A plataforma flutuante de gás natural, Coral Sul FLNG, já exportou para o mercado global 4,48 milhões de toneladas desde o primeiro carregamento feito em Novembro de 2022. Ao todo, a plataforma fez, até Junho passado, 63 carregamentos. Os dados foram avançados pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, no seu Informe sobre o Estado Geral da Nação.O Chefe do Estado não avançou quanto o país encaixou em receitas fiscais no âmbito dos 63 carregamentos efectuados desde Novembro de 2022, mas mencionou este efeito no quadro do legado que deixa ao país, findos dois mandatos de governação. Aliás, para si, este marco simboliza o sonho de décadas e posiciona Moçambique como actor relevante no mercado global de energia.“A exploração de hidrocarbonetos no país representa um capítulo transformador da nossa economia. O aproveitamento desses recursos era uma meta ao longo do horizonte, mas hoje é uma realidade. Já estamos a produzir e estamos a exportar esse recurso”, disse.Entretanto, Nyusi alerta que esta é uma realidade que traz uma enorme responsabilidade, porque o país deve ser um exemplo de uma nação que procura converter a chamada maldição em benção para as futuras gerações.Nyusi mencionou a criação do Fundo Soberano como um esforço, nesse sentido, através do qual se quer fazer crescer a economia. O estadista disse querer criar um desenvolvimento inclusivo a longo prazo.O Chefe do Estado recorda que a lenda do gás em Moçambique se tornou uma realidade, depois da exploração de pequenas quantidades de Pande e Temane. Entretanto, surgiu marco mais significativo “o início da exportação a partir da plataforma flutuante Coral Sul FLNG, desde Novembro de 2022, até Junho de 2024 foram realizados 63 carregamentos, correspondendo a cerca de 4,48 milhões de toneladas”.Há, contudo, um elemento central, evocado pelo estadista que, aos poucos, se despede dos moçambicanos, que passa pela estratégia de diversificação da nossa economia para maximizar o proveito do país no uso do gás. Fez saber que a refinaria de gás de cozinha com uma capacidade de 30 mil toneladas, está em fase de conclusão, e poderá acautelar que alguma parte do gás fique para os moçambicanos.“O aumento da capacidade de armazenamento e a inauguração de novas infraestruturas de enchimento de gás em várias regiões do país são passos concretos nessa direcção, e o fortalecimento da nossa balança comercial através do aumento das exportações, refletindo a nossa visão de usar nossos recursos como motor da economia.”Já no campo dos combustíveis líquidos, houve aumento da capacidade de armazenamento para 65 mil metros cúbicos, o que, segundo o Presidente, demonstra o nosso planeamento estratégico e a capacidade de mitigação de riscos. “Nós temos de ter a reserva”, disse.Fora o gás natural, Filipe Nyusi, que garantiu que “o país cresce economicamente e a nação caminha resiliente rumo ao desenvolvimento sustentável”, elencou a electrificação do país e a construção de infra-estruturas na rota dos legados que deixa em quase 10 anos no poder. Vamos por partes.Na electricidade, a taxa de cobertura da rede de electricidade, de 2015 a esta parte, quase duplicou.Segundo o Presidente da República, foi concluída a electrificação das sedes distritais e postos administrativos. “Prosseguimos com a electrificação, tendo como meta a electrificação de todos os postos administrativos no quadro da iniciativa energia para todos. Como resultado, incrementámos a taxa de cobertura de 26% em 2025 para 55% em 2024”, disse.Nyusi disse que, quando tomou posse em 2015, a EDM tinha menos de um milhão e meio de clientes, e o número de clientes passou para 3,5 milhões de clientes, actualmente.“Estamos a trabalhar para que o nosso país se imponha como uma fonte de energia para toda a região austral do nosso continente. Já não é uma promessa, é uma certeza. No contexto do reforço do nosso papel como fornecedor de energia na região, reforçamos a nossa capacidade de geração e com recurso a fontes diversificadas”, avançou.Esta capacidade será ainda reforçada, com a construção da central térmica de Temane, com capacidade de 450 GW, a maior no período pós independência, e será entregue dentro de dois a três meses, segundo garantiu Filipe Nyusi.“Com a conclusão da construção da central eólica de Namaacha, com capacidade de 120 MW, essa é uma experiência que queremos introduzir, porque, cientificamente, está provado que Moçambique tem capacidade para produzir energia eólica”, acrescentou.Ainda no domínio energético, no que toca a linhas de distribuição da rede de energia, Nyusi destacou a construção da linha de transporte com extensão de 477 quilómetros dos 573 previstos da linha Temane-Maputo, no âmbito do projecto da espinha dorsal de alta tensão de 400 quilovolts. A conclusão de 107 fundações das mais de 300 previstas, e 11 torres do projecto da linha de interligação Moçambique-Malawi com progresso de 52%, com 400 quilovolts, a construção de Tete-Chimuara, com progresso de 99%.A par das linhas foi concluída a construção de 12 subestações, em Chimuara, Massinga, Alto-Molocue, Temane, Mahoche, Costa do sol, Marrupa, Zimbene, e Namialo.“Com estas linhas, trouxemos uma mudança estrutural para garantir o transporte de energia, garantindo a ligação do Norte ao Sul do país, ao mesmo tempo que nos posicionámos como fornecedores de energia na SADC.”No domínio de abastecimento de água, é destaque a cobertura era de 51% da população, actualmente a cobertura ronda em torno de 64% da população. Neste quinquénio, foram construídas 180 novas unidades sanitárias.Ciente de que nenhuma economia pode ser sustentável se não tiver uma rede de infra-estruturas que se estenda a todo território nacional, Nyusi disse que a sua preocupação era promover o acesso a energia, construir pontes e estradas.No domínio das Infra-estruturas portuárias, foram realizadas acções estruturantes, nomeadamente, expansão e modernização do porto de Nacala, que inclui equipamentos de manuseamento de carga que saiu de 100 mil para 250 mil por ano, permitindo maior eficiência e capacidade de resposta da demanda vinda de países do interland; a reabilitação do Porto de Maputo, que manuseou cerca de 31,2 milhões de toneladas contra 18 milhões em 2020, um crescimento assinalável de cerca de 70%; a reabilitação e duplicação da LInha férrea de ressano garcia, Matola gare e Moamba; a reabilitação da linha férrea de Machipanda, que permite a ligação do Porto da Beira e Zimbabwe; construímos o ramal Cena, ligando o Porto da Beira e Malawi com estas infra-estruturas.Sobre o transporte de passageiros “reforçámos com 90 carruagens, incrementando o número de passageiros transportados por quilómetro, de cerca de 3 milhões para mais de 7 milhões de passageiros. Isto representou um crescimento de cerca de 84%”.
Fonte:O País