Ataque ‘limitado’ de Israel ao Irão reduz receios de interrupção e faz despencar preços do petróleo

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Os preços do petróleo caíram drasticamente nesta segunda-feira, 28/10, após o ataque militar “limitado” de Israel a instalações militares iranianas, sem impactar directamente o fornecimento global da matéria-prima. O ataque, realizado no último sábado, foi uma resposta ao lançamento de mísseis balísticos do Irão contra Israel no início de Outubro, mas evitou alvos civis e infraestruturas estratégicas, como campos de petróleo e instalações nucleares. 

Os contratos futuros do petróleo Brent, referência global, registaram uma queda de 4,34%, sendo cotados a US$ 72,75 por barril, enquanto o petróleo americano West Texas Intermediate (WTI) caiu 4,54%, para US$ 68,52 por barril. Analistas do banco Citi e especialistas do sector descartaram a possibilidade de uma escalada imediata que possa ameaçar o fornecimento global de petróleo, levando o mercado a ajustar as suas expectativas para os preços nos próximos meses.

 Impacto “limitado” do ataque e reacção do mercado

Nas últimas semanas, o mercado global de petróleo estava em alerta para uma possível resposta militar de Israel, devido ao aumento das tensões na região após um ataque do grupo Hamas, apoiado pelo Irão, em território israelita. Contudo, a acção militar limitada do fim-de-semana e o esforço de Israel para evitar alvos de petróleo reduziram as preocupações de uma escalada significativa.

O efeito na oferta e as previsões para o petróleo

A possibilidade de que o recente ataque evoluísse para uma interrupção no fornecimento de petróleo foi reduzida significativamente. De acordo com a Administração de Informação de Energia dos EUA, o Irão é responsável por cerca de 4% da oferta global de petróleo, o que significa que qualquer interrupção significativa na sua produção poderia ter um impacto notável nos preços globais da matéria-prima. No entanto, com a acção militar contida e focada em instalações militares, o mercado voltou a observar o excesso de oferta de petróleo, que vem pressionando os preços para baixo ao longo do ano.

Andy Lipow, Presidente da Lipow Oil Associates, afirmou que o mercado de petróleo está cada vez mais focado na oferta abundante de outros países, como Estados Unidos, Canadá, Brasil, Argentina e Senegal, que têm aumentado a sua produção. Segundo Lipow, “os preços do petróleo continuarão sob pressão pelo resto deste ano”, e ele considera improvável que o preço do Brent atinja US$ 80 por barril no curto prazo.

Ajuste nas projecções de preço

Diante do cenário mais controlado e de uma oferta robusta, os analistas do Citi cortaram a sua previsão para o preço do petróleo Brent, estimando agora US$ 70 por barril nos próximos três meses, uma redução de US$ 4 em relação à projecção anterior. Segundo Saul Kavonic, analista de energia da MST Marquee, o “prémio de risco” no preço do petróleo caiu, pois, o ataque limitado de Israel aumentou as expectativas de um caminho para a desescalada do conflito. Ele comentou que a ausência de danos a infraestruturas críticas do Irão trouxe um certo alívio ao mercado.

Perspectivas para o mercado de petróleo

A combinação entre o excesso de oferta e a acção militar contida indica que os preços do petróleo poderão permanecer baixos nos próximos meses. O Irão, embora uma peça importante no fornecimento global, continua a operar as suas instalações de petróleo normalmente, enquanto outros grandes produtores mantêm a sua produção em níveis elevados.

Para os próximos meses, o mercado de petróleo deve permanecer sensível a qualquer alteração nas tensões geopolíticas, especialmente no Médio Oriente, uma região chave para a produção e transporte da matéria-prima. Com os produtores globais aumentando a oferta e a procura permanecendo moderada, o cenário actual favorece uma estabilidade de preços, sem picos dramáticos no curto prazo.

A resposta limitada de Israel ao Irão reduziu as expectativas de uma interrupção significativa no fornecimento de petróleo e colocou o foco do mercado novamente no excesso de oferta. Analistas avaliam que os preços permanecerão pressionados e devem manter-se abaixo de US$ 80 por barril, a menos que novos conflitos ou eventos imprevistos causem uma ruptura no fornecimento. Esta queda nos preços oferece um breve alívio para os consumidores, mas ressalta a volatilidade do mercado de petróleo diante das complexas dinâmicas geopolíticas que moldam a economia global.

Fonte: O Económico

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