O dólar manteve-se em baixa nesta quarta-feira, 14/08, depois de cair contra os principais pares durante a noite, com uma leitura benigna para os preços do produtor dos EUA reforçando as apostas sobre os cortes da taxa de juros da Reserva Federal este ano.
O dólar neozelandês caiu acentuadamente de uma alta de quatro semanas, depois que o Banco da Reserva da Nova Zelândia reduziu a taxa básica de juros e sinalizou mais cortes, surpreendendo alguns participantes do mercado.
O iene fortaleceu-se em relação ao dólar, impulsionado pelos rendimentos mais baixos dos títulos dos EUA, com os números cruciais do índice de preços ao consumidor dos EUA a serem divulgados nesta quarta-feira, 14/08.
A decisão do primeiro-ministro japonês Fumio Kishida de não concorrer à reeleição na corrida pela liderança do seu partido no próximo mês teve pouco efeito nos mercados, disseram os analistas.
Entretanto, as moedas sensíveis ao risco, como a libra esterlina e o dólar australiano, mantiveram-se firmes, após o inesperado abrandamento da inflação nos EUA ter impulsionado as acções. O dólar australiano atingiu brevemente um máximo de mais de três semanas, enquanto a libra esterlina foi negociada perto de um máximo de mais de duas semanas, após o seu melhor desempenho num dia face ao dólar desde o final de Abril.
O índice do dólar – que mede a moeda contra seis principais rivais, incluindo a libra esterlina, o euro e o iene – ficou estável em 102,61 a partir das 03h15 GMT, depois de cair 0,49% durante a noite.
Os comerciantes já estavam certos de que o Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) iria baixar as taxas na sua reunião de Setembro, antes dos dados sobre os preços no produtor, mas aumentaram as apostas para um corte de 50 pontos base, para 53,5%, de 50% um dia antes, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.
Os analistas do Commonwealth Bank of Australia esperam que o dólar esteja num padrão de espera antes da divulgação dos dados do IPC dos EUA, mas depois vêem os riscos inclinados para uma maior fraqueza.
“Esperamos que o mercado duplique os grandes cortes nas taxas de juros pelo FOMC este ano se o núcleo do IPC aumentar 0.1% / mês ou menos, (enquanto) esperamos que o mercado minimize amplamente o núcleo do IPC se aumentar 0.2% / mês ou 0.3% / mês “, Carol Kong, estrategista de moeda do CBA, escreveu em uma nota ao cliente.
KIWI CAI APÓS CORTE DE TAXAS
O kiwi caiu tanto quanto 1.08% depois que o RBNZ cortou a taxa de caixa em um quarto de ponto, quando apenas cerca de metade dos economistas e um pouco mais de dois terços dos comerciantes apostaram em tal movimento. Isso reverteu os ganhos anteriores que o levaram ao ponto mais alto desde 18 de Julho, em US$ 0,6084. Foi negociado pela última vez 1,02% mais fraco em US $ 0,6015.
Foi a primeira flexibilização do banco central desde o início de 2020 e veio um ano antes de suas próprias projecções.
“O RBNZ completou um retrocesso dovish de 180 graus, cortando as taxas de juros para trazer o alívio tão necessário para famílias e empresas apenas três meses depois de levantar a possibilidade de aumentos adicionais nas taxas”, disse Tony Sycamore, analista de mercado da IG.
O Aussie desceu 0,23% para $0,66185 em simpatia com o kiwi, depois de ter subido anteriormente para $0,66395 pela primeira vez desde 23 de Julho.
A libra esterlina ficou estável em US $ 1,2862, após uma recuperação de 0,76% na terça-feira, quando recebeu um impulso adicional de dados mostrando uma queda surpresa na taxa de desemprego do Reino Unido.
O euro ficou estável em $1,0991, depois de subir para $1,099975 na terça-feira, pela primeira vez desde 5 de agosto.
O dólar caiu 0.31% para 146.40 ienes, com os rendimentos do Tesouro dos EUA a 10 anos a caírem para 3.85% nas horas asiáticas, depois de caírem 5.5 pontos base durante a noite.
No Japão, Kishida anunciou que abandonaria o cargo em Setembro, pondo fim a um mandato de três anos marcado por escândalos políticos e abrindo caminho a um novo primeiro-ministro para liderar a actual recuperação económica do Japão.
“Provavelmente, o impacto na economia e nos mercados financeiros deverá ser relativamente limitado, uma vez que as políticas de Kishida, se as tentar caracterizar, são muito abrangentes e não se centram em temas específicos”, afirmou Masayuki Kichikawa, principal estratega macro da Sumitomo Mitsui Asset Management.
Fonte: O Económico
