O grupo de produtores de petróleo OPEP+, depois de ter perdido Angola e outros intervenientes nos últimos anos, está de olho na Namíbia para uma possível adesão, à medida que o Pais caminha para ser a quarta maior produtora de crude de África na próxima década.
Nos últimos anos, a TotalEnergies e a Shell fizeram descobertas estimadas em 2,6 mil milhões de barris, preparando o terreno para a produção a partir de 2030.
O foco inicial da OPEP+ seria ver a Namíbia aderir à sua Carta de Cooperação, disseram à agência Reuters fontes próximas envolvidas num diálogo de longo prazo sobre os mercados de energia.
A OPEP, o principal grupo de exportadores de petróleo que, com a Rússia e outros, forma a OPEP+, gostaria de ver a Namíbia tornar-se membro de pleno direito, disse à Reuters, NJ Ayuk, Presidente Executivo da Câmara Africana de Energia, que revelou ter estado envolvido na facilitação das conversações entre as duas partes.
A OPEP começou a sua “ofensiva de charme”, disse ele, acrescentando que o resultado das conversações não era claro nesta fase.
O Secretário-Geral da OPEP, Haitham Al Ghais, foi citado em Fevereiro como tendo dito que a OPEP estava a manter conversações com várias nações sobre a adesão à Carta, sem as nomear.
O Secretário-Geral da OPEP, Haitham Al Ghais, disse num tweet na altura que Al Ghais se encontrou com o Ministro das Minas e Energia da Namíbia, Tom Alweendo, numa conferência na Nigéria, onde foi levantada a perspetiva de a OPEP e a Namíbia trabalharem em conjunto “sob a égide da carta de cooperação”.
No ano passado, a Comissária do Petróleo da Namíbia, Maggy Shino, manifestou interesse em juntar-se à “família” da OPEP, de acordo com um relatório da S&P Commodity Insights, conhecida como Platts.
No entanto, em Março, Alweendo disse à Reuters que a adesão à OPEP não estava nos planos e não quis ser questionado sobre se a Namíbia estava a considerar aderir à carta.
“Não fomos contactados por ninguém para aderir à OPEP. Os membros da OPEP são países exportadores de petróleo e nós ainda não o somos”, disse. “Essa é uma consideração apenas depois de começarmos a produzir.”
No entanto, a Reuters sabe que as conversações entre a OPEP e o Governo da Namíbia deverão prosseguir em finais de Abril, altura em que Al Ghais, da OPEP, deverá proferir um discurso numa conferência sobre energia na Namíbia, disse Ayuk, que também é orador no evento.
A próxima década
Até ao momento, foram descobertos cerca de 2,6 mil milhões de barris de petróleo na Namíbia nesta década, disse à Reuters Pranav Joshi, da consultora energética Rystad Energy.
Para além da Total e da Shell, empresas como a Chevron, Rhino Resources, Eco Atlantic Oil & Gas e Galp Energia estão a realizar actividades de exploração e avaliação.
Com base nas descobertas existentes, a Namíbia está a olhar para 700.000 barris por dia (bpd) de capacidade de produção máxima na próxima década, estimou Joshi.
Este valor é inferior à produção de Angola, que é de cerca de 1,1 milhões de bpd, mas Joshi observou que o número da Namíbia poderia aumentar com mais explorações bem-sucedidas.
Angola abandonou a OPEP em Dezembro do ano passado devido a um tecto de produção inferior ao previsto que recebeu da OPEP+, cujos membros estão a reduzir a produção para ajudar a sustentar os preços.
Fonte: O Económico