Os quase 50 anos de Independência provaram que dependência externa não pode desenvolver Moçambique, o País precisa de outras abordagens – Michael Sambo

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O Economista e pesquisador Michael Sambo afirmou no debate sobre os 49 anos da Independência de Moçambique, que a grande lição que se pode tirar desse marco é o facto de que a dependência externa não pode desenvolver Moçambique. 

Segundo o economista, Moçambique precisa de outras abordagens para além apenas da dependência externa.

Michael Sambo começava assim a apresentar o quadro sobre o que foram, na sua perspectiva, as principais experiências ou lições captadas do processo de abordagem económica que Moçambique tentou seguir nestes quase 50 anos da sua independência.

Michael Sambo apontou que desde o tempo colonial que a economia de Moçambique está voltada a interesses que não respondem ao desiderato do desenvolvimento interno. 

As indústrias foram mais de carácter extractivo, com muito básico processamento, portanto, sem muito valor acrescentado, para escoar os produtos praticamente primários e semi- primários para a colónia. Nesse caso, Portugal. E isto não era favorável a Moçambique.

E esta foi a marca que, segundo o economista, caracterizou Moçambique ao longo de mais de quase 500 anos de colonização. Esta situação, disse Sambo, não se alterou até o País alcançar independência em 1975, prosseguindo até o presente.

Com a saída em massa, colono que assegurava com a sua mão de obra qualificada a administração, Moçambique precisa organizar-se com cerca de 95% da sua população analfabeta. 

“E isso em si, penso eu, que foi relativamente tremendo”, afirmou.

Mas as políticas de desenvolvimento que viriam a ser tomadas não garantiram que o País se preocupasse em produzir para o consumo interno, expondo-o a de choques externos porque tudo o que o País consome é importado, incluindo até legumes como tomate, batata e cebola, que eram antes produzidos localmente.

O economista assinalou, no entanto, que nos últimos 49 anos, Moçambique teve ganhos porque a população cresceu significativamente.

“ É possível tirar dividendos do crescimento populacional, mas para isso era necessário um grande investimento ao nível do capital humano, quer em termos de educação, quer em termos de saúde, segurança”, disse Sambo.

Em termos de perspectivas, Michael Sambo, vê nas grandes descobertas de recursos naturais um grande potencial para Moçambique poder se desenvolver de forma rápida e significativa.

Mas isso depende de como essas riquezas serão exploradas e transformadas e os ganhos obtidos serão usados para investimentos que diversifiquem a economia.

“Uma economia afunilada, voltada para os recursos naturais…é uma transferência daquilo que foi o modelo colonial e praticamente prevaleceu ao longo do tempo”.

“E há que alterar este padrão”, rematou.

Para Sambo, diversificar a economia passa pela mecanização agrícola, desenvolvimento da indústria metalomecânica, indústria metalúrgica, produzir instrumentos para fornecer a agricultura, produzir ferro e outros materiais de construção.

“…em outras palavras, estou a advocar pela indústria de substituição das importações e que pode, com isso, maximizar as exportações”, 

Portanto, Michael Sambo, olha para  os cerca de 50 Anos de independência como um tempo suficiente que “nós podíamos ter tido para podermos crescer, desenvolver e nos autonomizarmos a ponto de podermos desenvolver a economia nacional”, não fossem os modelos de políticas ineficazes que foram a aposta dos vários governos, que entretanto os actuais continuam a perpetuá-las, quando ao invés de concederem benefícios a firmas nacionais, oferecem isenções a multinacionais, bem capazes de contribuir para o desenvolvimento de Moçambique.

Fonte: O Económico

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