Equinor considera desenvolvimento faseado do Projeto de GNL na Tanzânia em Meio a longas negociações

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A gigante norueguesa de energia Equinor está a ponderar uma abordagem faseada para o desenvolvimento das suas reservas de gás offshore na Tanzânia, à medida que as prolongadas negociações com o governo tanzaniano continuam a atrasar o projecto de GNL da Tanzânia, avaliado em 42 mil milhões de dólares. Esta decisão, revelada numa entrevista à publicação “Upstream”, surge enquanto ambas as partes procuram chegar a um compromisso sobre o quadro comercial que regula o projecto, essencial para desbloquear os 45 trilhões de pés cúbicos de gás estimados nas águas profundas da Tanzânia.

A Equinor, juntamente com os seus parceiros ExxonMobil e Shell, tem mantido conversações com as autoridades tanzanianas há vários anos para avançar com a planta de exportação de gás natural liquefeito (GNL), que pode transformar a Tanzânia num importante interveniente no mercado energético global. No entanto, divergências sobre os termos do acordo, incluindo o regime de partilha de receitas e a estrutura de tributação, têm atrasado o progresso.

Abordagem faseada para mitigar riscos

Philippe Francois Mathieu, responsável pela exploração e produção internacional da Equinor, explicou que a abordagem faseada permitiria à empresa alocar “porções discretas de capital” a cada fase do projecto, reduzindo assim o risco financeiro e assegurando um fluxo de caixa mais cedo, tanto para a empresa como para o Governo tanzaniano. Esta estratégia contrasta com o plano original, que previa a construção de toda a infraestrutura de uma só vez — um processo mais intensivo em capital e mais demorado.

“A escala deste projecto é massiva”, afirmou Mathieu. “Faseando-o, podemos começar a gerar fluxo de caixa muito mais cedo do que se esperássemos que tudo estivesse concluído ao mesmo tempo.”

Uma implementação faseada também pode facilitar a transição da Tanzânia para o mercado global de GNL, permitindo ao país aumentar progressivamente a produção e exportação, enquanto desenvolve a expertise e a infraestrutura locais necessárias.

Governo tanzaniano exige melhores condições

Para a Tanzânia, este projecto representa uma oportunidade económica significativa. O governo, liderado pela Presidente Samia Suluhu Hassan, está determinado a garantir condições favoráveis que assegurem benefícios máximos para o País, incluindo uma maior inclusão de conteúdo local e uma parte justa das receitas provenientes das exportações de gás. Analistas sugerem que a Tanzânia, à semelhança de muitos países africanos ricos em recursos, está a ser cautelosa ao negociar com empresas estrangeiras, para evitar acordos que possam beneficiar desproporcionalmente os investidores internacionais em detrimento do desenvolvimento local.

“O Governo tanzaniano procura evitar o que tem sido denominado como ‘maldição dos recursos’ — onde países ricos em recursos naturais veem poucos benefícios económicos devido a contratos desfavoráveis com empresas estrangeiras”, disse um analista de energia baseado em Dar es Salaam.

Importância estratégica do GNL para a Equinor

A decisão da Equinor de permanecer paciente nestas negociações destaca a importância estratégica deste projecto. Globalmente, o GNL está a ganhar relevância como combustível de transição, ajudando a reduzir a dependência de fontes de energia mais poluentes, como o carvão e o petróleo, enquanto se avança para alternativas renováveis mais limpas. À medida que muitos países procuram reduzir as suas emissões de carbono, o gás natural é visto como um componente essencial na transição para um sistema energético com menores emissões de carbono.

 

“É muito estratégico para nós porque o GNL é importante para a transição energética, e, a nível global, há uma maior necessidade de gás”, afirmou Mathieu.

 

Interesse dos EUA

 

As prolongadas negociações atraíram atenção para além das fronteiras da Tanzânia, com um alto funcionário do Governo dos EUA a intervir no início deste ano para encorajar o progresso. Os EUA têm um interesse particular no projecto, dada a participação da ExxonMobil e o significado geopolítico mais amplo de assegurar fontes estáveis de GNL, num contexto de preocupações globais sobre a segurança energética.

 

Revisão das opções de exportação

Outra consideração nas negociações é o método de exportação do GNL. A Equinor está a rever actualmente a sua estratégia para o terminal de exportação, sendo que as instalações flutuantes de GNL (FLNG) são uma opção em análise. O FLNG pode reduzir os custos ao processar o gás no mar, mais próximo dos campos offshore, e simplificar o projecto ao eliminar a necessidade de infraestruturas extensas em terra. Esta opção também está alinhada com a abordagem faseada, oferecendo mais flexibilidade e um tempo mais rápido de entrada no mercado para as fases iniciais do projecto.

Se o projecto avançar, o impacto económico na Tanzânia pode ser transformador. A receita gerada pelas exportações de GNL aumentaria significativamente os rendimentos do Governo, criaria empregos e posicionaria a Tanzânia como um grande exportador de energia na região. No entanto, os atrasos nas negociações podem atrasar esses benefícios potenciais.

De acordo com estimativas do Governo, o projecto de GNL da Tanzânia pode gerar milhares de milhões de dólares em receitas ao longo da sua vida útil, proporcionando financiamento crucial para infraestruturas, saúde e educação no País. O projecto também deverá criar milhares de empregos directos e indirectos, particularmente nas fases de construção e operação.

De acordo com a revista Upstream, embora o projecto de GNL da Tanzânia permaneça num impasse, as recentes indicações de um plano de desenvolvimento faseado sinalizam que a Equinor e os seus parceiros estão comprometidos em avançar — embora com cautela. Tanto o Governo tanzaniano como os investidores estrangeiros têm muito a ganhar com uma resolução bem-sucedida, mas os termos finais terão de equilibrar os interesses nacionais da Tanzânia com a necessidade das empresas de gerir riscos e garantir a rentabilidade. À medida que a procura global por GNL continua a crescer, todas as atenções estarão voltadas para o desenrolar destas negociações e para a possibilidade de a Tanzânia se afirmar como uma futura potência do gás.

Fonte: O Económico

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