Mais que o talento, os principais argumentos que o extremo portista tem para vingar pela seleção do Brasil é a sua resiliência e capacidade de desarmar quem dele desconfia
Galeno foi formado num pequeno clube de Goiás chamado Trindade. Atravessou o Atlântico e entrou no FC Porto B em 2016, emprestado pelo Grêmio Anápolis, um clube-empresa. Era mais um a chegar à formação, sem muitas referências e que escapara do radar dos principais emblemas do Brasil. Na primeira época, o menino nascido longe dos centros de decisão, em Barra da Corda, Maranhão, fez 40 jogos, marcou 13 golos e fez seis assistências.
Em 2017, já com contrato assinado com o FC Porto, recebeu o Dragão de Ouro para Atleta Revelação do Ano. Fez a estreia pela equipa principal e depois foi cedido a Portimonense e Rio Ave, acabando negociado em 2019 para o SC Braga a troco de €3,5 milhões. Conceição não se opôs à transferência. Dois anos e meio depois voltou ao FC Porto pela mão do mesmo treinador para substituir Luis Díaz. Alguém esperava isto?
Quando se fala de Galeno é bom ter uma certa noção da montanha que teve de escalar até singrar no FC Porto, brilhar na Champions e ser convocado para a seleção do Brasil. Isto depois da ansiedade de estar em todas as pré-convocatórias na era Roberto Martínez, sem nunca se fixar na lista final da Seleção Portuguesa. O Brasil dos egos inchados, tantas vezes minado por uma geração de grandes estrelas sem um pingo de humildade, vai levar um abanão com Dorival Júnior.
Evidentemente, os estatutos ditam leis na seleção brasileira, mas sentem-se ventos de mudança a soprar fortes. Vai ser preciso correr mais, ter mais coração. De génios está o Brasil bem servido, é necessário introduzir algum sentido de equipa. É neste detalhe que Galeno joga a sua sorte – a mesma ideia aplica-se a Wendell e a Pepê. Se for uma experiência fugaz, será a experiência de uma vida, o pináculo de uma carreira, a mais bela página da sua vida. Dissemos fugaz? Vamos ver se é…
Fonte: A Bola