O «silêncio cúmplice» envolve os jogadores do FC Porto que em campo nada protestaram?
E quando pensamos que se bateu no fundo, eis que, afinal, o poço era ainda mais profundo. A análise feita pela estrutura do FC Porto à arbitragem da derrota no Estoril já havia tocado os limites da alucinação, algo só possível de explicar pela tremenda desilusão que invadiu jogadores, treinadores e dirigentes perante a constatação do fim da linha na Liga, por conta da (inalcançável?) distância para os rivais. A revolta contra árbitros e VAR foi tal que, segundo o presidente, impediu Sérgio Conceição de falar na entrevista rápida e, mais tarde, na conferência de imprensa. Se a primeira até poderia entender-se, à luz do calor do momento, a segunda não tem justificação, porque em causa estão profissionais, pagos a peso de ouro e que, se 10, 15 ou 20 minutos depois não conseguem encontrar ferramentas que os acalmem, estarão, provavelmente, com problemas a requerer apoio especializado.
Não acredito que seja o caso; considero, ao invés, que foi decisão concertada para dar mais palco a um presidente em campanha eleitoral. Palco que voltou a ter em entrevista à SIC e na qual foi mais longe do que se poderia imaginar, ao alegar que há ligação entre as prestações dos árbitros nos jogos do FC Porto e a candidatura de André Villas-Boas.
Acreditei desde o início que, nesta corrida à cadeira de poder, sairia vencedor quem falasse menos. É que, pelo que se tem ouvido, o silêncio é mesmo de ouro; pelo menos, em oposição ao discurso gasto, provocador e indigno de uma instituição centenária como o FC Porto.
E, se já não bastasse, eis a comunicação do clube também a alucinar, quase a estrebuchar, acusando media e analistas de arbitragem de «silêncio cúmplice» por não terem visto que o livre do golo estorilista foi marcado seis metros fora do local devido… Sobre honestidade intelectual, ficamos conversados. E pergunto: esse «silêncio cúmplice» envolve capitães ou outros jogadores do FC Porto que não avisaram o árbitro de tamanho erro?
Fonte: A Bola