PASSAM amanhã 64 anos do Massacre de Mueda, um dos últimos eventos de resistência ao colonialismo português antes do desencadear da luta armada de libertação de Moçambique.
Abordar os acontecimentos do dia 16 de Junho de 1960, em Mueda, na província de Cabo Delgado, é falar de um marco importantíssimo na intenção do povo moçambicano de conseguir a sua independência sem derramamento de sangue.
Há 64 anos, por volta das 17h00, um pelotão de soldados do governo português disparou metralhadoras e lançou granadas contra a população indefesa que, sem nenhuma manifestação de resistência ou fuga, assistiu a morte de mais de 600 pessoas, entre idosos, homens, mulheres e crianças.
Este acontecimento deu-se na sequência de uma reunião promovida pela União Nacional Africana de Moçambique (MANU), movimento que pretendia apelar a Portugal que desse independência ao nosso país, facto acolhido com repulsa pelo regime colonial e teve como resposta a matança generalizada da população de Mueda. Na lógica de Portugal, a chacina daquela população significaria reprimir a vontade dos moçambicanos dealcançarem a liberdade. Muito pelo contrário, o Massacre de Mueda tornou-se num símbolo de unidade e fonte de inspiração para todos os moçambicanos sobre a necessidade de se concentrarem no combate a este inimigo comum e, por essa via, chegarem à independência nacional.
Sem prejuízo da classificação dos historiadores, pode considerar-se Mueda como berço da luta de libertação nacional, pois o massacre de 1960 provou que a revolução era inadiável, havendo apenas a necessidade de compactar esforços e seguir numa luta movida por causas colectivas.
É nesta ordem de factos que, dois anos depois do acontecimento, já em 1962, nascia a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), movimento que surgiu do entendimento de que era impossível alcançar a autodeterminação de forma pacífica e dispersa, por isso se devia partir para a luta armada que iniciou a 25 de Setembro de 1964, precisamente em Cabo Delgado, quatro anos depois do evento histórico de Mueda.
Fonte: Jornal Noticias