“O Fórum MOZEFO 2017 dedicará uma sessão plenária ao tema ‘A inclusão social como alavanca para o desenvolvimento sustentável’”
A elite mundial reuniu-se, em Janeiro deste ano, para a 47ª edição anual do World Economic Forum, em Davos, na Suíça. Esta edição decorreu na sombra da tomada de posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que acabou por ser tema recorrente ao longo dos debates e intervenções, dada a incerteza que se associa ao seu mandato e o impacto global que as medidas apresentadas em campanha possam vir a ter. No que respeita às principais temáticas que acabaram por definir o encontro de Davos 2017, três destacaram-se, especialmente: globalização, tecnologia e desigualdades. O tema da globalização foi abordado na perspectiva dos mais recentes acontecimentos políticos, como a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, e o Brexit, no Reino Unido. Em ambos os casos, estamos perante exemplos de crescente nacionalismo e proteccionismo, em clara oposição aos ideais da elite política mundial, que vê o eleitorado rejeitar, cada vez mais, as suas políticas e ideias. Neste contexto, coube à China a defesa do comércio livre internacional, através de Xi Jinping, o primeiro presidente chinês a participar no World Economic Fórum, e que levou consigo a maior comitiva de delegados. Os riscos de uma guerra comercial global, em que os Estados Unidos e a China assumiriam os papéis principais, foram amplamente discutidos, destacando-se a dura intervenção de George Soros, que disse que Trump é um aspirante a ditador que vai certamente iniciar uma guerra comercial. O tema da tecnologia foi abordado através do impacto transformador que tem tido ao nível da produtividade e do trabalho. Hoje, produz-se mais do que nunca, mas com cada vez menos trabalhadores, o que acarreta um elevado risco social, pois muitos trabalhadores que vão sendo substituídos por soluções tecnológicas não estão preparados para a transição a outras áreas de actividade geradoras de emprego. Esta temática foi amplamente discutida num painel sobre a 4ª revolução industrial, o qual alertou para o facto de a tecnologia poder vir a ser o principal agente de desequilíbrio para a economia global. A temática da tecnologia será também alvo de debate no Fórum MOZEFO 2017, numa sessão plenária subordinada ao tema “Economia digital e os desafios do conhecimento”. A tecnologia hoje disponível é cada vez mais poderosa e o seu impacto cada vez mais transformador, oferecendo cada vez mais possibilidades de acesso ao conhecimento, sendo sobretudo um importante instrumento de inclusão social. Estes serão os pontos centrais do debate marcado para o dia 23 de Novembro. As desigualdades foram apontadas como o maior risco para a economia mundial em 2017, no decorrer da 47ª edição do World Economic Forum. O fosso entre ricos e pobres tem crescido e a acumulação de riqueza é cada vez maior para o 1% do topo da pirâmide. Christine Lagarde, directora do Fundo Monetário Internacional, destacou-se pela sua intervenção sobre esta temática, afirmando que tem realizado esforços no sentido de colocar a questão como uma prioridade para a instituição que dirige. Apesar do contexto geral se ter caracterizado pela incerteza e medo quanto ao futuro próximo, houve, no entanto, um painel que se destacou pela mensagem positiva que passou. O ponto de partida deste debate foram os resultados do estudo anual da Global Shapers Community, que avalia o contributo dos cidadãos para o desenvolvimento dos seus países. O estudo revela que, de uma maneira geral, 70% das pessoas têm uma visão optimista relativamente ao seu futuro e que metade dessas pessoas acreditam que podem desempenhar um papel activo na tomada de decisão nos seus países. Num debate moderado pela jornalista da BBC Zeinab Badawi, foi discutida a forma como os líderes políticos podem apoiar-se no conceito de cidadania para construir perspectivas positivas para o futuro dos seus países. Neste contexto, não posso deixar de fazer um paralelismo com os objectivos que o MOZEFO – Fórum Económico e Social de Moçambique tem ao criar uma plataforma que fomenta a sintonia entre os órgãos decisores públicos e privados na identificação dos principais desafios de Moçambique para um crescimento económico acelerado, inclusivo e sustentável. Neste âmbito, emerge um pilar fundamental do MOZEFO, que é o da inclusão e participação. É evidente que, nos últimos anos, tem sido assumida por toda a comunidade internacional a preocupação com a necessidade e a importância em promover a inclusão social para acelerar o crescimento económico. Contudo, não existem ainda estratégias e guias práticos com as linhas de acção necessárias para promover tal inclusão, bem como a participação dos cidadãos, pelo que foi com esse propósito que o World Economic Forum lançou nesta edição um relatório sobre o crescimento inclusivo e o desenvolvimento, intitulado “Inclusive Growth and Development Report 2017” com o objectivo de apresentar um estudo comparativo entre economias de vários país que permita avaliar as políticas e linhas de acção adoptadas e os respectivos impactos nos níveis de inclusão e resultados em termos de crescimento económico. Este relatório constitui a primeira tentativa de avaliação dos níveis de inclusão social, apresentando resultados muito significativos que serão alvo de análise pela equipa do MOZEFO, num artigo a publicar neste espaço. Inclusão social na agenda do MOZEFO A inclusão social assume particular importância nos países em desenvolvimento, como é o caso de Moçambique, uma vez que representa um objectivo de política social orientada para o crescimento económico, com vista a superar os níveis de pobreza e de desigualdade social. O desenvolvimento de qualquer país obriga à remoção dos obstáculos que impeçam os cidadãos de realizar o seu potencial, estejam eles associados à alimentação deficiente, à educação incompleta ou à saúde precária, motivadas pela falta de acesso às condições essenciais para o normal desenvolvimento das capacidades humanas. Neste contexto, o Fórum MOZEFO 2017 dedicará uma sessão plenária ao tema “A inclusão social como alavanca para o desenvolvimento sustentável”. Neste painel, serão discutidas e debatidas as alternativas para uma política de inclusão centrada no ser humano e que possibilite uma associação entre os sectores público, privado e sociedade civil, centrada no equilíbrio como melhor princípio para gerar o crescimento de uma nação.
Fonte: O Pais -Economia