Maiores economias africanas caminham para redução de taxas de juro com inflação a diminuir

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Os bancos centrais de algumas das maiores economias de África, como a África do Sul e a Nigéria, preparam-se para ajustar as suas políticas monetárias e reduzir as taxas de juro pela primeira vez em anos, uma vez que a inflação começa a abrandar. Este movimento marca uma mudança importante nas decisões de política monetária, que, até agora, se concentraram em combater a inflação galopante, agravada por factores como o aumento dos preços da energia e alimentos.

A expectativa é de que outros países africanos, como Marrocos e Gana, sigam o exemplo da África do Sul, optando por pequenos cortes nas suas taxas de juro para ancorar as expectativas de inflação e impulsionar o crescimento económico. A economista da Bloomberg Africa, Yvonne Mhango, prevê que o Banco da Reserva da África do Sul, por exemplo, corte a sua taxa básica em um quarto de ponto, para 8%, à medida que os dados mais recentes sugerem uma queda da inflação anual para 4,5%, o ponto médio da meta do banco central.

Estabilidade cambial e cautela nas decisões

Um factor crucial para esta mudança nas políticas monetárias é a relativa estabilidade das moedas africanas em relação ao dólar, o que oferece um ambiente mais favorável para a flexibilização das taxas de juro. O economista-chefe do Citi para África, David Cowan, realçou que “os bancos centrais africanos continuarão a tomar decisões de política monetária com um olho na taxa de câmbio”. Esta abordagem cautelosa visa evitar a depreciação das moedas, o que poderia gerar pressões inflacionárias indesejadas.

A redução recente nos preços do petróleo Brent também tem ajudado a conter o crescimento dos preços, permitindo que os formuladores de políticas considerem a flexibilização das taxas de juro sem receios imediatos de uma alta inflacionária.

Angola e Nigéria: Expectativas de manutenção das taxas

Apesar do abrandamento da inflação, países como Angola e Nigéria provavelmente manterão as suas políticas monetárias inalteradas. A Nigéria, que viu a sua taxa básica de juro subir de 11,5% para 26,75% desde 2022, poderá fazer uma pausa nos cortes em breve, uma vez que o país ainda enfrenta incertezas, como o aumento dos custos de combustíveis e os efeitos das inundações no nordeste. De modo semelhante, Angola, cuja economia é altamente dependente das receitas do petróleo, deverá avaliar como a queda dos preços do petróleo impactará a sua moeda antes de considerar uma mudança nas suas políticas.

Segundo Jibran Qureshi, chefe de pesquisa africana do Standard Bank, tanto Angola quanto Nigéria devem manter-se cautelosos, já que “as expectativas de inflação ainda estão elevadas”.

Perspectivas para outros mercados africanos

Moçambique, Quénia, Gana e Eswatini estão entre os países cujos bancos centrais devem optar por cortar as taxas de juro, uma vez que as condições macroeconómicas melhoraram, especialmente em termos de estabilidade cambial. Essas economias podem aproveitar a flexibilização das políticas monetárias para impulsionar o crescimento económico e controlar as expectativas de inflação. A decisão do Federal Reserve dos EUA de reduzir as suas próprias taxas de juro também pode ajudar a mitigar os efeitos sobre os mercados cambiais africanos, uma vez que diminuiria os diferenciais entre as taxas de juro africanas e norte-americanas.

A situação em Marrocos, por exemplo, parece igualmente favorável para cortes adicionais. Com a inflação a caminho de atingir a meta anual de 1,5% do banco central, há espaço para uma política monetária mais flexível, com previsões de até três cortes de 25 pontos-base até 2025, a menos que haja um aumento inesperado nos preços.

Com a inflação a desacelerar e as moedas a estabilizarem, as maiores economias africanas estão a caminhar para um ciclo de cortes nas taxas de juro, algo não visto desde o início da pandemia. Contudo, este processo será acompanhado por cautela, uma vez que os bancos centrais permanecem vigilantes em relação às oscilações cambiais e aos riscos geopolíticos que ainda podem desestabilizar o continente. Países como Angola e Nigéria mantêm-se cautelosos, mas outros, como a África do Sul, já estão a liderar o caminho para um novo ciclo de políticas monetárias mais flexíveis.

Fonte: O Económico

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