Eliminatória resolvida e gerida com tranquilidade; falhanços e penálti deram empate; nada preocupante, mas… e se acontece na Liga?
Rara é a equipa, por mais forte que seja, a salvo de jogos como este. Domínio completo de todas as fases do jogo, criação de oportunidades para golear, noção clara da superioridade sobre o adversário mas… resultado adverso.
É certo que este não foi, matematicamente, um resultado adverso, já que permitiu ao Sporting passar com toda a naturalidade aos oitavos de final da Liga Europa. Mas não será fácil retirar de cima dos jogadores, da equipa técnica e dos adeptos o fantasma de outros jogos assim. A possibilidade de encontrar, na maior luta leonina, a Liga, um adversário inferior, dominado, mas que no final das contas acabe por conseguir um empate ou mesmo uma vitória.
O Young Boys foi digno. Fez o que sabe e pode – muito pouco, em comparação com os leões–e teve o prémio de consolação perto do final do jogo, quando só perdia por 0-1 em vez de um lógico 0-3 ou 0-4 e aproveitou um penálti negligentemente cometido por Marcus Edwards, que até estava a assinar (mais) uma boa partida, apesar de um de dois falhanços épicos do Sporting – o do inglês aos 45+2 minutos, outro de Daniel Bragança aos 63.
Ancorado na boa vitória obtida há uma semana na Suíça (3-1), Rúben Amorim promoveu uma previsível rotação da equipa, poupando em primeira instância Coates, Pedro Gonçalves, Morita e Nuno Santos. Deu mais minutos a Bragança, devolveu Diomande ao onze e recolocou Matheus Reis na esquerda. Tudo normal, até porque este Sporting tem conhecido vários formatos e nem por isso passa ao lado do sucesso.
A primeira parte foi de controlo absoluto, mesmo que em baixa rotação. Os jogadores da equipa portuguesa correram quanto baste para dominar os suíços a todos os níveis e chegaram ao golo cedo, através do inevitável Gyokeres, o homem que a cada arrancada mexe com toda a equipa, com o jogo e com o adversário.
O Young Boys só aos 26 minutos chegou perto da área leonina, num remate tão fraco quanto a qualidade e a ambição demonstradas nesta eliminatória, direitinho para as mãos de Adán. O Sporting não era avassalador, mas poderia perfeitamente ter chegado ao intervalo com vantagem mais dilatada.
Após o descanso, a equipa da casa colocou ainda mais gelo no jogo. Deixou, inclusivamente, o Young Boys chegar-se um nadinha à frente. Concedeu mais espaço, recuou ligeiramente as linhas mas perante a inépcia suíça encontrou formas de continuar a criar oportunidades de golo. Só que continuou a falhar, incluindo um penálti que, desta vez, Gyokeres não conseguiu transformar.
Não havia drama à vista e os minutos iam passando, até que veio a tal mão de Edwards. Ganvoula, entrado na segunda parte, não perdoou como Gyokeres e estabeleceu o resultado final, que mesmo assim ainda poderia ter sido alterado em mais uma ou outra ocasião leonina.
Já se viu que nenhum problema de maior adveio deste resultado, embora possamos sempre pensar que somar pontos para o ranking de Portugal na Europa não é, por estes dias, uma má ideia, dado que a Holanda já nos ultrapassou e a Bélgica anda por ali à espreita.
Há, porém, a tal nuvem que pode ter ficado a pairar sobre os sportinguistas numa fase crucial da época: e se na corrida ao título nacional surge outro jogo como este?
É certo que o que sucedeu em Alvalade terá tido tudo a ver com a tranquilidade inerente a uma eliminatória praticamente ganha há uma semana. O esforço dos jogadores durante uma época é questão muito séria e qualquer ocasião para retirar o pé do acelerador será bem vista por todos – dos próprios futebolistas aos treinadores, passando por médicos, dirigentes e fisiologistas. Os adeptos é que gostam menos, mas se o resultado final for positivo nunca mais alguém se lembrará deste empate inócuo com o Young Boys.
Amorim não vai dramatizar, claro. Mas vai por certo avisar as tropas.
Fonte: A Bola