FC Porto-V. Guimarães, 1-2 Mora no Dragão uma equipa com pronúncia do desnorte (crónica)

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FC Porto emocionalmente destroçado; Vitória sempre dentro do plano de jogo que traçou; nota alta para a argúcia de Álvaro Pacheco

O triunfo do Vitória no Dragão, que colocou ponto final a uma série de onze jogos sempre a ganhar do FC Porto, só poderá ser uma surpresa para quem não viu o jogo. Os vimaranenses foram a equipa mais serena e organizada, utilizaram uma estratégia que manietou de tal forma o ataque dos dragões que Bruno Varela, além do golo sofrido, só teve de fazer uma parada com alguma dificuldade, a um remate de Iván Jaime, aos 68 minutos, enquanto que a defesa da noite pertenceu a Diogo Costa quando, aos 41 minutos, evitou aquilo que parecia o 0-3, após remate de Kaio César.

Álvaro Pacheco leu bem o adversário, percebeu que ia defrontar uma equipa a jogar sobre brasas, e que teria o tempo a seu favor: quanto mais este corresse com um resultado positivo para os forasteiros, mais o FC Porto, dentro e fora do campo, ia ficar impaciente, e piores decisões tomaria. E o que fez, então, Pacheco? Tratou de travar a largura do ataque do FC Porto, que teve em Francisco Conceição o mais inconformado de todos, manietou um meio-campo fora de forma, a roçar a vulgaridade, e manteve sempre dois homens abertos na frente, para aproveitar a falta de velocidade de Pepe e Fábio Cardoso, sempre que tinham de dobrar os laterais.

Felizes no primeiro golo, os minhotos desenharam bem o segundo e o terceiro só não chegou porque Diogo Costa não deixou. Estava já Sérgio Conceição preparado para mandar a campo, de uma vez só, Zé Pedro, Taremi e Iván Jaime, quando o golo de Galeno, aos 44 minutos, o fez congelar as entradas do iraniano e do espanhol. E aos 56 minutos optou por trocar de lateral-direito (Sánchez por João Mário), não indo ao cerne da questão.

A sua equipa, apesar de ter mais bola, não criava situações de perigo. Aliás, foi o Vitória a colocar-se em risco, um punhado de vezes, com saídas de bola a partir de Bruno Varela, altamente temerárias. Mas mesmo resguardando-se no meio-campo, Pacheco nunca abdicou de ter dois jogadores na frente, e trocou Kaio por Nélson Oliveira aos 61 minutos, dizendo ao mundo que para defender melhor, muitas vezes é preciso apostar nos avançados. 

Se ainda havia quem tivesse dúvidas, depois do que foi visto na Amoreira, quanto à fragilidade emocional do FC Porto, a atitude de Pepe, ao fazer-se expulsar aos 69 minutos, por se dirigir ao árbitro em modos que este considerou ofensivos, por causa de um lançamento lateral a meio campo (!!!), tê-las-á dissipado.

A remontada que mesmo com onze contra onze se afigurava difícil, a partir do vermelho direto visto pelo veterano jogador, subiu à categoria de altamente improvável. O Vitória passou a ter mais espaço para trocar a bola a meio-campo, onde Tiago Silva foi um gigante, endossando-a, com critério, especialmente a Jota Silva, que justificou plenamente a internacionalização que ostenta. Os minutos finais, a que não faltou uma piscinada de Taremi, foram um suplício para os dragões, que se viam sem outra solução que não fosse a entrega de Francisco Conceição, que passou a andar por todo o lado, perante uma equipa serena e bem posicionada, que controlou as operações, e na fase final do encontro conseguiu manter o jogo longe da baliza de Bruno Varela, que acabou por ter uma noite muito mais descansada do que aquilo que imaginara.

A seis jogos do fim da Liga, com SC Braga e Vitória a dois pontos, e quando ainda tem de receber o Sporting e viajar à Pedreira, o que reservará o futuro próximo a esta equipa do FC Porto, que se colocou no fio da navalha?

Fonte: A Bola

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