Leão recorda invasão a Alcochete: «Vivi o inferno»

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Excertos do capítulo da autobiografia do jogador, ‘Smile’, sobre o caso de 15 de maio de 2018

Um dos capítulos da autobiografia de Rafael Leão, intitulada ‘Smile’ e que será apresentada pelo jogador na quarta-feira, é dedicada à complicada saída do jogador do Sporting, motivada pela invasão de Alcochete, em maio de 2018. O internacional português conta que alguns dos adeptos envolvidos foram seus colega de escola e que o seu pai, António Leão, o realojou em casa de amigos no Porto, para estar em segurança naquela altura.

«Tinha havido um primeiro protesto, muito violento, da Juventude Leonina, no aeroporto, depois do jogo com o Marítimo. Manifestaram o desapontamento deles mas ninguém estava preparado para o que aconteceria dois dias depois. Cerca de 50 pessoas, encapuzadas, entraram no nosso centro de treinos. Agrediram o treinador, Jorge Jesus, o seu adjunto e os primeiros jogadores que encontraram, com cintos e barras de ferro. O Bas Dost ficou muito mal, partiu a cabeça. Nós, jogadores, pensávamos que éramos intocáveis e ficámos em estado de choque. Nem tivemos tempo para reagir. O próprio clube não levou as ameaças a sério, porque não tomou medidas de segurança», começa por contar o avançado do Milan.

«Entre os adeptos que entraram no balneário reconheci alguns antigos colegas de escola. Quando estás muito tempo com alguém, um capuz ou uma ‘balaclava’ não os tornam irreconhecíveis. Não podia acreditar no que estava a acontecer porque tínhamos perdido um jogo. Todos os jogadores foram chamados para depor em tribunal, mas aqueles adeptos sabiam tudo sobre nós, onde vivíamos, onde viviam as nossas famílias… O meu pai mandou-me para o Porto, para casa de uns amigos. Eu e os meus amigos recebemos várias ameaças nas redes sociais», lê-se no capítulo, com Rafael Leão a explicar que o clima de ‘terror’ entre ele e o Sporting perdura até aos dias de hoje.

«Mesmo hoje em dia, se comentarem alguma foto do Sporting ou de um jogador do Sporting sou inundado com insultos, chamam-me de traidor. Vivi um inferno nessas semanas, até que rescindi o contrato de forma unilateral, tal como vários os outros jogadores que foram atacados. Tinha 18 anos e fui obrigado a deixar o meu país», finaliza o ex-jogador dos leões, que abandonou o clube para jogar no Lille, transferindo-se mais tarde para o Milan.

Fonte: A Bola

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