A mais recente emissão de Obrigações do Tesouro do governo moçambicano captou 2,5 mil milhões de meticais (cerca de US$40 milhões) no mercado interno, um montante inferior à oferta máxima autorizada de MT 3,9 mil milhões (aproximadamente US$62 milhões). A operação, realizada a 23 de Outubro na Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), faz parte da 12.ª série de emissões deste ano, consolidando a estratégia de financiamento público interno a longo prazo.
A emissão foi marcada por uma procura relativamente moderada, com uma taxa de procura de 68,03%, inferior ao valor alvo. Este resultado sugere uma atractividade limitada entre investidores para esta série específica, apesar de uma taxa de juro nominal fixa de 14,5% para os primeiros quatro pagamentos semestrais. A partir do quinto semestre, a taxa de juro passará a ser variável, ajustando-se às condições do mercado financeiro, uma abordagem que visa equilibrar o custo da dívida pública em momentos de possíveis flutuações de juros.
A opção por ampliar a dívida interna reflecte a necessidade do Governo de captar recursos para sustentar despesas e projectos prioritários, especialmente num contexto de acesso restrito a financiamentos externos. Embora a emissão de dívida interna permita reduzir a exposição à volatilidade cambial, economistas alertam para os riscos de aumento nos custos de crédito no mercado doméstico e possíveis pressões inflacionárias. A elevada taxa de juro aplicada a esta emissão destaca ainda o desafio de manter a dívida pública sustentável, considerando o impacto nos custos do serviço da dívida e na economia.
Este movimento do governo moçambicano sublinha uma tentativa de balancear as necessidades de financiamento com a manutenção da confiança dos investidores, essencial para a estabilidade macroeconómica do País.
Fonte: O Económico