Dérbi portuense foi a imagem de época de altos e baixos; muitos pontos salvos com fé e outros perdidos com tiros nos pés; cinco reviravoltas na Liga, oito no total das competições
O caráter dramático do triunfo do FC Porto sobre o Boavista, com um golo apontado por Taremi aos 90+8’, traduz o que tem sido a campanha dos azuis e brancos na Liga. O fascínio pelo abismo provocou a perda de muitos pontos e os momentos de superação, que foram também muitos, trouxeram à superfície a capacidade da equipa de Conceição de ir buscar forças às profundezas da alma.
Feito o balanço dos ganhos e prejuízos, é óbvio que as cinco reviravoltas operadas esta temporada pelos portistas no campeonato evitaram uma queda ainda mais abrupta na classificação. Por outro lado, e como o treinador tantas vezes alertou, os tiros dados nos pés pelo FC Porto e a incapacidade de traduzir em golos as oportunidades criadas levou ao quadro atual. O risco de igualar o 4.º lugar de 1975/76, com Mário da Costa no comando, existe, ainda que baste aos azuis e brancos um empate frente ao SC Braga para assegurar o terceiro posto que agora ocupam. Moreirense–FC Porto, 1-2, na 1.ª jornada), Rio Ave–FC Porto, 1-2 (3.ª), V. Guimarães–FC Porto, 1-2 (11.ª), FC Porto–Vizela, 4-1 (26.ª) e FC Porto–Boavista, 1-2 (33.ª) foram as reviravoltas do FC Porto na Liga. Houve outras três nesta temporada, contra o Santa Clara e V. Guimarães, na Taça da Portugal, e frente ao Antuérpia, fora, na fase de grupos da Champions.
Oito cambalhotas no marcador não constituem recorde no consulado de Conceição. Na época 2018/19 o FC Porto somou 10 vitórias com reviravolta. A questão de fundo é que, no que toca à Liga, os portistas deslizaram muitas vezes no fio da navalha. A diferença pontual para o segundo classificado, Benfica, resulta do melhor desempenho dos encarnados em casa. Fora, os dois rivais ganharam o mesmo número de pontos, 32, mas na Luz a equipa de Roger Schmidt somou 47, mais 10 que os azuis e brancos.
Quer isso dizer que o FC Porto perdeu 14 pontos no Dragão: em 17 jogos, venceu 11, perdeu dois, contra o Estoril e V. Guimarães e empatou quatro, diante do Arouca, Rio Ave, Famalicão e Sporting. Fora de portas, foram 16 os pontos perdidos. No total, 30 pontos desperdiçados que explicam a razão pela qual o FC Porto está tão longe dos dois primeiros classificados e sem hipótese matemática de superar os 80 pontos – o que aconteceu sempre na era Sérgio Conceição. Vencendo em Braga, o máximo que os dragões podem almejar é chegar aos 72 pontos.
Fonte: A Bola