolinda, admite que “um bom Plano Estratégico, cabimentação orçamental, investimento e exposição dos potenciais atletas, quer através bolsas de estudo,
participação em competições internacionais, sistemas de treino e incentivo, podem conduzir Moçambique à primeira linha Africana… e talvez quem sabe sonhar com resultados a nível mundial. Tudo é possível, mas é preciso muito trabalho. Devemos reter os nadadores por mais anos através de incentivos. A falta de condições, fazem com que os nossos melhores nadadores desistam antes de atingirem a plenitude das suas capacidades.”
Filipa Chaby Lobo, contemporânea Setubalense do 49:5 Tiago Venâncio desenvolveu um projeto em 3 pistas descobertas no Clube Naval, que a levaram nos últimos 2 anos ao Titulo Nacional. Este ano o Clube Naval trocou o lugar cimeiro com os Tubarões. O projeto Naval conta agora com 71 Nadadores dos quais 14 são Juniores e Seniores. Para Filipa “A natação em Moçambique está numa fase de ascensão. Existe muito trabalho pela frente e grande potencial nas camadas de formação. Moçambique tem poucos treinadores qualificados, mas já existe uma preocupação da parte dos clubes, das associações e da Federação em obter a qualificação dos mesmos”. Caso não existissem restrições Filipa apostaria na “criação de mais piscinas, de preferência aquecidas e cobertas, em cada província de forma a massificar a modalidade.
Dava prioridade às zonas costeiras, aonde ainda ocorrem um sem número de mortes por afogamento”. Para o futuro antevê “Se se conseguir estruturar um bom plano de alto rendimento, com apoio de empresas e parcerias, antevejo capacidade de melhorarmos abruptamente o nosso ranking Africano e mundial. Temos atletas de formação com um enorme potencial e se lhes for dado o devido apoio poderão alcançar excelentes resultados, com mínimos Olímpicos tanto em femininos como masculinos.

Lista de Clubes

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