Iordanov passa em revista a época 2023/2024 do Sporting. Fala de Gyokeres, de quando teve a certeza que o campeonato estava ganho, de Marinho Peres, Bobby Robson, Carlos Queiroz, José Mourinho e também do grande Manuel Fernandes
– Passemos ao Sporting 2023/2024. Há algum jogador parecido consigo?
– Já disse e repito: não quero comparar-me com os jogadores atuais do Sporting. O Sporting ganhou o campeonato e mereceu porque foi a melhor equipa durante toda a época. Mas não gosto muito de comparações…
– O que sentiu quando o Sporting se sagrou campeão?
– Grande felicidade. Aliás, já muito tempo antes eu tinha a certeza de que seríamos campeões…
– Como assim?
-Depois de perder com o SC Braga na meia-final da Taça da Liga, vi logo que íamos vencer o campeonato. Tive a certeza, depois desse jogo, que o Sporting ia ser campeão.
– Não gosta de comparações e, assim, faço-lhe pergunta diferente. Como se definiria como jogador para um jovem de 20 anos que nunca o viu jogar?
– Falar sobre mim? Outra pergunta difícil. Não costumo de falar sobre mim, mas talvez dissesse que entrava no campo e dava tudo para ajudar a equipa e quando saía de campo era sempre de cabeça levantada, para que as pessoas olhassem para mim e dissessem: esta gajo deu tudo pelo Sporting. Não ganhámos porque a outra equipa foi melhor, mas ele deu tudo o que tinha para dar.
– Que peso teve Gyokeres nesta época do Sporting?
– Contratação muito boa, mas temos de dar parabéns também à equipa técnica que o contratou. E depois digo sempre o mesmo: um jogador sozinho não ganha jogos. Se não fossem os outros jogadores do Sporting, Gyokeres não marcava tantos golos. Mas ele trabalhou também para a equipa e toda a equipa trabalhou para ele. Claro que o Sporting tem de agradecer a um jogador que terminava todas as jogadas que a equipa construía. Por isso, olha, parabéns a todos do Sporting. Aos jogadores e à equipa técnica. Aliás, a todo o Sporting Clube de Portugal. Agora é muito fácil dar parabéns a todos, quando se perde é que muita gente foge. Eu não sou assim. Sou sempre do Sporting, independentemente de ganhar ou de perder. E não digo isto para ficar bonito na fotografia.
– Você teve dez treinadores do Sporting. Lembra-se de todos?
– Só dez?! Acho que foram mais. Só numa época tivemos cinco, por isso acho que são mais de 10.
– Só contei com os principais…
– Ah, pronto, ok.
– Algum o marcou mais?
– Todos. Todos me marcaram. Começando pelo Marinho Peres, que Deus tenha a sua alma. Bobby Robson também. Carlos Queiroz também. Todos, todos. Tentei apanhar as melhores coisas que cada um tinha.
– Na equipa técnica de Bobby Robson havia um adjunto que saltaria, anos mais tarde, para a ribalta do futebol mundial…
– [interrompe] Sim, sim, o Mourinho.
– Antevia-lhe uma carreira tão grande?
– Fabulosa. Aliás, já o disse em várias entrevistas. Notava-se que o Mourinho, desde que chegou, queria ser o que é hoje. Ele queria ser treinador e quando uma pessoa vai com o corpo e a alma para uma coisa que quer, tudo fica mais fácil. Ele não tinha qualquer dúvida sobre aquilo que queria ser e conseguiu. Continuamos amigos até hoje.
– Na equipa técnica havia também a presença do Manuel Fernandes, que passa por um momento mais delicado. Alguma mensagem para ele?
– Um forte abraço e que ele lute com um verdadeiro leão. Vai conseguir ganhar esta luta.
Fonte: A Bola