Novas infecções por HIV superam em três vezes teto das metas globais em 2023

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O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids, revelou nesta quarta-feira que, em 2023, a estimativa de novas infecções por HIV alcançou 1,3 milhão de pessoas, superando em três vezes a meta de menos de 370 mil infecções estabelecida para 2025.

Apesar dos avanços significativos na África Subsaariana, no último ano, mais da metade das novas infecções por HIV ocorreram fora dessa região pela primeira vez.

Investimento em prevenção

O aumento das novas infecções é evidente em vários países, especialmente naqueles onde populações-chave, como homens que fazem sexo com homens, trabalhadores do sexo, pessoas transgênero e pessoas que usam drogas, são mais afetadas e o investimento em prevenção foi menor.

As populações-chave e seus parceiros sexuais agora representam a maioria das novas infecções por HIV em todo o mundo, subindo para 55% em comparação com 44% em 2010.

A Coalizão Global de Prevenção do HIV, GPC, estabelecida em 2017, está abordando a crise de prevenção. Com foco em 40 países, a coalizão de Estados-membros atua para fortalecer e manter o compromisso político para a prevenção.

Variação de progresso

Houve uma grande variação no progresso entre os países. Os maiores declínios ocorreram em países do leste e do sul da África, incluindo Quênia, Malaui e Zimbábue, onde novas infecções por HIV foram reduzidas em mais de 66%.

A expansão do acesso ao tratamento eficaz contra o vírus, combinada com um foco contínuo na prevenção primária, está impulsionando essas conquistas. Para a diretora executiva adjunta de Programas do Unaids, atualmente há uma gama ampla de opções de prevenção, incluindo tratamento antirretroviral de ação prolongada, injeção duas vezes por ano e oportunidades de comunicação sobre prevenção e saúde.

Acesso ao tratamento

Segundo o Unaids, as tecnologias de ação prolongada, como a profilaxia pré-exposição, PrEP, desempenharão um papel importante na prevenção de novas infecções nos próximos anos.

O acesso está aumentando, mas somente em alguns países. Cerca de 3,5 milhões de pessoas tiveram acesso à PrEP em 2023, em comparação com apenas 200 mil em 2017, mas isso continua muito aquém da meta de 10 milhões estabelecida para 2025.

Novos produtos de prevenção do HIV em desenvolvimento estão aumentando as expectativas devido à combinação de conveniência e alta eficácia. Entretanto, a chave é a acessibilidade e o preço acessível.

O custo das novas opções de PrEP injetável de ação prolongada e a velocidade com que elas são disponibilizadas para os usuários em potencial nos países mais necessitados serão fundamentais para expandir o acesso a essas tecnologias que salvam vidas.

Lacunas na prevenção

O Unaids aponta que há lacunas persistentes na cobertura da prevenção do vírus. Apenas 61% das áreas com alta incidência de HIV têm programas para mulheres jovens, menos da metade das profissionais do sexo e apenas cerca de um terço dos homens gays e outros homens que fazem sexo com homens e pessoas que injetam drogas têm acesso regular à prevenção nos países foco.

A agência da ONU lembra que os preservativos continuam sendo a ferramenta de prevenção do HIV mais eficaz e de baixo custo, mas a aquisição ou distribuição global em países de baixa e média renda caiu em média 27% entre 2010 e 2022. A aquisição por grandes doadores reduziu em média 32% nesse período.

A distribuição comercializada diminuiu de um pico de cerca de 3,5 bilhões de preservativos em 2011 para cerca de 1,8 bilhão em 2022.

Preservativos, PrEP, profilaxia pós-exposição, terapia antirretroviral para garantir a supressão viral e, assim, evitar a transmissão do vírus, redução de danos e circuncisão masculina médica voluntária são opções de prevenção que devem ser escolhas reais disponíveis para as pessoas em risco de infecção pelo HIV.

Recursos

Segundo o Unaids, também persiste uma enorme necessidade não atendida de recursos para programas de prevenção do HIV e facilitadores sociais em quase todas as regiões.

Estima-se que US$ 2,4 bilhões estavam disponíveis para programas de prevenção primária em países de baixa e média renda em 2023, em comparação com a necessidade estimada de US$ 9,5 bilhões em 2025.

O Unaids alerta que, se 1,3 milhão de pessoas continuarem a contrair o vírus da Aids todos os anos, a resposta se tornará mais desafiadora, mais complexa e mais cara em 2030 e 2050.

Por isso, a agência afirma que o aumento dos investimentos na prevenção do HIV, o fortalecimento da liderança política e a viabilização de ambientes jurídicos e políticos são urgentemente necessários para a implementação eficaz dos programas. 

Fonte: ONU

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