Os preços do café continuarão a subir até meados de 2025 devido à escassez de oferta nos principais produtores, com os consumidores europeus a pagarem ainda mais pela sua dose de cafeína, à medida que forem entrando em vigor novos regulamentos sobre desflorestação.
As expectativas de uma nova quebra de produção no Vietname, o maior produtor mundial de robusta, estão a alimentar um aumento dos preços da variedade de grão utilizada em misturas e expressos, afirmou numa entrevista Giuseppe Lavazza, presidente da empresa de torrefacção de café Luigi Lavazza SpA.
A fraca colheita deste ano fez com que os torrefactores pagassem até 1000 dólares acima dos preços de futuros para os grãos do Vietname, acrescentou.
“Nunca vimos algo assim na história da nossa indústria”, disse Lavazza. “E o que é muito especial é o efeito duradouro disso.”
Os futuros da variedade subiram cerca de 60% este ano, atingindo um novo máximo de 4.667 dólares por tonelada na terça-feira, 09 de Julho. As preocupações com a próxima colheita estão a aumentar os receios quanto à oferta, depois de o tempo quente e seco em partes do Vietname ter danificado os cafeeiros no início deste ano.
As principais regiões de cultivo do Brasil também enfrentaram o peso do clima severo, elevando os preços do café arábico. Na terça-feira, 09/07, os futuros estavam a ser negociados em máximos de dois anos. As previsões foram reduzidas, uma vez que alguns agricultores colhem grãos mais pequenos do que o habitual, na sequência de secas ocorridas no final de 2023 que prejudicaram o desenvolvimento das culturas.
Os preços mais altos, combinados com o aumento dos custos de transporte devido a interrupções no Canal de Suez e um dólar mais forte, fizeram com que os custos da torrefadora italiana aumentassem mais de € 800 milhões (US$ 865 milhões) nos últimos dois anos, acrescentou Lavazza.
Com o Regulamento de Desflorestação da União Europeia (EUDR) a entrar em vigor no final do ano, “muitos intervenientes estão a comprar café um pouco mais cedo”, disse Lavazza, procurando contornar a exigência de provar que as suas cadeias de abastecimento não estão ligadas a terras que foram desflorestadas após 2020.
“Não há dúvida de que o café que os torrefactores europeus vão comprar vai custar muito mais”, acrescentou. “As empresas do sector do café estão a enfrentar ventos contrários muito fortes”.
Fonte: O Económico