Encontro Nyusi-Dhlakama: Marco histórico rumo à paz efectiva

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A DESLOCAÇÃO do Presidente da República, Filipe Nyusi, domingo, à serra da Gorongosa, província de Sofala, para o encontro com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, é um marco histórico que transmite aos moçambicanos a confiança de que a almejada paz efectiva será uma realidade.

Personalidades contactadas ontem pelo “Notícias”em Maputo, a propósito do feito,foram unânimes em considerar que a deslocação do Chefe do Estado à Gorongosa é um convite aos moçambicanos, em particular ao líder da Renamo, para assumirem que o esforço de todos é necessário e que a paz é a condição primordial para o desenvolvimento do país.

Os nossos entrevistados afirmaram que é também um aviso àqueles que, eventualmente, não estão a favor da paz, e que a agenda nacional do aumento da produção só pode ser possível num ambiente de harmonia e de livre circulação de pessoas e bens.

Elogiaram a informalidade que tem caracterizado a actuação do Presidente da República nos seus esforços de busca da paz efectiva para o país, comcontactos telefónicos directos com Afonso Dhlakama, considerando-a nova fórmula que permite agregar, com facilidade, a confiança do povo ao modelo de governação que prometeu imprimir aquando da tomada de posse para as funções de Chefe do Estado, em Janeiro de 2015.

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Passo importante

O PRESIDENTE do Partido para a Democracia e Desenvolvimento (PDD), Raul Domingos, afirmou que o encontro entre o Presidente da República e o líder da Renamo representa um passo importante rumo à paz efectiva no país.

Raul Domingos considerou o secretismo que rodeou a deslocação de Nyusi à serra da Gorongosa como um método “muito bom” porquanto, segundo disse, evitou a publicitação do encontro, o que poderia prejudicar a sua realização, incluindo os propósitos pretendidos.

Na opinião de Raul Domingos, o Chefe do Estado prioriza acções concretas, cujos resultados estão a surtir os efeitos desejados. Defendeu que perante uma situação de eventuais forças que não estão favoráveis à paz é possível contornar os obstáculos para se chegar ao entendimento com a Renamo.

“A guerra dá vantagens a determinadas pessoas, com o armamento e a própria logística, para alimentar o conflito, pelo que importava que houvesse este secretismo. Para nós, foi uma surpresa agradável, mas para outros foi desagradável porque não querem a paz. Irão dizer que não é bom modelo, mas nós, amantes da paz, encorajamos o Presidente da República e o líder da Renamo a continuarem a trabalhar no mesmo objectivo de pacificação do país”, disse o presidente do PDD, sublinhando que o facto de o encontro se ter realizado logo depois da sessão do Comité Central da Frelimo significa que Filipe Nyusi teve carta-branca para avançar nesta direcção.

Tambémenalteceu a cooperação que o líder da Renamo tem estado a demonstrar no processo.

“Quando o Presidente da República diz que vai usar todas as formas para alcançar a paz efectiva, devemos entender isso como uma referência às formas pacíficas apenas, e ele aceita sacrifícios”, disse o líder do “Pangolim”

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Não há razões para mais medo

KHALID Sidat, pesidente do partido Aliança Independente de Moçambique (ALIMO), considerou o encontro como sendo de grande significado histórico e uma lufada de ar fresco que assinala a irreversibilidade da paz no país.

Segundo afirmou, o povo moçambicano já não deve maister medo ou viver na insegurança, pois todos os esforços que estão a ser empreendidos, tanto pelo Presidente  Nyusi como por Dhlakama, visam ao estabelecimento duma base de confiança mútua rumo à paz definitiva.

“A deslocação do Chefe do Estado às matas daGorongosa foi uma demonstração ao próprio líder da Renamo de que não deve temer nada. Dhlakama dizia que não podia sair das matas porque receava pela sua vida. Agora ficou provado que não há intenção nenhuma decolocar a sua vida em perigo. Ficou claro com esta deslocação do Chefe do Estado que o líder da Renamo é importante para a pacificação do país e que todos juntos, como moçambicanos, podemos avançar, construindo o nosso país com a contribuição de nós todos”, disse Sidat.

“Para todos os moçambicanos, esta é uma mensagem de que a paz está mais próxima do que imaginávamos É uma demonstração de que Nyusi está realmente interessado na paz em Moçambique e que os interesses do povo estão acima de quaisquer outros. Ele está a cumprir a seu juramento, feito no dia da tomada de posse como Chefe do Estado. Na verdade, o Presidente Nyusi somou muitos pontos na sua carreira política,e creio que vai continuar nesta mesma caminhada”, afirmou, sublinhando que todas as forças vivas da sociedade devem acarinhar os passos que estão a ser dados tendo em vista a paz perene.

Khalid Sidat defendeu que é preciso deixar o Presidente da República fazer o seu trabalho, acrescentando que os partidos políticos devem colaborar neste processo, apontando soluções concretas para os problemas do país.

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Surpresa agradável

PARA Yá-Qub Sibindy, presidente do Partido Independente de Moçambique (PIMO), a decisão do Presidente Nyusi constituiu uma surpresa agradável, tendo em conta que no seu manifesto sufragado em 2014 ele vinca bem claro o seu compromisso com a paz.

Disse que o Presidente da República convenceu o líder da Renamo a sair das matas e perceber que a guerra não faz bem a ninguém. Sibindy entende que a ausência da imprensa no encontro de domingo último visava dar garantia e segurança ao próprio processo, sendo que os resultados que estão a ser alcançados são satisfatórios, mercê do modelo informal adoptado pelo Chefe do Estado.

“Estamos satisfeitos porque o Presidente Nyusi estava a ser arrastado para uma agenda secreta que o colocaria numa situação embaraçosa. Nós apoiamo-lo e o líder da Renamo merece também os nossos elogios. O discurso do Presidente da República nunca foi de guerra, mas sim de diálogo”, disse Sibindy, acrescentando que os partidos políticos devem ser imparciais na análise do processo conducente à paz definitiva, pois ninguém saiu fragilizado desse mesmo processo.

Segundo o presidente do PIMO, Filipe Nyusi veio inaugurar uma nova forma de governação na história do país, estando, naturalmente, a realizar o trabalho que lhe cabe como deve ser.

“Esperamos, depois destes passos, continuar a ver a situação evoluir, porque isto significa que respeita a diferença de pensamento,e Dhlakama está a ganhar confiança. O Presidente Nyusi está a corresponder à nova dinâmica porque é jovem. É forte e tem apoio da oposição. Queremos uma governação inclusiva porque quando apresentamos as nossas ideias sobre agricultura e infra-estruturas, por exemplo, estamos a contribuir na governação”, disse.

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Paz efectiva está próxima

FILIMÃO Matiquite, funcionário bancário, afirmou que,volvidos sete meses de gestão de tréguas, os passos que têm sido dados demonstram que a paz efectiva está para breve. Disse que o encontro de domingo transmite aos moçambicanos a confiança de viver num clima de tranquilidade, de livre circulação de pessoas e bens pelo território nacional e de que é possível produzir e aumentar a produtividade, em resposta ao chamamento feito pelo Chefe do Estado.

Para Matiquite, não basta saudar a atitude do Presidente Nyusi pela deslocação à serra da Gorongosa, mas cada moçambicano deve-se preocupar em alcançar a paz para consigo próprio, com colegas e vizinhos, incluindo aqueles que são seus adversários.

Considerou o modelo adoptado por Nyusi como uma forma rápida e fácil de inspirar a confiança, sobretudo ao líder da Renamo,que, segundo afirmou, está a mostrar sinais de colaboração.

“É um modelo diferente, que nunca tinha sido adoptado pelos seus antecessores. Era preciso que os dois líderes se encontrassem, depois de muitos apelos, orações e pedidos feitos por religiosos, políticos e outras organizações sociais nesse sentido. É preciso que haja paz, para um melhor exercício da democracia e de outras actividades de desenvolvimento do país. Os moçambicanos devem viver e cultivar esta paz e se reconciliarem uns com os outros”, disse Filimão Matiquite, acrescentando que os passos dados pelo Presidente da República e pelo líder da Renamo para a restauração da paz efectiva ensinam a todos que é possível viver em harmonia.

Lembrou que,na tomada de posse, o Presidente Nyusi comprometeu-se a tudo fazer para alcançar a paz. Indicou que o facto de ter ido ao encontro do líder da Renamo demonstra que o seu engajamentonesta causa é maior, apelando a Afonso Dhlakama para sair das matas e fazer política aberta e livremente.

“Ao escolher a paz como bandeira da sua governação, o Presidente Nyusi foi muito feliz e isso demonstra que coloca os interesses da nação acima de tudo. Também tem estado a fazer um chamamento aos jovens, porque ele é jovem, no sentido de terem atitude, fazerem as coisas acontecer e levarem o país a bom porto”, afirmou Matiquite, defendendo que a diferença de ideias deve levar à promoção da democracia e desenvolvimento económico.

Matiquite disse que o Presidente Nyusi é das massas e a sua orientação de trabalho é por objectivos.

Fonte:http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/politica/70213-encontro-nyusi-dhlakama-marco-historico-rumo-a-paz-efectiva.html

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