Comissário Europeu defende: Europa deve reconhecer papel da escravatura para superar racismo

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O COMISSÁRIO para os Direitos Humanos do Conselho da Europa defendeu ontem que só quando a Europa reconhecer que a escravatura do passado está na origem da actual discriminação contra os negros será possível superar o racismo.

“Aqueles que não o fizeram devem reconhecer publicamente que a escravidão, o comércio de escravos e o colonialismo são uma das principais fontes de discriminação actual contra os negros. Esta é uma condição ‘sine qua non’ para superar a ‘Afrofobia’”, referiu Nils Muiznieks num texto divulgado pelo Conselho da Europa intitulado “Afrofobia: a Europa deve enfrentar este legado do colonialismo e do tráfico de escravos”.

Para o comissário, “a escravidão humana e o comércio de escravos foram traições terríveis na história da humanidade que ainda lançam uma sombra na Europa” e o colonialismo “formou as sociedades europeias durante séculos e levou a preconceitos e desigualdades profundamente enraizadas. As suas consequências ainda hoje são amplamente ignoradas ou negadas”.

“É inquietante notar que, em vários países europeus, a retórica usada por certos partidos e políticos pode ser qualificada como discurso de ódio. Há, infelizmente, uma série de exemplos em que políticos atacaram os seus colegas negros com abuso racista”, referiu Muiznieks.

De acordo com o responsável, a rejeição da diversidade também tem um potencial efeito dissuasivo sobre aqueles que se podem engajar na política, perpetuando a sub-representação dos negros na política a nível nacional e europeu.

“CHEGAR A UM ACORDO COM SEU PRÓPRIO PASSADO”

“Os políticos, os jornalistas e os criadores de opinião têm um papel particularmente importante a desempenhar ao não permitir que tais intolerâncias e o ódio proliferem. Devem ser encorajados a abster-se de estereótipos negativos e a promover valores baseados nos direitos”, afirmou.

Muiznieks sublinhou ainda o preconceito contra os imigrantes que chegam à Europa e que fogem de conflitos e também contra os imigrantes negros, que fogem da pobreza, referindo o discurso xenófobo de muitos políticos que pedem o fechamento das fronteiras europeias.

Nos seus relatórios anuais de 2014 e 2015, a Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância (ECRI) observou que os testes de discriminação mostraram que as pessoas negras em toda a Europa geralmente são muito menos propensas a obter contratos de emprego ou habitação devido à cor da pele.

O comissário declarou que “a posição dos negros na Europa precisa de ser fortalecida, independentemente de se tratar de migrantes recentes de África ou comunidades negras já estabelecidas. Os Estados europeus devem primeiro chegar a um acordo com seu próprio passado”.

Segundo o comissário, “é hora de prestar mais atenção e investir mais no avanço da inclusão social, da igualdade e do empoderamento dos negros na Europa”. – LUSA

Fonte:http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/internacional/69789-comissario-europeu-defende-europa-deve-reconhecer-papel-da-escravatura-para-superar-racismo.html

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