BVM: 2023 fim de um ciclo, para os próximos 25 anos defende-se medidas ‘arrojadas e transformativas’

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O mercado financeiro moçambicano vivenciou em 2023 um marco importante da sua história recente, por ter sido o ano em que se assinalou os 25 anos da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) e, mais do que isso, marcou o fim de um ciclo de funcionamento da instituição como Instituto Público, passando a operar como uma Sociedade Anónima a partir do presente ano

O Presidente do Conselho de Administração da BVM, Salim Valá, refere-se a efeméride e ao desenvolvimento institucional verificado, a transformação em sociedade anónima, como resultando numa instituição cada vez mais próxima dos empresários e investidores, adoptando uma perspectiva comercial, melhorando a sua governação e estando melhor preparada para tomar decisões atendendo aos sinais do mercado e dentro de uma lógica empresarial.

Salim Valá diz que para 2024, tendo em perspectiva a consolidação do novo perfil institucional, a BVM, SA, a instituição vai priorizar acções, entre outras, a implementação de um “novo dinamismo no reforço da capacidade interventiva e de gestão da instituição, incluindo a dinamização do mercado secundário e a capacitação dos recursos humanos”.

A BVM diz que vai estruturar e implementar uma robusta estratégia comercial, de marketing e de ligação com os clientes, reforçar as parcerias existentes.

A agora empresa BVM-SA, propõe-se, neste seu novo ciclo, prosseguir e dar maior ímpeto, ao movimento de, designadamente, atrair mais empresas e investidores para usarem o mercado de capitais, a Bolsa de Valores e a Central de Valores Mobiliários, levar a cabo acções visando a internacionalização da BVM SA e atrair mais investidores estrangeiros, para alem da introdução no mercado novos produtos, serviços e instrumentos financeiros.

Particularmente no que concerne a introdução de novos produtos e instrumentos financeiros, a BVM aponta casos concretos a serem operacionalizados nos curto e médio prazos, designadamente, as Obrigações Sustentáveis, as Obrigações Municipais, as Obrigações Universitárias, as Obrigações de Renda, bem como os Certificados de Depósitos, os Fundos de Investimento e o Mercado de Créditos de Carbono, entre outros.

Se as Bolsas de Valores são consideradas, em outras praças financeiras, barómetros das economias e incontornáveis centros de negócios com ética, transparência e boa governação, onde parte significativa da dinâmica empresarial gira em redor delas, o que ainda não acontece no mercado moçambicano, entre outras razões, devido ao facto de ser pouco profundo, com reduzida liquidez e volume de negócios, a questão que emerge é “como mudar este cenário nos próximos anos?”

Salim Valá diz que, para tal, é preciso que a economia volte a crescer ao nível do seu potencial (com uma taxa de crescimento do PIB de 7-8% ao ano), resultado do incremento da produtividade em vários sectores. “Entretanto, esse crescimento deve ser inclusivo e sustentável, e que resulte no fortalecimento das empresas, na melhoria da sua gestão e governação, na manutenção da estabilidade macroeconómica e melhoria do ambiente de negócios”.

“No futuro, com a implementação de estratégias de promoção da diversificação económica e da industrialização, a BVM melhor potenciada e interventiva pode jogar um papel de relevo na melhoria do desempenho empresarial, na redução da dependência externa e na emancipação económica dos empreendedores do País”. Perspectiva Salim Valá.

Para alem do contexto macroeconómico, o PCA da BVM, defende ser importante a tomada medidas, que qualificou de “arrojadas e transformativas”, ou seja, “medidas de políticas que induzam o desenvolvimento do mercado de capitais como parte dos esforços para o fortalecimento e diversificação do sector financeiro”.

Exemplifica que, a prevenção e combate ao branqueamento de capitais, a formalização da economia, a democratização do capital, o alargamento da base tributária e a promoção do capitalismo popular podem-se fazer, também, através da Bolsa de Valores, “desde que se assegure que certos tipos de empresas devem ser listadas em bolsa ou possam ser induzidas a usar a plataforma da bolsa”.

“Temos estado a defender, há alguns anos, que os bancos, as seguradoras, as concessões empresariais, as parcerias público privadas, as empresas de telefonia móvel, as empresas do Sector Empresarial do Estado, as empresas de exploração de recursos naturais e outras operando em ramos sensíveis da economia, deviam ser “instadas” a cotar-se em bolsa”.

“Isso a acontecer, o mercado de capitais e a bolsa cresceriam de forma significativa, em benefício do empresariado nacional, mas isso requer a

Volvidos mais de 25 anos de funcionamento efectivo, questionado sobre que Bolsa de Valores se deseja para o futuro, Salim Valá é perenptório:

 “Assume-se que se pretende uma bolsa que ajude a desenvolver as empresas e a economia moçambicana, fornecendo o oxigênio para as empresas poderem respirar com normalidade e assim materializar os seus planos de negócios”.

Sobre o facto de 2024 estar a ser encarado como   um ano de viragem para a BVM, Salim Valá explica que o ano será marcado pelo prosseguimento e consolidação da transformação institucional da BVM como empresa de capital aberto

O timoneiro da BVM, em resposta optimista, afirma que “será um ano de sucessos, de resultados expressivos, de um grande salto qualitativo e com grande impacto na economia e no sistema financeiro”

A despeito da confiança e convicção que tem, Salim Valá, mais realístico, adverte que, não teremos, a curto prazo, uma bolsa mais líquida, com maior volume de negócios e com maior profundidade em cerca de 9 meses. Não obstante os resultados encorajadores alcançados pela Bolsa, há desafios estruturais e conjunturais a serem enfrentados e vencidos ao nível da economia, do seu sistema financeiro, no domínio do mercado de capitais e na própria Bolsa de Valores”.

Salim Valá apela:

 – “Se tomarmos as decisões adequadas hoje podemos colher os seus resultados mais cedo, sobretudo num contexto em que os empresários se queixam do custo elevado do dinheiro. Olhar com maior optimismo para o futuro de Bolsa de Valores exige um nova e inovadora abordagem estruturante, intervindo ao nível de todo o ecossistema para criar o clima que permita sair das actuais 16 empresas cotadas para 30 em Dezembro de 2028, evoluindo de uma capitalização bolsista de 26,31% hoje para 35% em finais de 2028 e dos 25.540 titulares registados na Central de Valores Mobiliários (CVM) para cerca de 50.000 a 31 de Dezembro de 2028”.

Fonte: O Económico

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