Ao evitar a emissão de 170 milhões de toneladas de CO₂ por ano até 2030, Moçambique pode amealhar US$ 5,1 bilhões

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Moçambique, um dos países mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, está actualmente engajado em diversas iniciativas para mitigar e adaptar-se aos impactos climáticos, bem como para acessar financiamento internacional destinado a perdas e danos. 

Uma das principais metas de Moçambique é a redução das emissões de dióxido de carbono. O país comprometeu-se a reduzir a taxa de emissões de gases por desmatamento em 0,58% até 2030, o que permitirá evitar a emissão de 170 milhões de toneladas de CO por ano. No mercado de carbono, essa quantidade de emissões evitadas pode valer aproximadamente 5,1 bilhões de dólares, assumindo um preço médio de 30 dólares por tonelada de CO. Este valor representa uma significativa oportunidade económica para o País, especialmente no contexto de financiamentos verdes e mercados de carbono internacionais.

 

Fundo de Perdas e Danos Climáticos

Em 2023, durante a COP28, foi operacionalizado o Fundo de Perdas e Danos Climáticos, criado para ajudar países em desenvolvimento a enfrentar os impactos mais devastadores das mudanças climáticas. Este fundo, que ainda está em processo de definição dos critérios de elegibilidade e modalidades de financiamento, estima que as necessidades globais para cobrir perdas e danos possam ultrapassar 435 bilhões de dólares até 2030 e 1 trilhão de dólares até 2050. 

Embora Moçambique ainda não tenha recebido valores desse fundo, espera-se que o país seja um dos beneficiários, dada a sua alta vulnerabilidade a desastres naturais, como ciclones e inundações. A quantia exacta que Moçambique poderá receber ainda depende das decisões do conselho do fundo e das submissões feitas pelo Governo moçambicano em relação às suas necessidades e prioridades.

Moçambique está a desenvolver iniciativas importantes para acessar o fundo de perdas e danos climáticos e cumprir com os compromissos assumidos no Acordo de Paris. Entre as acções destacadas estão a elaboração do Primeiro Relatório Bienal de Transparência (BTR) e a Terceira Comunicação Nacional, que visam captar financiamentos e garantir assistência técnica para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas.

 

Desafios económicos e ambientais

A braços com desafios significativos, a difícil situação da economia moçambicana fica exacerbada pela queda nos preços das commodities. Nos últimos meses, commodities como petróleo bruto e metais básicos registaram quedas acentuadas, reflectindo uma desaceleração na demanda global. Para Moçambique, que depende fortemente da exportação de recursos naturais, essa tendência pode impactar as receitas de exportação e o crescimento económico. 

Além disso, o País está constantemente a lidar com os efeitos combinados de desastres climáticos, conflitos e crises económicas. A sucessão de desastres naturais, como ciclones e secas, tem forçado Moçambique a usar a maior parte de seus recursos para reconstruir, em vez de investir em infraestrutura resiliente. Essa situação ilustra claramente os desafios de perdas e danos enfrentados pelo País, que são intensificados pelas limitações económicas e pela dependência de assistência internacional.

À medida que Moçambique avança na implementação de suas estratégias de adaptação climática e busca acessar os recursos do Fundo de Perdas e Danos, o país também precisa continuar seus esforços para diversificar sua economia e aumentar a resiliência de suas comunidades. O sucesso dessas iniciativas será decisivo para garantir que Moçambique possa mitigar os impactos das mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, aproveitar as oportunidades oferecidas pelos mercados internacionais de carbono e pelos fundos climáticos.

A contínua mobilização de recursos internacionais, o fortalecimento das políticas internas de adaptação e a cooperação com parceiros globais serão essenciais para que Moçambique alcance seus objectivos de desenvolvimento sustentável e resiliente frente aos desafios impostos pelas mudanças climáticas.

Fonte: O Económico

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