Falta de oportunidades de trabalho adequadas e dignas para os jovens é uma bomba-relógio – Ajay Banga

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O Banco Mundial anunciou a criação de um Conselho de Alto Nível para o Emprego, numa tentativa de responder à iminente crise de desemprego juvenil global. O evento, que contou com a presença de Ajay Banga, Presidente do Banco Mundial, e dos co-presidentes do conselho, Michelle Bachelet e Tharman Shanmugaratnam, sublinhou os esforços para gerar empregos sustentáveis e dignos para os jovens, especialmente em regiões em desenvolvimento como a África Subsaariana. “Este não é apenas um desafio económico, mas uma questão de justiça social”, afirmou Banga ao lançar a iniciativa.

As previsões para a próxima década são preocupantes: estima-se que 1,2 mil milhões de jovens alcancem a idade laboral, mas os actuais mercados de trabalho têm capacidade para absorver apenas 400 milhões. Esta disparidade ameaça amplificar o desemprego juvenil, a desigualdade social e a instabilidade em países com populações jovens em rápido crescimento. “A falta de oportunidades de trabalho adequadas e dignas para os jovens não é apenas um problema individual, mas uma bomba-relógio para o desenvolvimento económico e social global”, frisou Banga.

Foco na África Subsahariana

A África Subsahariana destaca-se como um dos focos principais do novo Conselho. A região, que deverá concentrar um terço dos jovens do mundo até 2050, enfrenta um enorme desafio para atender à demanda por empregos. “É essencial que pensemos em criar empregos não apenas em número, mas também em qualidade e impacto social”, apontou Tharman Shanmugaratnam, presidente da Autoridade Monetária de Singapura e co-presidente do Conselho. Ele sublinhou a importância de investir em sectores de alto impacto, como a agricultura sustentável e as energias renováveis, que podem simultaneamente gerar empregos e promover a sustentabilidade ambiental.

Michelle Bachelet, também co-presidente do Conselho, acrescentou que “o que está em jogo é a dignidade dos jovens e o seu direito a um futuro próspero”. A ex-Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos destacou que é preciso criar “empregos que ofereçam não só um salário, mas também oportunidades de crescimento pessoal e participação na economia global”.

Parcerias e soluções inovadoras

Para responder a esta crise, o Conselho propõe soluções inovadoras que envolvem a colaboração com o sector privado e as instituições educativas. Ajay Banga reforçou que o Banco Mundial se compromete a trabalhar lado a lado com governos e empresas para criar um ambiente favorável ao crescimento das pequenas e médias empresas, que desempenham um papel crucial na criação de empregos em economias emergentes. “Precisamos de uma abordagem colaborativa, onde o sector privado possa investir na juventude e beneficiar de uma mão-de-obra preparada e adaptada às novas tecnologias”, afirmou Banga.

Entre as medidas práticas, o Conselho defende o incentivo a programas de capacitação digital e desenvolvimento de habilidades tecnológicas, permitindo que os jovens acedam a oportunidades no mercado de trabalho global. “A formação digital é uma porta de entrada para o mercado global e oferece aos jovens a possibilidade de trabalhar para além das fronteiras, o que é especialmente relevante em regiões com baixa criação de emprego local”, comentou Shanmugaratnam. Ele destacou ainda que o foco em tecnologias sustentáveis cria uma “dupla oportunidade” ao formar jovens para o mercado de trabalho enquanto contribui para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

Desafios e expectativas

Apesar das perspectivas optimistas, o Conselho de Alto Nível reconhece os desafios na implementação de políticas que sejam realmente eficazes e adaptáveis aos diferentes contextos locais. Michelle Bachelet sublinhou que “o sucesso desta iniciativa depende da capacidade dos países de criarem políticas de educação e emprego inclusivas, que permitam aos jovens desenvolver-se num ambiente dinâmico e em constante transformação”. 

O Conselho está a preparar-se para lançar iniciativas-piloto nos próximos meses e visa trabalhar com governos e empresas de diversos sectores para que as políticas desenvolvidas possam ser replicadas. “Queremos que as futuras gerações tenham acesso a empregos de qualidade que as inspirem e façam parte de um desenvolvimento sustentável”, concluiu Bachelet, reforçando a urgência de uma resposta global coordenada.

Um apelo à acção global

O Banco Mundial e o Conselho apelam a uma acção conjunta, onde cada actor desempenhe o seu papel para enfrentar esta crise de proporções globais. “As consequências de uma juventude sem trabalho são devastadoras e afectam-nos a todos. Precisamos de agir já, com seriedade e determinação”, declarou Banga. O Conselho de Alto Nível deixa claro que este compromisso com a juventude é essencial para garantir um futuro mais estável e próspero.

Fonte: O Económico

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