O activista social e académico Moçambicano, Ericino De Salema não vê problemas no facto de membros da sociedade civil aderirem à política, e diz que o próximo presidente do país não deve admitir a entrada de forças estrangeiras sem antes consultar o parlamento e o seu conselho.Jornalista, jurista e docente Universitário, Ericino De Salema foi a figura do programa Grande Entrevista, desta quarta-feira, e durante uma hora e vinte minutos, colocou as suas opiniões sobre a situação política e social do país.Há poucos meses para a eleição do novo Presidente, De Salema, tem algumas advertências para o próximo estadista, que acredita serem funcionais para o desenvolvimento do país.“Uma coisa que o próximo presidente nunca deve fazer é admitir a entrada de forças estrangeiras em Moçambique, sem partilhar a questão com o Conselho de Estado, Conselho Nacional de Defesa e também com o parlamento. Acho eu que mesmo que existisse uma lei que habilitasse o Chefe de Estado a fazê-lo, por uma questão de democratização e melhor análise da situação, era suposto que o assunto fosse analisado por vários segmentos com alguma especialidade para o efeito” , adverte o acadêmico.Ademais, a fonte diz que o próximo presidente moçambicano terá de saber liderar a nação com ciência para que as suas decisões sejam acertadas. De Salema defende que “Há que usar a ciência no exercício de governação, de forma efectiva, e não só discursiva, olhando para a política externa. Por exemplo, não percebo, até hoje, com que razão de ciência, Moçambique, na África Ocidental, recentemente, foi abrir uma emabixada em Acra, no Gana, e não fazer o mesmo quanto a Nigéria e dakar, no Senegal, que são países mais relevantes, sob ponto de vista estratégico, militar e diplomático, na África Oriental.”Questionado sobre a onda de adesão à política por parte de membros da sociedade civil, De Salema não vê nenhum problema, aliás Ercino aponta estes como dados importantes para o aumento da qualidade de debate e decisão no parlamento.E sobre a acumulação de poderes no partido, enquanto servidor número um do Estado, pela figura do Presidente da República, o académico diz ser urgente a separação de poderes, pois o facto já está atrasado há mais de 20 anos, após a entrada em vigor da nova constituição da república em 2004.
Fonte:O País