Federal Reserve reduz taxa de juros em meio ponto percentual, iniciando o primeiro ciclo de flexibilização em quatro anos

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O Federal Reserve (Fed) decidiu, na quarta-feira, 18/09, reduzir a sua taxa de juros em meio ponto percentual (50 pontos-base), marcando o início do seu primeiro ciclo de flexibilização monetária desde os primeiros dias da pandemia de Covid-19. Com esta medida, a taxa de referência foi ajustada para um intervalo de 4,75% a 5%, reflectindo uma mudança na estratégia do banco central para lidar com o abrandamento do mercado laboral e uma inflação mais controlada.

Esta decisão foi uma resposta directa aos sinais de enfraquecimento tanto da inflação como do mercado de trabalho nos Estados Unidos. Com a inflação a aproximar-se da meta de 2%, e a taxa de desemprego a registar um ligeiro aumento, a maioria dos membros do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) optou por uma medida mais agressiva de corte de 50 pontos-base, embora tenha havido uma dissidência da governadora Michelle Bowman, que preferia uma redução mais moderada de 25 pontos-base, conforme relatam fontes consultadas pelo O.Económico.

Impacto económico e perspectivas

Este corte não foi uma surpresa total para os mercados, que já previam algum grau de flexibilização por parte do Fed. No entanto, a magnitude da medida inicialmente gerou volatilidade nos mercados financeiros, com o Dow Jones a registar uma alta de 375 pontos logo após o anúncio, antes de recuar à medida que os investidores digeriam as implicações mais amplas da decisão. Paralelamente, as taxas de rendimentos dos títulos do Tesouro aumentaram.

Jerome Powell, Presidente do Fed, justificou a decisão ao sublinhar o compromisso do banco central em alcançar a estabilidade dos preços sem provocar um aumento doloroso do desemprego. Apesar de muitos indicadores económicos ainda mostrarem solidez, como o crescimento sustentado do PIB e a força do consumo, o mercado de trabalho começou a mostrar sinais de desaceleração. A criação de empregos diminuiu para 3,5%, o nível mais baixo desde o início da pandemia, e o Fed ajustou a sua previsão da taxa de desemprego para 4,4% até ao final do ano.

A decisão também reflecte o compromisso do Fed em manter a inflação sob controlo. A perspectiva de inflação foi revista para 2,3% até ao final de 2024, uma redução em relação aos 2,6% previstos anteriormente. Estes cortes nas taxas deverão continuar, com o Fed a indicar uma redução adicional de 50 pontos-base até ao final de 2024, e mais cortes até 2026, dependendo das condições económicas.

Desafios e implicações 

Embora o Fed tenha afirmado que este corte não marca o início de uma série de cortes agressivos, os mercados continuarão a acompanhar de perto as próximas reuniões do FOMC. O consenso actual entre os economistas é de que a flexibilização monetária será gradual, com o Fed a avaliar os desenvolvimentos no mercado de trabalho e na inflação antes de tomar mais decisões.

Esta medida surge num momento delicado, com as eleições presidenciais americanas a aproximarem-se, e as políticas económicas a serem debatidas em todo o País. As implicações da decisão do Fed serão sentidas não só nos mercados financeiros, mas também nas taxas de empréstimos ao consumidor, como hipotecas, créditos automóveis e cartões de crédito, que deverão beneficiar de taxas de juro mais baixas nos próximos meses.

Com esta primeira redução, o Fed tenta equilibrar a necessidade de evitar uma recessão económica enquanto mantém a inflação sob controlo, num cenário em que as perspectivas globais continuam a ser incertas.

Fonte: O Económico

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