A saída de Luís Mendes mostrou que Rui Costa tem uma tarefa ainda maior, porque veio a público que não era apenas entre bancada e treinador que havia coisas a sarar.
RUI COSTA não ficou sozinho, mas ficou ainda mais agarrado a Roger Schmidt. Os recentes eventos na SAD do Benfica levaram à saída de um homem muito próximo do presidente dos encarnados, o que poderia não ter nada de anormal, não fossem as razões pelas quais se soube que saía. Os dedos apontados não atingiram apenas os visados, atingiram a liderança de Rui Costa que tem, agora, um desafio ainda maior do aquele a que se propunha para 2024/25.
O ambiente tenso entre adeptos e treinador no final da época era uma ferida que o presidente acreditava que podia sarar com o tempo e, assim, unir o universo Benfica com a equipa de futebol no epicentro das coisas.
A saída de Luís Mendes mostrou que Rui Costa tem uma tarefa ainda maior, porque veio a público que não era apenas entre bancada e treinador que havia coisas a sarar.
O líder encarnado foi apoiado por vários diretores, mas mais do que eventuais palmadinhas nas costas, o presidente precisaria das palmas de uma maioria de sócios nas duas AG de amanhã. Não se adivinha um ambiente fácil, mas esta é a primeira etapa que Rui Costa tem de ultrapassar. Depois, olhando para o futuro, não se prevê outra estratégia que não seja a de chegar até às próximas eleições e recandidatar-se com uma lista manifestamente diferente da que foi eleita — essa é uma das consequências a longo prazo da saída de Luís Mendes, que revelou uma estrutura que se encontra dividida por dentro, entre os que vieram da gestão de Luís Filipe Vieira e outros que (ainda) acreditam (?) em novos métodos e processos. Dois mundos contrários que pela visão de Luís Mendes não podem coabitar debaixo de uma mesma liderança e que, previa-se antes e percebe-se agora, é uma ideia difícil de funcionar.
O desafio de Rui Costa agiganta-se também porque perspetiva-se que surja uma oposição mais organizada e visível e não meramente em alguns grupos ou movimentos mais soltos, com o intuito de preparar terreno para as eleições de 2025. Uma oposição que lhe irá recordar que se propôs, no seu compromisso eleitoral, a que o Benfica entre 2021 e 2025 fosse um clube não só «focado na afirmação e liderança desportiva, com atitude, valorização da formação e sustentabilidade», como também um clube «do rigor, da clareza e de uma vivência democrática sem polémicas, unido na diversidade». A saída de Mendes mostrou que este último ponto está longe de ser cumprido e a gestão do maestro tem menos tempo para o atingir.
Assim, no momento em que estamos, parece claro que Rui Costa vai precisar de algo que nenhum presidente de clube devia estar dependente de: se a bola entra ou não.
Onde houver resultados poder-se-á sempre apelar ao que de mais vulnerável têm os adeptos: um coração movido a um sentimento de vitória
Fonte: A Bola