A Assembleia Geral da ONU recebeu uma plenária informal sobre o G20 nesta terça-feira. O diplomata brasileiro Mauricio Carvalho Lyrio defendeu o papel do grupo das 20 maiores economias globais na promoção do diálogo e da cooperação internacional para buscar soluções para as crises atuais.
Este ano, o Brasil lidera o G20 e está promovendo uma agenda de eventos até a reunião da cúpula, que deve acontecer em novembro, no Rio de Janeiro. Segundo o embaixador, o país quer colocar o combate às desigualdades no centro das discussões entre os países membros.
Desigualdade como desafio global
Com o tema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”, o diplomata responsável pela preparação do G20 afirmou que a desigualdade poderia resumir os desafios globais. Para ele, essa é a causa de várias crises e principal fator de agravamento. Lyrio adicionou que o Brasil colocou a questão da desigualdade, em todas as suas formas, no centro da agenda do grupo.
Em entrevista para a ONU News, ele reforçou que o Brasil acredita que o G20 deve fortalecer a ONU e quer apresentar propostas concretas e de impacto durante a presidência do grupo.
“A gente já tem trabalhado nas propostas muito concretas. O presidente Lula foi muito direto nisso. Ele nos disse, desde o ano passado, que ele queria um G20 focado em poucos e bons objetivos, uma visão pragmática de atingir resultados que façam diferença para a vida das pessoas. E é por isso que a gente tem trabalhado na Aliança Global contra a Fome e também na força tarefa de mobilização contra a mudança do clima, que são temas centrais e que dizem respeito à vida de todos.”
Em seu discurso, Lyrio falou sobre o trabalho conjunto do G20 com as Nações Unidas para encontrar soluções para problemas globais. Ele enfatizou que o fórum das maiores economias do mundo é importante para estabilizar a economia e desempenham o papel de promover o diálogo para prevenir crises e encontrar soluções para os problemas globais.
O diplomata avalia que o G20 não tem os meios nem os membros necessários para substituir um fórum multilateral já existente, mas pode atuar como um canal para reunir vontade política rumo a mudanças concretas.
Lyrio também destacou as relações entre o Brasil e a União Africana, que acaba de chegar ao Grupo dos 20, para cooperação técnica e financiamento de políticas públicas de enfrentamento à fome.
Prioridades
O sherpa brasileiro, termo diplomático para se referir ao oficial designado para preparar cúpulas e reuniões internacionais em nome de um governo, listou as prioridades do país para o G20.
A primeira é a inclusão social e o combate à fome e à pobreza, seguida por transições energéticas e promoção do desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental e a reforma das instituições de governança global.
Assim, ele explica que o Brasil propôs um plano com base nas presidências do G20 da Indonésia e da Índia para trazer o desenvolvimento de volta ao centro da agenda. Lyrio ainda destacou duas iniciativas, uma aliança global contra a fome e a extrema pobreza e a resposta a mudança climática.
Sobre o multilateralismo, ele afirma que o Brasil quer revigorar e promover a reforma das instituições de governança global. Lyrio concluiu afirmando que os desafios globais estão interconectados e só podem ser enfrentados por meio de um “multilateralismo revigorado, reformas e cooperação internacional”.
Ele adicionou que a comunidade internacional já provou sua capacidade de reagir a crises graves e de reformar as estruturas da governança global. Em sua avaliação, o G20 deve dar sua contribuição para uma discussão séria sobre as atuais estruturas de governança global e colocar o desenvolvimento sustentável novamente no centro da agenda mundial.
Estrutura financeira global
Na abertura do evento, o presidente da Assembleia Geral, Dennis Francis, observou que “à medida que continuamos a buscar maneiras de infundir algumas novas perspectivas em nosso sistema multilateral, todos nós esperamos ouvir sobre os planos do G20 para reforçar a estabilidade global e fortalecer a governança internacional durante esses tempos desafiadores”.
Francis também falou sobre o pedido do secretário-geral da ONU de um “novo momento de Bretton Woods”, enfatizando que países em desenvolvimento devem ter suas necessidades priorizadas na estrutura financeira global.
Fonte: ONU