“Confiança não significa pensar da mesma forma”

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Presidente da República convida moçambicanos a  fazerem uma reflexão conjunta sobre efeitos do conflito político-militar 

Na visita à província de Sofala, que terminou no último sábado, o Presidente da República endereçou uma mensagem de conforto a todas as pessoas que perderam familiares e/ou bens durante os confrontos militares entre as Forças de Defesa e Segurança e homens armados da Renamo. “Temos que fazer uma reflexão conjunta sobre os efeitos deste conflito que, na minha opinião, não tinha nenhum motivo para acontecer. Mas aconteceu e acabou matando, ferindo e criando grande instabilidade no país”, lamentou Filipe Nyusi. Nos comícios populares que orientou em Satungira, Galinha e Muxúnguè, o Chefe de Estado defendeu a necessidade de uma reflexão conjunta para que, definitivamente, Moçambique tenha uma paz efectiva. “Éramos inimigos de nós mesmos. Isso não faz nenhum sentido”, disse o Presidente da República, após receber felicitações da população pelo recente encontro que manteve com o líder da Renamo. Aliás, Nyusi disse que o encontro só foi possível porque existe alguma base de confiança. Mas esclareceu que a confiança não é e não pode ser sinónimo de pensamento igual. “Não é possível”, anotou, defendendo que Moçambique precisa de pensamentos diferentes e construtivos para crescer. “Se as minhas ideias eram válidas há cerca de 10 anos, num certo fórum, hoje, elas podem estar desenquadradas, e as válidas podem ser do meu próximo. Cada momento é uma realidade e temos que admitir isso para crescermos e não pegar em armas para matar a mente dos que pensam diferente de nós. Não tenham o receio de pensar diferente e acreditar que é possível vivermos em paz. Afonso Dhlakama acredita que é possível os moçambicanos viverem em paz. Eu também acredito e você deve acreditar. O importante é criarmos bases para tal”, acrescentou Nyusi, recebendo uma forte ovação popular. Pai do líder da Renamo no comício do Chefe de Estado O momento mais marcante da visita registou-se no posto administrativo de Muxúnguè. Na tribuna de honra improvisada para o comício popular, o régulo Mangunde destacava-se entre os convidados. Não se trata de mais um régulo, mas sim do pai de Afonso Dhlakama. O senhor Macacho Marceta Dhlakama participou, pela primeira vez, num comício orientado por um Presidente da República. Cinco dias antes, Filipe Nyusi tinha se encontrado com Afonso Dhlakama, nas matas de Gorongosa. Na sexta-feira, sentou lado a lado com o pai do líder da Renamo, trocaram abraços e soltaram pombos brancos. Um gesto simples, mas carregado de muito simbolismo. O público reagiu com aplausos ao momento histórico. Mas, para que os gestos simbólicos se traduzam em paz efectiva, o Presidente da República exortou os moçambicanos a serem vigilantes, alertando que há pessoas interessadas em bloquear o processo de negociação. “Os moçambicanos querem uma paz efectiva, não querem um país dividido e querem a reconciliação. Há grupos específicos que estão a trabalhar nesse sentido. Se aparecerem vozes que não fazem parte desses grupos específicos fazendo exigências em torno da paz, que fique claro que querem bloquear o processo”, alertou.

Fonte: O Pais -Politica

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