A rentabilidade do sistema bancário português voltou a crescer em 2023, tendo também subido o custo do risco do crédito devido ao reforço das imparidades, segundo dados do Banco de Portugal (BdP) na quarta-feira, 27 de Março, divulgados.
De acordo com a análise trimestral do regulador e supervisor bancário ao sector bancário, o ano passado, a rendibilidade “continuou a sua trajectória de crescimento”, com a rendibilidade do capital próprio (ROE) a subir para 14,8% (mais 6,14 pontos percentuais) e rendibilidade do activo (ROA) a subir para 1,28% (mais 0,59 pontos).
A subida da rendibilidade do activo deveu-se, disse o BdP, sobretudo ao aumento da margem financeira (diferença entre o que bancos cobraram no crédito e pagaram nos depósitos), ainda que compensado parcialmente pelo aumento das provisões e imparidades.
Vários bancos apresentaram lucros históricos referentes a 2023, surpreendendo mesmo analistas, num ano marcado pelo aumento das taxas de juro. Os cinco maiores bancos que operam em Portugal registaram lucros agregados de 4.444 milhões de euros em 2023, mais 72,5% face a 2022.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD, banco público), accionista, foi o que conseguiu os maiores lucros, com 1.291 milhões de euros. O Santander Totta teve lucros de 1.030 milhões de euros, o BCP 856 milhões de euros, o Novo Banco 743,1 milhões de euros e o BPI 524 milhões de euros.
Ainda na análise hoje divulgada, o BdP diz que, em 2023, o custo do risco de crédito aumentou (0,16 pontos percentuais) situando-se em 0,45%, o que justifica com o reforço das imparidades para crédito (dinheiro que os bancos reservam para fazer face a eventuais incumprimentos).
O rácio de eficiência (custos face a receitas) melhorou para 36,9%, reflectindo um aumento do produto bancário por melhoria da margem financeira.
Os custos operacionais registaram um aumento de 3,3% face a 2022.
Quanto a qualidade dos activos, no último trimestre de 2023, o rácio de crédito malparado bruto (‘NPL- non performing loans’ na expressão técnica em inglês) diminuiu 0,2 pontos percentuais para 2,7%, devido quer a redução de malparado quer à concessão de mais empréstimos.
O rácio de malparado nas empresas continuou a descer para 5,0% e o mesmo rácio nos particulares manteve-se praticamente inalterado em 2,4% (+0,1 pontos percentuais).
Por fim, quanto a indicadores de solvabilidade dos bancos, tanto o rácio de fundos próprios totais como o rácio de fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) aumentaram para 19,6% e 17,1%, respectivamente.
Fonte: O Económico