DIVERSAS sensibilidades têm vindo a reiterar os apelos aos partidos políticos, grupos de cidadãos e à sociedade, no geral, para manterem a calma e serenidade, recordando que somente a Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem competência legal de anunciar os resultados do escrutínio.
Esta exortação é reforçada pela agitação ocorrida ontem na cidade de Nampula, que resultou no ferimento de cidadãos e detenção de outros envolvidos numa marcha política. Com efeito, a exortação tem como denominador comum a necessidade de as disputas políticas serem caracterizadas por um ambiente de paz, harmonia e tranquilidade, e recorrer-se às instâncias apropriadas para exigir a reparação dos direitos eventualmente coarctados.
É neste contexto que o Conselho Cristão de Moçambique (CCM) pede aos cidadãos para que saibam aguardar pela divulgação oficial dos resultados eleitorais, respeitando os períodos plasmados na lei. Segundo o secretário-geral do CCM, João Damião, é igualmente necessário respeitar os órgãos legalmente instituídos e responsáveis pelo processo eleitoral.
Condena ainda discursos de ódio e de incitação à violência, afirmando que o país se guia por princípios de paz. Na mesma lógica pronunciou-se o Sheikh Aminuddin Muhammad, presidente do Conselho das Religiões de Moçambique, frisando que qualquer desestabilização vai atrasar o país, prejudicando a vida de cidadãos que lutam pelo seu bem-estar. “Aguentamos este tempo todo, por isso, podemos esperar mais uma ou duas semanas pela decisão dos órgãos competentes, porque o diálogo é a melhor forma para ultrapassar as diferenças”, disse Muhammad.
Por seu turno, o teólogo Marcos Macamo convida os moçambicanos a usarem o período pós-votação para dialogarem com a sua própria consciência, não colocando o ego como ponto principal, mas o bem comum, que é construir um país próspero. “A mensagem seria: diga não à arrogância, ao orgulho, individualismo, à vaidade ou ambição. Diga sim à humildade, tolerância, paciência, ética, bom relacionamento e saber colocar a crítica e reclamação no lugar próprio. E assim ficamos mais leves e não nos deixamos arrastar pela violência”, elucidou. Ressaltando que o poder da democracia reside em aceitar os resultados e respeitar as normas e princípios emanados pelos órgãos instituídos, Macamo frisa que aqueles que perderem devem encarar esta realidade com dignidade.
Fonte: Jornal Noticias