16ª Cimeira dos BRICS: Expansão e reformas marcam nova fase do Bloco

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A 16ª Cimeira dos BRICS, realizada de 22 a 24 de Outubro de 2024 em Kazan, Rússia, marcou um ponto de viragem significativo para o bloco, com a formalização da entrada de cinco novos membros: Arábia Saudita, Egipto*, Emirados Árabes Unidos (EAU), Irão e Etiópia. Esta expansão consolida o papel dos BRICS no cenário global, agora com um peso ainda maior, representando cerca de 45% da população mundial e 28% da produção económica global.

Desdolarização e alternativas ao Sistema Financeiro Global

Uma das principais pautas da cimeira foi o fortalecimento do movimento de desdolarização. Os BRICS estão a intensificar os seus esforços para reduzir a dependência do dólar norte-americano, propondo a criação de um sistema de pagamento alternativo ao SWIFT, denominado BRICS Pay. O objectivo é facilitar as transações comerciais entre os países membros, utilizando moedas locais, minimizando a exposição às sanções financeiras ocidentais e a hegemonia do dólar.

Vladimir Putin, anfitrião do evento, destacou a importância de criar um sistema económico mais equitativo, que não dependa de uma única moeda ou poder central. “Os BRICS devem liderar o caminho para um sistema financeiro global mais justo, baseado no respeito mútuo e na soberania”, afirmou o Presidente russo. Xi Jinping, Presidente da China, reforçou este ponto, apelando à colaboração económica reforçada entre os membros para impulsionar o comércio intra-BRICS.

Cooperação Energética e Segurança Alimentar

Outro tema central foi a cooperação energética. A crescente importância dos membros como produtores de petróleo e gásfoi sublinhada, com discussões sobre a segurança energética e a transição para fontes mais limpas. O grupo também debateu formas de mitigar os efeitos da crise alimentar global, exacerbada pelos conflitos regionais e pelas mudanças climáticas, com foco em aumentar a resiliência das cadeias de abastecimento entre os países do bloco.

Multilateralismo e Reformas Globais

Os líderes dos BRICS também emitiram uma declaração conjunta intitulada “Fortalecimento do Multilateralismo para um Desenvolvimento Global Equitativo e Segurança”, sublinhando a necessidade de reformar instituições como as Nações Unidas e o FMI, para que reflictam melhor os interesses das economias emergentes. Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente do Brasil, enfatizou o compromisso do bloco em promover um sistema global mais inclusivo: “Queremos que o mundo entenda que os BRICS estão a construir uma nova ordem, baseada no respeito pela diversidade e pelo desenvolvimento sustentável”.

Perspectivas e desafios internos

Com a inclusão dos novos membros, os BRICS enfrentam também o desafio de gerir interesses divergentes dentro do grupo. A diversidade económica e política dos novos membros, como a Arábia Saudita e o Irão, pode tornar a coesão interna mais difícil. No entanto, a expansão é vista como um passo necessário para fortalecer a influência global do bloco e promover uma ordem internacional multipolar.

Ao concluir a cimeira, os líderes destacaram a necessidade de continuar a impulsionar o desenvolvimento inclusivo e de trabalhar em conjunto para enfrentar desafios globais, como as crises climáticas e económicas. O BRICS, agora ampliado, está pronto para desempenhar um papel cada vez mais central no cenário global, propondo alternativas às estruturas tradicionais de poder económico.

Fonte: O Económico

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