Dólar cai face ao Yen, mercados asiáticos enfrentam volatilidade com a aproximação da decisão do Fed

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O dólar norte-americano registou uma queda de 0,67% em relação ao iene japonês na quarta-feira, refletindo as incertezas que dominam os mercados globais à medida que os investidores aguardam uma decisão crucial do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos sobre o futuro das taxas de juro. Este declínio do dólar ocorreu após um aumento de 1,26% na terça-feira, impulsionado pelos dados robustos das vendas a retalho nos EUA, que inicialmente reduziram as expectativas de um corte agressivo das taxas de juro. No entanto, o mercado permanece dividido entre um corte de 25 ou 50 pontos-base.

Decisão do Federal Reserve no centro das expectativas globais

A decisão do Federal Open Market Committee (FOMC), marcada para os próximos dias, poderá ser um ponto de viragem para os mercados financeiros. A possibilidade de um corte de 50 pontos-base nas taxas de juro ronda os 65%, o que coloca os investidores numa posição de cautela. Segundo Samy Chaar, economista-chefe da Lombard Odier, o principal ponto de debate não é apenas o tamanho do corte, mas também a visão do Fed sobre o ritmo e a direcção da política monetária ao longo do próximo ano. “Um corte de 25 pontos-base pode ser insuficiente, mas um de 50 poderá causar receios sobre o futuro da economia americana”, acrescenta Chaar.

Por outro lado, Kristina Clifton, do Commonwealth Bank of Australia, destacou que um corte de 25 pontos-base seria mais coerente com a abordagem histórica do Fed, mas alerta para as reações voláteis do dólar em função da decisão final. “Se o Fed optar por um corte maior, de 50 pontos-base, isso poderá provocar uma subida do dólar como moeda de refúgio, ou, alternativamente, a sua desvalorização se a decisão aliviar as preocupações económicas”, explicou.

Mercados asiáticos sob pressão

A queda do dólar não foi o único factor de instabilidade. Nos mercados asiáticos, as acções enfrentaram volatilidade, com o índice Nikkei do Japão a subir 1,3% no início da sessão, devido à fraqueza do iene, mas a perder esse ímpeto e a fechar com um aumento modesto de 0,23%. Na China, as blue chips caíram 0,18%, e Taiwan, após regressar de um feriado, recuou 1%. A Austrália também não escapou à tendência negativa, com o índice de referência a cair 0,1%. De uma forma geral, o índice MSCI de ações da Ásia-Pacífico fora do Japão registou uma queda de 0,27%, refletindo as preocupações globais com a decisão do Fed.

Enquanto isso, os mercados europeus mostraram sinais de fraqueza, com os futuros do STOXX 50 a cair 0,19%. Wall Street, por sua vez, terminou a terça-feira quase inalterada, apesar de um início promissor que levou o S&P 500 e o Dow Jones a máximos intradiários. Kyle Rodda, analista sénior da Capital.com, explicou que “a ação dos preços nos EUA reflete o ponto de inflexão significativo que os mercados estão a enfrentar”. Se o Fed acertar a comunicação, o mercado de ações poderá continuar a subir. Contudo, um erro poderá marcar o ponto alto deste ciclo de crescimento.

Ouro e petróleo também em foco

O ouro, considerado um refúgio em tempos de incerteza, teve dificuldades para manter o seu valor, registando uma ligeira queda de 0,1%, para 2.567 dólares por onça, depois de recuar de um valor recorde na sessão anterior. A pressão sobre o metal precioso reflete as expectativas em torno da decisão do Fed e as flutuações do dólar.

No mercado de petróleo, os preços também caíram após um aumento de cerca de 1 dólar por barril. As tensões no Médio Oriente, com o Hezbollah a prometer retaliação contra Israel após ataques no Líbano, adicionaram uma camada de incerteza aos mercados de energia. Além disso, as negociações entre facções na Líbia, mediadas pelas Nações Unidas, não conseguiram resolver a crise do banco central, o que afetou a produção e as exportações de petróleo. Os futuros do petróleo bruto dos EUA caíram 49 centavos, para 70,70 dólares, enquanto os futuros do Brent recuaram 47 centavos, para 73,23 dólares por barril.

A expectativa sobre a decisão do Federal Reserve continua a dominar os mercados globais, com flutuações no câmbio, nas ações e nas commodities. A decisão do Fed poderá definir o rumo das políticas monetárias mundiais e determinar o comportamento dos mercados nas próximas semanas. Até lá, a volatilidade deverá continuar a ser uma constante, com investidores e analistas a monitorizarem atentamente os próximos desenvolvimentos.

Fonte: O Económico

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