O candidato presidencial independente, Venâncio Mondlane, diz que os megaprojectos devem ser urgentemente renegociados para o benefício dos moçambicanos, mas alerta que é preciso que o país defina as suas prioridades. Também defende que, para uma boa governação, o país precisa de reduzir os poderes do Presidente, despartidarizar a Função Pública, usar racionalmente os recursos e evitar as ajudas externas.Foi hoje, na segunda sessão do diálogo público presidencial, na Universidade A Politécnica, em Maputo, que Venâncio Mondlane apresentou o seu manifesto eleitoral.Moçambique possui algumas das maiores reservas de recursos naturais de potencial energético do mundo, sobretudo carvão mineral, gás natural e petróleo. Contudo, apesar de um considerável crescimento económico, um relatório do Banco Mundial de 2023 revelou que a taxa de pobreza aumentou nos últimos anos.No documento, o Banco Mundial diz, por exemplo, que “o número de pobres em Moçambique aumentou no período compreendido entre 2015 a 2020, de 13,1 para 18,9 milhões de moçambicanos, e a taxa de pobreza subiu de 48,4% para 62,8%”. Ao mesmo tempo, o país está, actualmente, entre os cinco países mais endividados do mundo.A considerar estes dados, Venâncio Mondlane defende o máximo aproveitamento dos recursos extractivos e, para isso, disse que é urgente renegociar os megaprojectos sem temor algum da reputação do país, pois “pessoas íntegras não temem”.“A renegociação dos megaprojectos é urgente, embora tenhamos um pequeno dilema, porque vão dizer que não somos um país sério, mas temos de renegociar e só podemos renegociar se formos íntegros. O importante é identificar o que queremos”, disse.Sobre a actual gestão dos megaprojectos, Mondlane acusou a existência de corrupção na implementação de políticas, porquanto, por exemplo, sobre a isenção de pagamento de taxas dos megaprojectos, denunciou que quem pede isenções é o próprio Governo.“O próprio Governo é que faz as propostas de isenção, pois há um conjunto de empresas de pessoas ligadas ao poder que querem ganhos que lesam a pátria.”Outro ponto de crítica sobre os megaprojectos é que, com o seu advento, foram “marginalizadas” algumas empresas e outros sectores de produção. “Os megaprojectos, sobretudo na indústria extractiva, secundarizam os outros sectores. A agricultura, por exemplo, não sofreu recessão, mas a indústria extractiva teve mais problemas de recessão.”O terrorismo, os raptos e outras questões de segurança estão na lista das prioridades do candidato Venâncio Mondlane, que propôs como solução mais investimento das FDS através dos ganhos que o país tem com os recursos existentes. “A solução é usar a única coisa que o país tem, os recursos naturais”, disse.“Neste momento, a PRM tem um financiamento maior que o da Defesa, então temos de definir as prioridades. Temos de ligar isto com os recursos que temos e sabermos de que o exército precisa. O gás é transitório, então vamos modernizar as Forças de Defesa na via da tributação.”Acrescido aos investimentos nas FDS, Mondlane também disse que “é preciso identificar os líderes”, e, ao mesmo tempo, a “integração das forças armadas e reestruturação da inteligência moçambicana”.
Fonte:O País