Índice de Desenvolvimento Humano 2023-2024 revela aumento de desigualdade e polarização, Moçambique subiu dois lugares

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O desenvolvimento humano a nível global está em recuperação, mas esse desempenho tem sido parcial, incompleto e desigual. A situação piora a distância entre países ricos e pobres e alimenta a polarização política, segundo o Relatório do Índice do Desenvolvimento Humano de 2023/24. 

O estudo cujo relatório se apresenta sob titulo “Rompendo o Impasse: Reimaginando a cooperação em um mundo polarizado”, traz a classificação actualizada de 191 países com base no Rendimento Nacional Bruto per capita, educação e esperança de vida. O lançamento foi feito nesta quarta-feira, 13/03, pelo Programa da ONU para o Desenvolvimento, PNUD.

Moçambique ocupa agora a posição a 183, saindo da posição 185 no anterior relatório

Impacto da polarização no desenvolvimento

O PNUD destaca que os países ricos registam níveis recorde de desenvolvimento humano, no entanto, metade dos países mais pobres do mundo retrocederam, permanecendo abaixo do nível de progresso anterior à crise da Covid-19.

Conforme mencionado no relatório, quase 40% do comércio mundial de bens está concentrado em três ou menos países. Além disso, em 2021 a capitalização de mercado de cada uma das três maiores empresas de tecnologia do mundo ultrapassou o valor do Produto Interno Bruto, PIB, de mais de 90% dos países naquele ano.

O Secretário-Geral da ONU afirmou que o mundo vive uma “era de polarização” que está a afastar a possibilidade de cooperação em temas urgentes como resolução de conflitos e crise climática e tem um “impacto devastador no desenvolvimento sustentável”.

António Guterres disse que o relatório revela que a “melhor esperança para o futuro é combater a retórica divisionista e destacar objectivos comuns que unem a grande maioria das pessoas em todo o mundo”.

“Paradoxo da democracia”

De acordo com o administrador do PNUD, Achim Steiner, o “fracasso da acção colectiva” para fazer avançar o combate à pobreza e às desigualdades “não só prejudica o desenvolvimento humano, mas também agrava a polarização e corrói ainda mais confiança nas pessoas e instituições em todo o mundo.”

O relatório argumenta que o avanço da acção colectiva internacional é dificultado por um emergente “paradoxo da democracia”. Embora nove em cada 10 pessoas em todo o mundo apoiem a democracia, mais da metade dos entrevistados expressaram apoio a líderes que poderiam prejudicar a ordem democrática.

Os autores citam ainda pesquisas que indicam que os países com governos populistas têm taxas de crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, mais baixas. Quinze anos após a posse de um governo populista, o PIB per capita é considerado 10% menor do que seria em um cenário de governo não populista. 

O documento revela um “sentimento de impotência”, pois 68% das pessoas relatam que consideram ter pouca influência nas decisões do seu governo. Os autores argumentam que essa tendência, somada à polarização alimenta abordagens políticas “voltadas para dentro”

Riscos para a cooperação internacional

Esse movimento é considerado preocupante, por estar em desacordo com a cooperação global necessária para abordar questões urgentes como a descarbonização das economias, uso indevido de tecnologias digitais e conflitos. 

“Apanhada no turbilhão antiglobalização, a cooperação internacional está sendo politizada”, afirma o levantamento.

O relatório sublinha que a “desglobalização” não é viável nem realista no mundo de hoje. O PNUD ressalta que nenhuma região está perto da auto-suficiência, uma vez que todos dependem de importações de outras regiões de 25% ou mais de pelo menos um tipo importante de bens e serviços.

Segundo Steiner, “em um mundo marcado pela crescente polarização e divisão, negligenciar o investimento mútuo representa uma grave ameaça ao nosso bem-estar e segurança. As abordagens proteccionistas não podem resolver o problema complexo, desafios interligados que enfrentamos, incluindo a prevenção de pandemias, as alterações climáticas e a regulamentação”. 

O PNUD apela por uma “nova geração dos bens públicos globais”, composta por quatro eixos: o planetário, para estabilidade climática, o digital, para a equidade no acesso a novas tecnologias, o financeiro, para fortalecer a assistência humanitária e o desenvolvimento, bem como a redução da polarização e desinformação. 

Fonte: O Económico

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