Moçambique regista deflação em Julho, mas inflação acumulada permanece alta

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Em Julho de 2024, Moçambique experimentou uma deflação mensal de 0,05%, conforme indicado pelos dados do Índice de Preços no Consumidor (IPC), que monitora os preços em oito cidades do País. Este fenômeno contrasta com a inflação acumulada desde o início do ano, que se mantém em 11,5%, e com a inflação homóloga (comparação com julho de 2023) de 29,7%.

 

Deflação em Julho: Um alívio temporário

 

A deflação de 0,05% registada em Julho é atribuída, em grande parte, à queda dos preços em categorias essenciais como alimentos e bebidas não alcoólicas, que contribuíram com 0,11 pontos percentuais negativos para o índice geral. Entre os produtos que mais influenciaram essa queda estão o tomate (-7,6%), a cebola (-7,1%), e o feijão manteiga (-1,2%). Estes itens básicos são cruciais para o consumo das famílias moçambicanas, e a redução de seus preços pode ter proporcionado um alívio temporário no custo de vida.

 

No entanto, alguns produtos contrariaram a tendência de queda, como o milho em grão (+15,6%), o peixe fresco (+2,5%) e o alho (+10,8%), que juntos contribuíram com 0,14 pontos percentuais positivos para o índice. Este aumento em itens igualmente essenciais levanta preocupações sobre a volatilidade dos preços de alimentos, um fator que afeta diretamente a segurança alimentar no país.

 

Inflação Acumulada e Homóloga: Pressão Persistente

 

Apesar da deflação observada em Julho, a inflação acumulada de Janeiro a Julho de 2024 atingiu 11,5%, um nível preocupante que reflete o aumento contínuo dos preços desde o início do ano. As divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas, juntamente com restaurantes, hotéis, cafés e similares, foram os principais motores desse aumento, contribuindo significativamente para a elevação dos preços. Produtos como peixe seco, refeições em restaurantes, e arroz em grão tiveram aumentos expressivos, pressionando o orçamento das famílias moçambicanas.

 

A inflação homóloga, que compara os preços de julho de 2024 com os de julho de 2023, mostra um aumento de 29,7%. Este crescimento acentuado é particularmente elevado nas divisões de educação (10,52%) e alimentação e bebidas não alcoólicas (5,64%), destacando a persistente pressão inflacionária em setores fundamentais para o bem-estar das famílias.

Variações Regionais: Desigualdades nos preços

 

A análise regional revela que a deflação em Julho não foi uniforme em todo o País. Enquanto cidades como Tete (-0,23%) e Nampula (-0,21%) registraram as maiores quedas de preços, outras localidades, como Chimoio (+0,18%) e a Província de Inhambane (+0,12%), experimentaram aumentos nos preços.

 

No acumulado do ano, todos os centros de recolha de preços registraram aumentos, com destaque para Quelimane, que teve a maior elevação no nível geral de preços, chegando a 27,9%. Este dado reflecte as desigualdades regionais no impacto da inflação, com algumas áreas sofrendo mais que outras.

 

A deflação registada em julho pode oferecer um breve alívio, mas os números da inflação acumulada e homóloga indicam que Moçambique continua a enfrentar desafios significativos no controle do custo de vida. A volatilidade dos preços, especialmente em alimentos, e as diferenças regionais no impacto da inflação, sugerem que medidas adicionais serão necessárias para estabilizar a economia e proteger as famílias moçambicanas da crescente pressão inflacionária.

Fonte: O Económico

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