“SAMORA vive e viverá sempre em cada um de nós”.
Este foi o lema escolhido para a realização de um concerto musical e de apresentação de um cardápio prenhe de uma rica diversidade de expressões culturais, que teve lugar na cidade de Tete, em homenagem ao Herói da República e primeiro Presidente de Moçambique independente, Samora Machel, bem como a todos os que com ele pereceram no despenhamento do avião presidencial, em Mbuzine, na África do Sul.
O espectáculo, que teve lugar em Janeiro de 1987, dois meses e alguns dias depois do acidente de aviação, foi idealizado e apresentado pela Organização Nacional de Jornalistas (ONJ), hoje Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), e contou com a participação de vários artistas nacionais que interpretaram diferentes números musicais e recital de poesia para exaltar os filhos do povo perecidos.
Decorridos 38 anos da tragédia de Mbuzine, o país ainda aguarda pelo esclarecimento das circunstâncias em que perdeu o seu Presidente, quando passavam apenas onze anos da proclamação da independência nacional, numa altura em que a nação moçambicana ainda se debatia com inúmeras adversidades como a pobreza e lutava contra o subdesenvolvimento, para além da guerra de desestabilização que ameaçava desestruturar o tecido social.
Samora Machel perdeu a vida na noite de domingo 19 de Outubro de 1986, quando regressava de Mbala, na Zâmbia, onde foi participar numa cimeira da Linha da Frente que discutiu assuntos relacionados com a segurança regional, que tinha no Presidente moçambicano o rosto da luta contra a desestabilização e um percursor da união dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), do continente e do mundo.
O avião presidencial, um Tupolev 134, de fabrico russo,embateu no topo de uma colina, a poucas centenas de metros da fronteira moçambicana, cerca de 5 quilómetrosa nordeste da Namaacha, arrastando-se e desintegrando-se, tendo, de seguida, se projectado sobre o vale onde se encontravam os dois principais destroços, parte da fuselagem e da cauda, em torno dos quais se encontravam os corpos dos perecidos.
Junto com Samora Machel morreram 34 membros da sua comitiva, nomeadamente, Luís Maria de Alcântara Santos, ministro dos Transportes e Comunicações; José Carlos Lobo, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros;Aquino de Bragança, director do Centro de Estudos Africanos; Fernando Honwana, assistente especial do Presidente da República; Alberto Cangela de Mendonça,chefe do Protocolo Nacional; Muradali Mamadhusen,secretário particular do Presidente da República; e João Tomás Navesse, director-adjunto da Direcção de Assuntos Jurídicos e Consulares do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Pereceram também Ivete Amós, secretária do Presidente da República; Osvaldo de Sousa, tradutor de inglês do Presidente; Bernardino Chiche, tradutor de francês; Gulamo Khan, adido de imprensa na Presidência da República; Azarias Inguane, fotógrafo do Jornal Notícias; Fernando Nhanquila, Engenheiro de Bordo; e Daniel Maquinasse, fotógrafo particular do Presidente.
Estavam também a bordo do Tupolev funcionários da Presidência, designadamente, Capitão Parente Manjate,Nacir Charamadame, Adão Gore Nhoca, Eduardo Viegas, Albino Falteira, Alberto Chaúque e José Quivanane. Os assistentes de bordo Orlando Garrine,Esmeralda Luísa, Sofia Arone e Ilda Carão também morreram no acidente.
Na mesma ocorrência, pereceram também cooperantes internacionais como Henriques Bettencourt, médico do Presidente da República; Ulisses La Rosa Mesa, médico pessoal do Presidente da República; Iuri Novdran,Comandante da aeronave; Igor Kartmychev e Amatoli Choulipov, engenheiros de bordo; Cox. C. Sikumba, embaixador da República da Zâmbia; e Tokwalu Batale,embaixador da República do Zaire (hoje República Democrática do Congo).
Sobreviveram ao trágico acontecimento alguns membros da delegação presidencial, tais como Eusébio Guido Martinho, Capitão Carlos Jambo, Capitão Carlos Rendição, Fernando Manuel João, Almeida Pedro,Manuel Jairosse, Daniel Cuna, Jossefa Machango, Vasco Langa e Vladimir Novoselov, engenheiro de bordo.
As informações sobre o desaparecimento do avião presidencial começaram a circular na manhã de segunda-feira, 20 de Outubro, com todos os moçambicanos atentos à Rádio Moçambique que suspendeu todas as emissões, passando apenas música instrumental, sinal de que o país estava mesmo de luto.
No próprio dia 20, o Bureau Político do Comité Central do Partido Frelimo, a Comissão Permanente da Assembleia Popular e o Conselho de Ministros da República Popular de Moçambique emitiram um comunicado à Nação, dando conta do trágico falecimento do Presidente Samora Machel.
“Este terrível acontecimento enluta a nação moçambicana e constitui uma perda irreparável para a nossa pátria, para a nossa região, para a África e para a humanidade. Cada moçambicano sente esta tragédia como um terrível momento de sofrimento na sua história. Presidente Samora Machel, pai da nação e fundador da nossa República Popular de Moçambique, é símbolo da unidade do povo moçambicano, de heroísmo e grandeza, era o melhor filho do nosso povo”, assim começava a mensagem dirigida aos moçambicanos sobre o duro golpe que acabava de acontecer e publicada na edição do “Notícias” de 21 de Outubro de 1986.
Na mesma edição, foi inserido um editorial dando conta que “este luto doloroso é-o, mais ainda além do que a perda do homem, pela perda do estadista consequente, do líder respeitado, do estratega de muitas batalhas e de todos os níveis. Samora representava a força de um povo generoso, abnegado, trabalhador, tanto quanto lutador intransigente pelas liberdades do Homem africano”.
MEDIDAS IMEDIATAS
O BUREAU Político do Comité Central do Partido Frelimo, a Comissão Permanente da Assembleia Popular e o Conselho de Ministros realizaram sessões de trabalho consecutivas desde as primeiras horas da madrugada de 20 de Outubro e, às 8h30 da manhã do mesmo dia, Marcelino dos Santos informava à nação e ao mundo, através dos microfones da Rádio Moçambique, a trágica ocorrência, envolvendo um avião no qual
Fonte: Jornal Noticias