Sporting: tudo o que disse Rúben Amorim

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Treinador dos leões confirmou as saídas de Neto e Adán no final da época, falou sobre Felipe Çelikkaya e o seu substituto, João Pereira, revelou o onze para o Chaves e comentou as palavras do presidente, Frederico Varandas

O Sporting vai regressar a casa depois do título de campeão nacional, será também o 17.º jogo para a liga, em casa. O Sporting já conseguiu 16 vitórias, pergunto se o objetivo do jogo de amanhã é conseguir a 17.ª e conseguir o pleno em Alvalade?

Sim, isso é muito importante, porque poucas equipas conseguiram vencer os jogos todos em casa e é uma marca que esta equipa deixa e depois para recompensar os nossos adeptos e deixar a festa mais bonita. Depois a melhor preparação para ganhar o jogo seguinte é ganhar e jogar bem, e vamos tentar fazer isso. E aproveitar também este último dia para nos despedirmos de jogadores muito importantes nesta caminhada e são ciclos que acontecem, por exemplo, o Neto irá fazer o seu último jogo em Alvalade. Sobre o Neto já falei tanto que não vale a pena estar a falar tanto sobre ele. O Antonio Adán também e acho que é talvez a parte mais difícil de ser treinador e se calhar uma das razões para querermos ir para outro sítio, para não ter de tomar estas decisões e eu tomei essa decisão. Alvalade vai-se despedir do António, alguém que nós temos noção que só estamos aqui por sermos campeões no primeiro ano e deu-nos uma estabilidade diferente. E sem o Antonio não seríamos campeões, portanto tudo o que construímos a partir desse primeiro momento foi com o Antonio e por causa do Antonio estou aqui sentado a fazer parte de um momento também muito bom do clube e depois outras pessoas… o Filipe Çelikkaya, que o ano passado pedi para ficar mais um ano. Este ano ele tem de seguir o seu trajeto como treinador, o trabalho que ele fez com os miúdos, a forma como nós estreámos muitos jogadores, crescemos muitos jogadores. Muitas vezes ele a trabalhar com 12 jogadores, porque eu precisava de alguns para um exercício e limitava muito o trabalho dele. Fez um grande trabalho e acho que é momento de agradecer a essas pessoas, aos jogadores que tiveram o significado que tiveram e também ao Felipe Çelikkaya e à sua equipa técnica. Não lhes vou pedir para ficar mais um ano (risos), o João Pereira… isso depois será tratado também. Vai haver uma mudança, faz parte dos ciclos, e, portanto, eu não queria deixar passar e ser a primeira coisa a falar, que estas pessoas fizeram parte deste ciclo e que se vai iniciar outro ciclo.

O que é que correu bem nesta época, o que é que mudou de uma época em que o Sporting terminou muito mal, para uma época em que termina ainda a pensar em recordes já depois de ser campeão. Quais foram as grandes diferenças na sua visão e também outra questão sobre estreias nesta última partida em Alvalade, se vai promover mais alguma à semelhança do que aconteceu com Menino, por exemplo?

Deixaremos para o fim do jogo, se calhar, esse balanço, mas acho que não terminámos muito mal a época passada, terminámos num lugar muito mau, mas acho que o segredo desta época foi o fim da outra, ou seja, começámos ali uma sequência de muitas vitórias seguidas. Isso ajudou, porque toda a gente estava já a pensar, não apenas naquela época, mas na próxima época. Já falámos também de todos os erros que foram cometidos e também estávamos num momento difícil do clube e tivemos de vender jogadores, já no início do campeonato, e isso tirou-nos alguma qualidade nesse momento e algum foco naquilo que tínhamos de fazer. Nesse ano acho que foi tudo diferente, também ajudou o facto de vendermos o Ugarte e o Porro. Tínhamos uma estabilidade diferente e não precisámos de pensar ou deixar os planos para mais tarde e isso ajudou muito no planeamento. E depois a qualidade dos jogadores, o scouting acertou nas opções que nos deu para substituir jogadores importantes, portanto às vezes o planeamento ajuda muito a uma equipa começar bem e depois aquelas coisas que não controlamos. A vitória aos 96 com o Vizela, etc, etc. Foi-se criando uma onda, onde depois nós conseguimos e fomos muito consistentes a manter essa onda. Portanto eu diria… não deitámos tudo fora, apesar da má época, mas fomos construindo, aprendendo com os erros e esta época estamos a colher esses frutos. Ter isso em noção, porque às vezes acabar bem uma época não quer dizer que a outra corra tão bem, é ter isso na cabeça e continuar o trabalho como se nada fosse. As estreias, talvez o Chico, vendo assim, talvez o Chico, para a baliza.

Do ponto de vista um pouco mais pessoal, aqui há umas semanas disse, com um sorriso na cara, bater o recorde de pontos também tinha a ver com quem tinha o recorde de pontos, neste caso, o mister Jorge Jesus. A questão das vitórias em casa, terminar só com vitórias em casa, foi algo que o Sporting não consegue há muito tempo e que, este século, só foi conseguido por um tal de José Mourinho. Ou seja, à parte da importância que tem para o clube, para si, o treinador, que importância estes dois registos têm por estarem na posse de quem estavam antes?

De uma forma mais pessoal, pelo que vivi com o mister Jorge Jesus. E José Mourinho, nunca o escondi, é a referência de todos os treinadores e aquilo que ele construiu, a forma como mudou o treino. Às vezes fala-se de títulos, mas o impacto que teve numa nação, no treino em si, é um legado muito maior do que títulos. Isso é importante, mas eu só penso em ganhar para depois vencer a Taça de Portugal, sinceramente já não estou a pensar em mais nada e retribuir aos adeptos com uma boa exibição, com golos marcados, não sofrer golos e preparar da melhor maneira a Taça de Portugal, isso é o maior foco.

Qual é a situação clínica de Geny, Eduardo Quaresma e St. Juste? E falou que João Pereira ia assumir a equipa B… em abril disse para ter cuidado com ele, que ainda lhe tirava o lugar, agora ainda tem mais receio por estar já atrás na equipa B?

Eu falei, mas não devia ter falado… nenhum! Se calhar é a única maneira de eu sair daqui é isto correr mal (risos), mas vou dar tempo ao tempo, a direção é que tem de decidir essa coisas. Eu adiantei-me, porque descaí-me e aconteceu algumas vezes esta época. O João Pereira está a fazer os seus passos, acho que é um excelente treinador e tem todas as condições para ser treinador do Sporting. O Geny ainda não está apto, o St. Juste vai ser convocado, o Quaresma vai ser convocado, o Matheus Reis teve uma recaída.

Pote e Nuno Santos chamaram-no chatinho, a ser verdade, pergunto se um treinador chatinho não está preocupado com tantos momentos de celebração e de descontração, num momento em que há um título que o Sporting quer tanto vencer. E depois falou da possibilidade de João Pereira ficar com o seu lugar, os seus jogadores também falaram, acreditam muito que o Rúben vai ficar, deu a palavra aos seus jogadores que vai ficar?

Não, eu não simplesmente não falei mais nisso, desde a última situação que o Pedro Neves Sousa não estava cá e não esteve a par da situação. Não falei mais nisso, tenho contrato com o Sporting, eles sabem que eu gosto muito de estar cá, tenho uma ideia de como vamos jogar para o próximo ano, que mudança temos de fazer. Não tive uma conversa séria com eles, é a vida normal. O que nós fizemos, sabemos que não podemos impedir esta fase de festa, digamos assim, depois o departamento de comunicação também quis dar a toda a gente um bocadinho dos jogadores, para aproximar os adeptos das equipas e vocês estão sempre a reclamar disso. E como tínhamos duas semanas, isso não aconteceria se tivéssemos agora a lutar pelo título, acabaria este último jogo e teríamos esta situação de entrevistas, etc, isso não iria acontecer, porque tínhamos de preparar a Taça de Portugal. O que nós fizemos foi olhar para duas semanas onde sabemos, é possível evitar, fizemos os jantares que tivemos de fazer, demos as entrevistas que tivemos de dar. A partir deste jogo, porque vai haver festa e é impossível controlar isso, vamos entrar em modo final da taça, digamos assim. É algo que não conseguimos controlar, queremos aproximar os adeptos da equipa, queremos retribuir, queremos que conheçam toda a gente que fez parte do êxito do campeonato, mas a partir de sábado vamos entrar em modo Taça de Portugal. E, portanto, não tenho medo disso, é simplesmente o preço do sucesso e graças a Deus tivemos duas semanas para limpar todas essas distrações. Sou muito chatinho, porque tenho que ser, acho que não vão conhecer nenhum treinador no mundo que não seja chatinho, portanto eu tenho muito orgulho em ser chatinho.

Disse que não teve uma conversa séria com os jogadores, eu pergunto, seriamente, se no dia de hoje pode garantir que não vai fazer o último jogo em Alvalade. E o presidente do Sporting teve azar, o discurso foi gravado, ele já tinha dito várias vezes que é pouco inteligente atiçar o adversário, essas declarações podem funcionar contra o Sporting? Acabaram por não ser pouco inteligentes as declarações e conhecer o Sérgio Conceição como conhece há algum tempo, sente que isto é uma arma de incentivo para ele?

Começando já por aí, eu não vou falar pelo mister Sérgio Conceição. Eu utilizaria isso ao máximo para motivar os meus jogadores e depois aquilo que o presidente, e os meus jogadores já responderam muito bem, aquilo é uma conversa de balneário num jantar privado, onde uma filha de um órgão social gravou sem maldade. E, portanto, há coisas que não podemos controlar, podem dizer que podíamos ter tido mais cuidado, mas nós somos todos, quem trabalha na comunicação, no estádio, na academia, somos todos uma família, juntámos toda a gente e o presidente teve um discurso de balneário, portanto não vejo maldade nisso, não foi numa entrevista, não foi nada, foi num momento privado. Todos os presidentes, todos os treinadores, todos os jogadores usam isso no balneário e, portanto, não veja nada mais do que isso. Em relação à garantia, eu sou treinador do Sporting, nada mudou, eu não posso garantir que amanhã estou vivo, não posso garantir que a ideia, o que nós queremos, o que o treinador quer, é ficar no Sporting, seguir em frente, já estamos a preparar a época há muito tempo, esse é o foco. Volto a dizer que a ideia é ficar no Sporting e estamos a trabalhar para isso.

Podemos presumir que o Diogo possa jogar a final da taça, não sei se nos pode confirmar isso. O Sporting pode chegar às 29 vitórias, 90 pontos, se olha para esta equipa muito perto da perfeição, se acha que o Sporting fez um campeonato praticamente perfeito? E não sei se nos pode dizer o onze para amanhã, já que é uma pergunta muito habitual na última jornada.

Sim, eu posso-vos dizer o onze: vai jogar o Pinto, o Esgaio, o Neto, o Seba, o Inácio, o Nuno Santos, o Morita, o Hujlmand, o Trincão, o Viktor e o Pote. Essa vai ser a equipa de amanhã, o Antonio não pode jogar, está lesionado. O que eu quero é que as pessoas e o Antonio tenham um momento de acordo com a importância que eles tiveram no clube e, portanto, quero que toda a gente se despeça deles e que toda a gente saiba que estamos todos muito agradecidos ao que eles fizeram e por isso é que quis falar nisso. Eu acho que é difícil pedir muito melhor, os dois jogos que perdemos estivemos em vantagem, acho que podíamos ter ganho esses dois jogos e podia ter sido ainda mais perfeito. Volto a dizer, olhando para a época no fim, se não ganharmos a taça vai ser menos especial, vai ser um bom campeonato, onde o Sporting fez um bom campeonato, foi campeão. Se juntarmos a taça, acho que a equipa é relembrada de outra forma, será na mesma relembrada pelo número de pontos, o número de vitórias, se ganhámos todos os jogos em casa, mas se ganharmos a taça tornará essa equipa ainda mais especial e esse é o objetivo.

Falou na despedida de alguns jogadores importantes, do Adán, jogadores que foram alicerces durante este período. Pergunto-lhe, com estas saídas, quem são os outros jogadores que podem sustentar esta experiência no plantel, jogadores como Paulinho, como Esgaio, se são jogadores que podem sustentar essa continuidade, essa experiência não só dentro, como fora de campo. E gostava de lhe propor um exercício, na sequência deste título, olhando para o ano de 2020/21, esse plantel, com o mesmo treinador, para este, se fosse um jogo de encerramento de época quem estaria em vantagem e quem é que estaria mais perto de ganhar esse jogo?

Começando já por aí, acho que esta equipa levava vantagem, também porque o treinador é melhorzinho, nesta fase isso ajuda. Os jogadores têm mais tempo, porque jogaria Nuno Santos contra Nuno Santos e Pote contra Pote, e neste momento são melhores, mas seria um jogo bastante equilibrado. Uma equipa mais a atacar, outra mais a defender, uma equipa mais forte na transição ofensiva, outra equipa mais forte na transição defensiva, com jogadores mais rápido atrás, fortes na bola parada, portanto seria um jogo engraçado, o importante é que ganharia o Sporting. Em relação à experiência que vai ficar, todos os jogadores têm de se chegar à frente, vão sair dois capitães de equipa, mas o Dani é outro jogador, tem outra maturidade, o Pote, o Nuno Santos, apesar do feitio às vezes não ser do típico capitão, mas tem outra experiência. O Paulinho é o pai deles todos, digamos assim, no balneário, o Hjulmand é um líder, portanto teremos pessoas e jogadores para se chegarem à frente e acima de tudo temos um clube mais saudável, mais fácil de lidar, com outro apoio, com outra estrutura, coisa que o Neto e o Adán não tiveram no início e que ajudaram a construir, daí a importância deles, mas teremos gente para se chegar à frente nesse aspeto.

Há algumas semanas perguntei-lhe sobre a comparação entre os dois títulos, este primeiro e este último que conquistou. Agora que as contas estão fechadas, qual é o título mais especial, o primeiro por ter sido o primeiro ou este pelo que a equipa conseguiu fazer ao longo da época?

É difícil, é como escolher entre dois filhos, mas acho que vivi de uma forma diferente o primeiro. Este segundo, acho que já o disse, jogámos melhor, mas acho que o primeiro foi mais especial e consegui usufruir mais tempo. No dia que acordei a seguir à conquista do título, acho que já sentia um bocadinho o peso agora da exigência, a exigência é diferente no clube, e já sentia a exigência de ganhar a Taça de Portugal e, principalmente, de ganhar no próximo ano, de manter esta cadência de vitórias, portanto diria que o primeiro foi mais especial, também por todas as condicionantes. Este já não dá para usufruir tanto, porque já está um peso nas costas para conquistar mais.

Fonte: A Bola

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