Economia moçambicana mostra sinais de expansão, mas custos de produção preocupam – PMI Standard Bank

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A economia do sector privado moçambicano continua a dar sinais de recuperação, de acordo com o mais recente índice de Gerentes de Compras (PMI®) do Standard Bank para o mês de Agosto de 2024. O PMI subiu para 50,9 pontos, acima do nível neutro de 50,0, sinalizando uma expansão pelo quarto mês consecutivo. Este resultado reflecte o fortalecimento na produção e no volume de novas encomendas, com as empresas a responderem a um aumento sólido da procura.

O crescimento de Agosto segue a trajectória ascendente registada nos últimos meses, demonstrando resiliência das empresas moçambicanas. “Apesar de se manter volátil, o PMI mostra expansões consideráveis na produção e nas novas encomendas, sugerindo que a actividade económica continua a crescer”, afirmou Fáusio Mussá, Economista-Chefe do Standard Bank Moçambique.

 

Desafios nos custos de produção

No entanto, um factor de preocupação destacado pelo relatório é a aceleração das pressões inflacionárias. Os custos de produção subiram para o nível mais alto dos últimos 17 meses, resultado da crescente procura por insumos e das condições de oferta. Essa inflação foi impulsionada principalmente pelo aumento dos preços de aquisição de materiais, embora os salários também tenham registado uma ligeira subida. Segundo o PMI, a inflação dos preços de aquisição foi a mais alta desde março de 2023.

“A subida acentuada dos custos sem que as empresas consigam transferir esses aumentos para os consumidores é um sinal de que a procura agregada ainda não está suficientemente forte para absorver a pressão inflacionária”, acrescentou Mussá.

 

Expansão conduzida pelo Sector Extractivo

No contexto mais amplo da economia moçambicana, o Produto Interno Bruto (PIB) registou um crescimento de 4,5% no segundo trimestre de 2024, em comparação com os 3,2% do primeiro trimestre, conforme explicado por Fáusio Mussá. “Embora o PIB se tenha mantido relativamente forte, acelerando para 4,5% em termos homólogos no segundo trimestre de 2024, relativamente a um mínimo recente de 3,2% em termos homólogos no primeiro trimestre de 2024, assinalamos que este crescimento foi maioritariamente impulsionado pelo sector extrativo, nomeadamente gás natural liquefeito e carvão, que subiu 17,5% em termos homólogos. Por outro lado, a restante economia expandiu pouco mais do que o crescimento populacional, com um valor de 2,7% em termos homólogos no segundo trimestre de 2024.”

 

Política monetária e perspectivas

O Banco de Moçambique tem adoptado uma postura cautelosa de corte nas taxas de juro ao longo de 2024, com uma redução acumulada de 300 pontos base desde o início do ano, resultando numa taxa MIMO de 14,75%. Essa acção foi impulsionada pela baixa inflação, que atingiu 3% em julho. A taxa de juro prime de financiamento caiu de 23,5% em janeiro para 21,2% em Agosto. No entanto, conforme Mussá aponta, “o crescimento do crédito foi restringido por um coeficiente elevado de reservas obrigatórias”. Ele acrescenta que “prevemos, ainda assim, que o Banco de Moçambique continue a reduzir as taxas de juro, apesar de se esperar uma subida da inflação, mas que continuará a ser inócua devido à estabilidade da taxa de câmbio do dólar americano/metical”.

As restrições de crédito e as pressões fiscais persistentes mantêm as condições de financiamento apertadas, o que, segundo Mussá, “limita o crescimento económico fora do sector extractivo”. No entanto, há optimismo no horizonte, com a previsão de que a TotalEnergies retome o seu projecto de gás natural liquefeito (GNL) no próximo ano, o que “deverá originar uma melhoria das perspectivas e alguma aceleração do crescimento do PIB a médio prazo”, conclui o economista.

Com o sector privado a manter um crescimento sustentado, mas com desafios à vista, o próximo trimestre será decisivo para a consolidação do cenário económico em Moçambique.

Fonte: O Económico

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