Moçambique quer elevar os níveis de produção e comercialização do algodão, nos próximos anos, mediante o envolvimento de agentes do sector privado no fomento da cultura.
Entretanto, as perspectivas de evolução do sector de algodão em Moçambique dependem de vários factores, incluindo investimentos em infraestrutura, políticas de apoio agrícola, e condições de mercado global.
No que tange aos investimentos e infraestrutura, estes devem permitir uma melhoria na capacidade de processamento. Há investimentos em curso para modernizar as fábricas de descaroçamento, o que deve aumentar a eficiência e a qualidade do algodão processado no País
O Governo moçambicano e organizações internacionais, como o Banco Mundial, têm focado em melhorar o apoio ao sector agrícola, o que inclui o sector do algodão.
As reformas agrícolas para realinhar as políticas de apoio agrícola são, por conseguinte, vistas como essenciais para aumentar a produtividade e a competitividade do algodão moçambicano no mercado global.
A par disso, a componente da “Assistência Técnica e Financeira”, também é fundamental, para assegurar a assistência técnica e acesso a financiamentos para pequenos produtores, acreditando-se que isso pode ajudar a melhorar a produtividade e a renda desses agricultores.
Por isso, a capacitação contínua dos pequenos agricultores em técnicas agrícolas modernas e sustentáveis é vital para aumentar a produtividade e a qualidade do algodão.
As condições de mercado do algodão, constitui outra variável importante, na medida em que, a de demanda global por algodão e os preços internacionais influenciam directamente as receitas de exportação. Entretanto, a volatilidade do mercado pode apresentar desafios, mas também oportunidades dependendo das condições econômicas globais, dai que a expansão o acesso a novos mercados e a diversificação dos destinos de exportação pode ajudar a mitigar riscos associados à dependência de mercados específicos.
Em resumo, as perspectivas de evolução do sector de algodão em Moçambique são promissoras, mas dependem de investimentos contínuos, políticas eficazes de apoio e adaptação às condições de mercado e climáticas.
O Instituto do Algodão de Moçambique (IAOM) pretende identificar agentes económicos com capacidade e experiência técnica comprovada na produção agrícola para fomentar a cultura do algodão nas zonas algodoeiras, tendo já lançado um concurso público com efeito a partir da próxima campanha agraria 2024/2025.
Nos termos do concurso, são elegíveis singulares, empresas, organizações, como associações e cooperativas, que demonstrem possuir qualificações jurídicas, financeira, técnica e regularidade fiscal, através da apresentação da respectiva documentação comprovativa.
Em Moçambique o algodão representa uma das principais culturas de exportação, contribuindo para o crescimento da economia nacional.
A produção do algodão é feita em regime de concessão de área de fomento e comercialização, em que o Estado autoriza os agentes económicos para a promoção da produção e venda desta cultura junto de produtores num dado território. Actualmente o país dispõe de áreas com elevado potencial para a produção desta cultura, para concessionar a agentes económicos interessados, que incluem espaços novos e outros que no passado foram atribuídos a homens de negócios mas já revogados.
Refira-se que, num encontro realizado há dias em Maputo entre os representantes do Fórum Nacional dos Produtores de Algodão (FONPA) e da Associação Algodoeira de Moçambique (AAM), sob supervisão do Ministério da Agricultara e Desenvolvimento Rural (MADER), as partes entenderam que o algodão de primeira deverá custar 30,00 meticais por quilograma e 22 meticais para o de segunda.
O preço poderia estar ainda mais baixo, não fosse a compensação de cinco meticais que deverá ser assegurada pelo Governo para apoiar milhares de agricultores e incentivar a continuidade da produção do algodão no País.
No geral, o preço do algodão caroço a vigorar na presente campanha de comercialização registará uma redução de três meticais por quilograma, uma tendência influenciada pelo excesso de produção no mercado internacional desta cultura de rendimento.
Em 2023, as exportações de algodão em Moçambique renderam aproximadamente 110 milhões de dólares pela fibra e 15 milhões de dólares pelas sementes. O país produziu cerca de 184 mil toneladas de algodão em caroço e 70 mil toneladas de fibra durante a última campanha agrícola. Para a campanha actual, estima-se uma produção de 100 mil toneladas de algodão em caroço e 38 mil toneladas de fibra, com uma receita esperada de 70 milhões de dólares.
O mercado asiático é o principal destino das exportações de algodão moçambicano, e há investimentos em curso para aumentar a capacidade de descaroçamento e prensagem do algodão, visando melhorar a produtividade e as receitas de exportação.
O algodão tem um papel significativo na economia de Moçambique. Ele é uma das principais culturas de rendimento e uma fonte importante de emprego e renda para muitas famílias rurais. A produção de algodão envolve cerca de 250.000 pequenos produtores, que dependem dessa cultura como uma das principais fontes de subsistência.
Fonte: O Económico