Na hora da despedida

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Duas candidaturas que empolgam o universo azul e que permitem escolher o rumo que cada portista entende como mais oportuno

Chegou o momento de dizer até à próxima, nesta viagem semanal de opinar sobre o nosso futebol e não só. Começámos esta aventura a 20 de setembro de 2019 e, neste dia 1 deste mês de fevereiro de 2024, decidi parar este contacto semanal, pelo que, desde já, aproveito para agradecer o apoio, o carinho e a simpatia dos leitores. Foi um privilégio abordar, com total liberdade, os vários aspetos que o desporto nos coloca como desafio sedutor. Manter atenção e análise independente, embora privilegiando o meu FC Porto, foi sempre uma tarefa que nos deu muito prazer cumprir.

Neste momento de aproximação de eleições para o futuro do clube, existem duas candidaturas que empolgam o universo azul e que permitem escolher o rumo que cada portista entende como mais oportuno para o futuro. André Villas-Boas, ex-treinador de futebol, antecipou a declaração de candidato e Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do clube, mantém a tradição há mais de 41 anos, com a naturalidade do tempo. Certamente que Nuno Lobo e José Fernando Rio poderão recandidatar-se como fizeram na última eleição. Vão disputar as eleições mais mediáticas das últimas décadas. Em vez do diálogo privado, quando se dá o primeiro passo, sem tentar esclarecer se a união seria possível, naturalmente surgirá o inevitável confronto nas urnas. Certamente, poderá servir para testar a dinâmica e a mobilização dos adeptos. Pinto da Costa, o presidente mais titulado do mundo, com obra gigantesca a todos os níveis (estruturas, estádio, museu, títulos em diversas modalidades e muito mais), liderando o projeto de renovação Todos Pelo Porto, definirá o prazo e o local aonde poderá fazer a sua apresentação de candidatura: no Coliseu do Porto, naturalmente, porque só um monumento dessa dimensão tem as caraterísticas necessárias para preservar a honra e solenidade dessa realização.

Curiosamente, a liberdade é comum a essa candidatura porquanto quer o emblema do FCP, quer o brasão da cidade que se encontra na entrada do Coliseu, são duas referências de luta pela liberdade, com a coragem e frontalidade, contra a opressão centralista. Por isso, nessa eleição, há também um significado de honra, de lealdade e de uma tradição que revela o caráter das gentes da mui Antiga e Invicta cidade do Porto.

Recordemos algumas das palavras de quem escolheu caracterizar o Porto em geral e o presidente Pinto da Costa ao longo dos anos:

1. A 24 de abril de 1997, entre muitos depoimentos, Lucas Pires (na época eurodeputado e colunista de O Jogo), deixou uma imagem do presidente do FC Porto que continua atual: «É o único dirigente desportivo dos últimos quinze anos com direito a biografia (…) Os meus parabéns ao homem que se tornou no símbolo mais concreto de um grande clube, de uma grande cidade e mesmo de uma grande região!»

2. Também se destacaram as palavras do ex-presidente da UEFA, Lennart Johansson, em 2004: «Jorge Nuno Pinto da Costa é verdadeiramente um homem de exceção. O FC Porto sempre foi a sua prioridade. Ele pertence verdadeiramente ao restrito grupo dos grandes criadores de impérios, ao escasso número de grandes presidentes, juntamente com algumas grandes lendas do futebol das gerações passadas, como Santiago Bernabéu e Angelo Moratti.»

3. «O FC Porto é um dos grandes clubes do Mundo, com dezenas de troféus conquistados e com adeptos em todos os continentes. Isso é em grande parte devido ao trabalho do seu presidente. Enquanto presidente da FIFA, envio os parabéns a Jorge Nuno Pinto da Costa pela sua contribuição para o desenvolvimento do futebol em Portugal, na Europa e no Mundo», afirmou Gianni Infantino, a 16 de abril de 2022.

4. Ramalho Eanes, antigo Presidente da República, afirmou sobre o presidente do FCP: «É na inteligência, capacidade de decisão e ação que Pinto da Costa operacionaliza a impressionante capacidade de dirigente…»

5. No primeiro artigo (20/9/2019) como O Senador de A BOLA, intitulado O presidente, iniciei estes textos com uma mensagem que se mantém: «A família não pode permitir divisões profundas, antes uma unidade que se reforça (…) inclusive nos momentos mais complexos (…) presidente, sabe que pode contar sempre com o nosso apoio para um FCP cada vez maior!»

O presidente Pinto da Costa, juntamente com José Maria Pedroto, criou uma dinâmica muito forte com objetivos definidos e, assim, o FC Porto cresceu de forma imparável e exemplar. Um grande presidente dirige, coordena, está presente em todo o processo, garantindo o crescimento e cumprindo os sonhos dos fundadores.

As obras nascem porque há gente que nunca desiste de avançar, de desbravar o futuro e enfrentar com coragem, procurando construir os impérios inovadores que desafiam o conhecimento contínuo. Esses são os criadores de lendas e sonhos, de realidades fantásticas, antecipando tempos e criando novo rumos para um crescimento imparável.

O Futebol Clube do Porto nasceu a 28 de setembro de 1893, fundado por obra e graça do jovem comerciante de 20 anos, António Nicolau d’Almeida, tendo sido o seu primeiro presidente. O FCP iniciou os treinos no Campo do Prado, em Matosinhos, e no dia 8 de outubro disputou o primeiro jogo da sua história, contra o Clube de Aveiro. Em 1906, José Monteiro da Costa, regressado de Inglaterra, decidiu criar uma equipa de futebol e do diálogo com Nicolau d’Almeida tornou-se o seu segundo presidente. Surgiu o FCP com forte dinâmica, instalando a primeira sede em 1906. O clube assumiu o ecletismo, escolheu as cores da bandeira (azul e branca) e o emblema inicial, que posteriormente evoluiu. Foram vários os campos onde disputou os jogos e, em 1912, juntamente com o Leixões, fundaram a Associação de Futebol do Porto, que mais tarde recebeu também o Boavista. O FCP nasceu ganhador e assim continua, com o brilhantismo que o distingue e cujos títulos são testemunho de uma evolução imparável. Jorge Nuno Pinto da Costa, eleito como presidente desde 17 de abril de 1982, continuando como 31.º presidente do FC Porto, o mais titulado do mundo.

Neste último Sem perder o Norte ficam memórias, paixões, vitórias, alegrias e tristezas, mas também a verticalidade com uma amizade que nunca se pode perder. Sem unanimismos, cada um deve procurar contribuir para fortificar a união e nunca permitir que interesses particulares possam desvalorizar a nossa história. As vitórias do FC Porto são inúmeras, a maior parte na presidência de Pinto da Costa e desejamos que continuem naturalmente a acontecer.

O futebol mundial está a sofrer alterações substantivas, que colocam os investimentos como topo dos títulos, depreciando a conquista das vitórias. Os desafios que os tempos anunciam carecem de capacidade de antecipação, de análises profundas e, essencialmente, de uma unidade indestrutível, que supere divergências profundas. Unir é um padrão que sempre reforça a capacidade dos portistas, que fazem deste clube um exemplo de aproximação, mas nunca de divisão. O FC Porto é uma fantástica história de sonho, de luta, de nunca se deixar cair, levantando-se com determinação e união.

Quando se ouve, no estádio, aquele coro afinado a gritar com alma «Porto, Porto, Porto» é um exemplo ímpar de sentir o clube como parte imprescindível da nossa família.

Um forte abraço meu caro amigo e presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, desejo muitas mais e importantes conquistas, bem como um reforço generalizado para tentar vencer sempre, com total dedicação e respeito pela tradição do clube, património valioso para ampliar sistematicamente como destino natural de quem sente o clube em todas as circunstâncias. A amizade é também um título só ao alcance da sustentabilidade com verdade.

Agustina Bessa-Luís, sobre a cidade do sotaque, da verdade e da frontalidade, deixou esta pérola única: «O Porto não é um lugar. É um sentimento.»

Um abraço aos leitores que tiveram a paciência de me aturar durante estes anos, procurando sempre ser exigentes e levantar questões que nos aproximem, para prestigiar o nosso futebol, que necessita de apoio para um desenvolvimento de acordo com as enormes potencialidades de que somos capazes. A imparcialidade deve ser sempre defendida e nunca menorizada.

Viva o FC Porto e as muitas vitórias, com a unidade que esta família merece.

Até sempre presidente.

Fonte: A Bola

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