Os preços do petróleo continuam a subir, impulsionados pela confiança dos mercados na demanda sólida por combustível nos Estados Unidos, que se mantém acima das previsões. A ligeira queda nos estoques de petróleo e gasolina reportada pela Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) fortaleceu o movimento de recuperação dos preços, após um início de semana marcado por incertezas. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) também avaliam adiar um aumento de produção planejado, o que trouxe alívio aos mercados.
Nesta quinta-feira, 31/10, os contratos futuros do petróleo Brent subiram 11 centavos, fechando a 72,66 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI), referência norte-americana, subiu 13 centavos, atingindo 68,74 dólares por barril. Ambos os índices registaram um aumento superior a 2% no dia anterior, após terem caído mais de 6% no início da semana devido a uma aparente redução do risco de um conflito mais amplo no Médio Oriente.
Estoques de gasolina nos EUA surpreendem e austentam a alta
A recente queda nos estoques de gasolina nos Estados Unidos surpreendeu os analistas de mercado, que esperavam um aumento devido à sazonalidade e às dinâmicas de consumo. De acordo com a EIA, os estoques de gasolina caíram para o nível mais baixo dos últimos dois anos, impulsionados pelo fortalecimento da demanda interna. Além disso, os estoques de petróleo bruto também registaram uma redução inesperada devido à diminuição nas importações, contrariando as expectativas de nove analistas consultados pela Reuters, que previam um aumento nas reservas.
“O declínio inesperado nos estoques de gasolina nos EUA proporcionou uma oportunidade de compra, já que a demanda demonstrou-se mais forte do que o esperado”, observou Toshitaka Tazawa, analista da Fujitomi Securities. Segundo o especialista, este cenário positivo para a demanda interna contribuiu para o aumento das cotações e poderá sustentar o WTI no patamar dos 70 dólares por barril, caso a tendência se mantenha.
OPEP+ considera atrasar aumento na produção
Outro factor que influencia a subida dos preços é a possível decisão da OPEP+ de adiar o aumento da produção de petróleo previsto para Dezembro. O grupo, que inclui membros da OPEP e aliados como a Rússia, está programado para adicionar 180 mil barris por dia à produção no próximo mês. No entanto, diante das preocupações com a fraca demanda global e o aumento dos níveis de oferta, a organização pondera um adiamento.
A Reuters reportou que a decisão poderá ser tomada já na próxima semana, com uma reunião da OPEP+ agendada para o dia 1 de dezembro. Analistas veem esta possível medida como um fator estabilizador para o mercado, que enfrenta uma desaceleração na atividade económica global, sobretudo na China.
Impacto do contexto geopolítico e perspectivas para o futuro
Além das questões de oferta e demanda, o cenário geopolítico no Médio Oriente tem trazido volatilidade aos preços do petróleo. No Líbano, o Primeiro-Ministro expressou esperança de que um cessar-fogo com Israel seja alcançado nos próximos dias, enquanto surgiram rumores de uma possível trégua de 60 dias. No entanto, analistas acreditam que a maior parte do risco geopolítico já foi absorvida pelo mercado.
“A maior parte do risco geopolítico do Médio Oriente foi eliminada do preço do petróleo após a resposta de Israel ao Irão no último fim de semana”, afirmou Tony Sycamore, analista do IG. Embora a região continue a ser uma fonte de incertezas, o impacto imediato sobre os preços do petróleo parece agora mais moderado.
China e o factor económico global
Outro elemento crucial na equação do petróleo é o desempenho da economia chinesa. O maior importador mundial de petróleo mostrou sinais de recuperação em Outubro, com a actividade industrial a expandir pela primeira vez em seis meses. Medidas de estímulo por parte do governo chinês começam a surtir efeito, e há a expectativa de que novas iniciativas, incluindo um possível pacote de 10 trilhões de yuans (1,4 trilhão de dólares) em emissão de dívida, venham a ser anunciadas no próximo encontro parlamentar, a decorrer de 4 a 8 de novembro.
Com as atenções voltadas também para as eleições presidenciais nos EUA, que ocorrem a 5 de Novembro, os mercados aguardam os desdobramentos políticos e económicos, que poderão influenciar a política energética global e as expectativas para a recuperação da demanda.
A trajetória de subida dos preços do petróleo reflete um equilíbrio delicado entre a oferta e a demanda, com influências tanto de fatores económicos quanto geopolíticos. A solidez da demanda nos EUA e a possibilidade de adiamento do aumento da produção pela OPEP+ criaram um cenário de otimismo moderado para os próximos meses. Contudo, a recuperação continua dependente de eventos chave, como as decisões da China sobre estímulos económicos e a evolução da situação no Médio Oriente.
Para o mercado energético global, os próximos dias e semanas serão críticos para determinar a direção dos preços e as condições para um possível ciclo de estabilidade.
Fonte: O Económico