Deve mesmo despedir-se da Luz e jogar seis meses no clube do coração; mulher e filhas não vão com ele, ficando a viver em Miami, nos EUA; recebeu garantias de segurança
O jogo frente ao Arouca, no Estádio da Luz, no passado dia 12, que as águias venceram por 5-0 e no qual marcou um golo de penálti, terá sido o último de Ángel Di María pelo Benfica. Nos últimos dias deu-se um volte-face, com o extremo de 36 anos a tomar a decisão de jogar seis meses no Rosario Central, da Argentina, o clube do coração e onde começou a carreira.
Ao que A BOLA apurou, o campeão do mundo exigiu várias garantias do ponto de vista da segurança para aceitar o convite. Isso foi discutido entre o Rosario Central e as várias forças policiais do país, nomeadamente no controlo do centro de treinos da equipa. Seja como for, Di María decidiu que vai permanecer sozinho na Argentina no próximo meio ano e deverá viver na capital, Buenos Aires, a 300 quilómetros de Rosário, enquanto a esposa e as filhas vão mudar-se, em princípio, de Lisboa para Miami, nos Estados Unidos da América (EUA).
Isto significa que o Rosario não será o ponto final na carreira: o Inter Miami poderá ser o passo seguinte, a partir de janeiro de 2025, na nova época desportiva na Major League Soccer (MLS), dos EUA, clube onde atua Lionel Messi e que em 2023/2024 bateu no teto salarial imposto pelos regulamentos e não pôde contratar o esquerdino, apesar de ser essa a vontade assumida pelo treinador, o também argentino Tata Martino.
Acompanhe tudo sobre transferências na nossa lista de mercado.
Aliás, o futuro pessoal de Di María deverá passar por aquela cidade norte-americana, onde já vivem alguns familiares e vários ex-futebolistas e onde também já está a fazer vários investimentos.
Di María irá deste modo completar um puzzle que havia desenhado na cabeça há cerca de um ano: jogar uma época na Luz e depois terminar a carreira no Rosario. Esse cenário foi sendo alimentado pelo próprio jogador, em várias entrevistas concedidas aos meios de informação argentinos, inclusive o «sonho» de jogar uma Taça dos Libertadores pelo emblema — cuja fase de grupos, no entanto, não está a correr bem, podendo cair para a Taça Sul-Americana (o equivalente à Liga Europa) já na próxima semana.
Em março, no entanto, ocorreu um evento que o fez repensar tudo: as ameaças à família (inclusive às filhas) de grupos ligados ao narcotráfico caso ele regressasse a Rosário. Mesmo que o gangue responsável pelas mensagens tivesse sido posteriormente detido, incluindo a mentora dos ataques, Di María informou o Rosario Central e muitos amigos de que não seria desta que regressaria.
Mas à medida que o tempo foi passando o apelo do coração e a promessa feita ao pai de que um dia voltaria a representar as suas cores fê-lo criar esta solução alternativa: menos tempo de contrato (inicialmente pensaria numa ou duas épocas), mas o suficiente para tentar deixar marca e dizer a si próprio e a todos os hinchas de que valeu a pena. Mesmo que seja por seis meses, será o suficiente para mudança de patrocinador das camisolas — para a Adidas.
O Rosario Central, vencedor da Taça da Liga da Argentina na época passada e que disputará com o Peñarol, na terça-feira, no Uruguai, a passagem aos oitavos de final da Taça dos Libertadores (está em terceiro lugar, a dois pontos da equipa de Montevideu) pretende receber de rajada três antigos jogadores formados no clube: Marco Ruben, avançado de 37 anos, Di María (cuja camisola 11, a mesma que usou pelas águias, já está reservada) e Franco Cervi, ex-jogador do Benfica, atualmente com 29 anos e que poderá sair do Celta, de Espanha.
Resta saber o timing do anúncio, até porque ainda há uma reunião na próxima semana entre o agente de Di María e Rui Costa, mas os sinais são por demais evidentes: ainda ontem Jorgelina Cardoso, esposa do extremo, publicou uma storie no Instagram, em cuja foto estão os casais Di María e Otamendi, que passam férias no Dubai, com uma legenda que deixa nas entrelinhas a separação: «Vamos sentir a vossa falta. Até à próxima.»
O futuro de Ángel Di María não deverá ser formalmente conhecido pelo menos até à reunião que os representantes do argentino (que se encontra de férias antes de iniciar o estágio para o arranque da Copa América, de 20 de junho a 14 de julho, nos EUA) se preparam para ter com Rui Costa, presidente do Benfica, na próxima semana.
O encontro foi anunciado pelo próprio na ronda aberta com jornalistas, que decorreu na quinta-feira, no Benfica Campus, no Seixal. «Para a semana teremos uma reunião com o agente de Di María e veremos. Não consigo dizer hoje se ele fica ou não. Quero que ele fique, mas para a semana logo veremos. Também temos esperança de que Di María possa continuar, é verdade que já não se pode pedir-lhe que seja um jogador de sprints, mas continua a ter qualidade, os números falam por si e continua a ser titular da seleção campeã do mundo. Não é preciso dizer muito mais sobre Di María. Tenho esperanças de que ele possa ficar», afirmou o dirigente.
Estas palavras foram proferidas num contexto de pontes criadas entre o jogador e a SAD, ou seja, a informação transmitida às águias de que gostaria de ficar na Luz apesar de ter em carteira várias propostas, fosse da Turquia (o vice-presidente do Besiktas, Huseyin Yucel, afirmou estar em «negociações» com o campeão do mundo), do Médio Oriente ou mesmo da Argentina, cujo regresso mais que provável só foi decidido muito recentemente, mediante garantias (de segurança, fundamentalmente) recebidas do país de origem, que tanto o apaixona como lhe provoca temores. Mas o futuro próximo parece estar já traçado.
Fonte: A Bola