Em seu quarto jogo na Alemanha 2024, dois dos três gols que garantiram a vitória à França foram contra, o outro, de pênalti. Sem poder de ataque, a Seleção Francesa não consegue concretizar nada no gol adversário, dependendo apenas, de alguma ação esporádica de Mbappé e pouco mais.
A França não está funcionando, como um todo. Precisa mais de Griezmann e ele sabe disso, bem como Deschamps. O jogador foi convocado novamente para o onze inicial, não tão recuado como contra a Áustria, nem tão avançado como contra os Países Baixos, nem reserva como contra a Polônia. Alocado à esquerda, sua libertação ao meio e a capacidade de conectar entre as linhas é a dimensão mais conclusiva do atacante, embora hoje seja mais limitada. Contudo, venceu e isso é inestimável nesse percurso, mas completamente dependente de Mbappé.
Máscara preta, braçadeira fluorescente, a presença do atacante precisa ser mais constante, mais determinante, mais influente do que apenas uma ação do nada. Suas aparições são contadas. No primeiro tempo, apenas um chute alto, um movimento dentro da área e uma jogada mais pela força do que pelo talento, embora o posterior chute de Tchouameni, muito acima do gol, tenha transformado o lance em uma boa ocasião para contar nas estatísticas – ainda reduzidas naquele momento.
Marcus Thuram também não é um goleador (2 gols em 23 jogos pela França), com cabeceios no primeiro e no segundo tempo, recuperado no onze inicial como Griezmann, mas muito longe do objetivo. Mais chutes (54) para atravessar o minuto 50, sem nada além de um 0 a 0, porque a Bélgica também não estava em seu melhor momento. Nada fácil para ninguém.
A Seleção Belga, em seu processo atual de renovação, conta com a mistura de figuras de uma geração preparada para ganhar tudo (não o fez, com a semifinal perdida precisamente para a França ainda na memória na Copa do Mundo de 2018) e jovens emergentes. A equipe não se reencontrou consigo mesma, nem se elevou a algo novo. Ainda falta…
A França teve dificuldades no início. A posição de Yannick Carrasco a perturbou, dentre os deslizes táticos de Theo Hernández. Um chute de falta direto de De Bruyne, direcionado à área, capaz de criar dúvida no goleiro de forma sutil, assustou. Maignan defendeu como pôde. Carrasco, em busca do gol algumas vezes, ficou sem nada no momento decisivo.
Isso já acontecia no Atlético de Madrid. E aconteceu muitas vezes nesta segunda-feira, a mais evidente ocorreu quando a Bélgica atravessou seu campo pela primeira vez em todo o segundo tempo, com uma arrancada de Kevin de Bruyne que representa a vida para a Bélgica. Seu passe propôs ao atacante, uma corrida perdida e um chute não conectado.
Desde muito antes, a França empurrou a Bélgica para seu próprio campo, cercando-a a poucos metros de sua área e deixando a equipe sem saída. Foi um exercício de resistência que só foi questionado por Tchouameni, Mbappé e, mais tarde, por Griezmann, que tentou um voleio para fora. Quando o relógio já havia passado do tempo regulamentar, a única coisa que parecia fazer sentido era a inspiração de Mbappé… Ou de Kevin de Bruyne, ou ainda de Romelu Lukaku, que respondeu com um chute de direita dentro da área.
Esse chute lembrou à França o quanto ela deve nesta Eurocopa, ao seu goleiro, Mike Maignan, sempre pontual e certeiro em cada ameaça do oponente. Ele ainda teve que defender outro chute de De Bruyne quando o duelo já se encaminhava para a prorrogação. Novamente no limiar escorregadio em que a equipe de Deschamps se moveu durante toda esta Eurocopa, a França contou com um rebote, aos 85 minutos.
O lance de Kolo Muani sugeriu algo. Seu chute, meio desajeitado, batendo no chão e sem rumo certo para o gol, de repente se transformou, para superar Casteels. Mais um gol por acaso salva a França. Este é o segundo na Eurocopa.
Fonte: Besoccer