Cuca fez sua estreia como treinador do Athletico-PR e após o jogo, participou de uma coletiva de imprensa. Diante das câmeras, o técnico deu seu pronunciamento sobre o caso de estupro em que esteve envolvido, no ano de 1989, na Suiça. Na decisão do processo, Cuca foi condenado – juntamente com outros jogadores – a 15 meses de prisão, por estupro coletivo de uma menor de 13 anos. Na época ele estava em turnê com o Grêmio, no país.
Apesar da sentença, o então jogador gremista ficou preso por poucos dias na Suiça. Cuca conseguiu retornar ao Brasil e o caso pouco afetou sua carreira como jogador e técnico. A vítima cometeu suicídio poucos anos depois do ocorrido.
Há cerca de dois meses, oTribunal Regional de Berna-Mittelland (Suíça) anulou a sentença contra Cuca e os demais jogadores, por falhas processuais. O tribunal se recusou a abrir um novo julgamento devido à prescrição do crime.
No ano passado, Cuca teve que renunciar o posto de técnico do Corinthians após protestos de torcedores do clube e de toda a equipe feminina profissional. Desde então, ele não havia sido contratado por qualquer outro clube, até a assinatura com o Athletico-PR.
Neste domingo, o treinador se pronunciou sobre o ocorrido, dizendo-se nervoso pela seriedade do assunto. Ele disse que contou com a colaboração da esposa e das filhas para compreender a dimensão e a profundidade do assunto. Na continuidade, Cuca leu o pronunciamento, pois afirmou que não queria errar. Ele iniciou: “Eu tenho escutado opiniões e tenho tentado entender o meu papel”, disse.
“Eu escolhi me recolher durante muito tempo, desde lá do passado e mesmo assim eu pude seguir minha vida. Uma mulher que passa por qualquer tipo de violência, não consegue seguir com a vida dela, sem permanecer machucada. O impacto dura para sempre”, afirmou.
Cuca acrescentou: “Eu pude levar a minha vida, contornando a história, porque o mundo do futebol, o mundo dos homens – em que eu vivo, não tinha me cobrado nunca, nada, durante todo aquele tempo, durante todos aqueles anos. Mas o mundo está mudando e acho que para melhor, e por isso estou me dando conta que não adianta eu ser um grande treinador, um grande pai, um grande avô, um grande marido, um grande irmão, um grande esposo se eu não entender que o mundo é feito de outras coisas além do futebol, e eu faço parte dessas coisas também. Eu enxergava os problemas, inclusive os recorrentes aqui no mundo do futebol e dos homens, mas eu me calei porque a sociedade também permitia que um homem se calasse… Permitia…”, afirmou o técnico.
“Eu entendo que não posso mais me recolher, ficar calado, porque o silêncio soa como covardia”, pontuou.
Cuca disse ainda, que tem se esforçado por se informar e aprender sobre o assunto, mas que não tem o poder de mudar o passado. O treinador finalizou, assumindo o compromisso de colaborar para que o mundo se torne um lugar seguro para todas as mulheres: “Quero ajudar, quero jogar luz sobre a gravidade e a seriedade da violência contra a mulher. Quero usar a voz que tenho. Ao mesmo tempo em que me educo, educar a outros homens, falando sobre esse tema”. Ele terminou o pronunciamento afirmando: “O que vocês vão ver daqui pra frente, de minha parte, não serão palavras, serão atitudes”.
Destacamos que grupos do movimento feminista cobram justiça em nome da vítima já falecida, afirmando que apesar da anulação da sentença, Cuca nunca foi inocentado das acusações.
Nosso desejo em Besoccer PT, é que toda a espécie de violência contra às mulheres possa ser punida dentro e fora do futebol. Sigamos juntos na defesa dos direitos das mulheres! Que possamos construir um mundo onde cada uma delas possa ser livre, respeitada e feliz.
Besoccer com as mulheres, dentro e fora dos campos! Lugar de mulher é onde ela quiser!!!
Fonte: Besoccer