“A sentença na Espanha é um pontapé inicial, as pessoas esperam que sirva de lição”

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Para Marcos Evangelista de Moraes – o Cafú – não bastou ser o capitão da Seleção Brasileira, tornar-se uma lenda vencedora de tudo (Copa Libertadores, Liga dos Campeões, Copa Intercontinental, Copa América, Copa das Confederações e Copa do Mundo), para escapar do ódio das torcidas rivais e ouvir os radicais do Lazio insultarem-no por causa da cor de sua pele, durante sua passagem pelo Roma.

Por isso, ele continua envolvido na luta contra o racismo, para divulgar a mensagem de que apenas a educação e sentenças como a do caso de Vini Jr. são o caminho para erradicar esse crime dos campos de jogo. Em conversa com a Agência EFE do Rio de Janeiro, por ocasião do lançamento da marca ‘Makakooo’, que utiliza o insulto para transformá-lo em um logotipo antirracista em roupas, Cafú dá dicas para evitar que fatos como os vividos pelo atacante do Real Madrid se repitam.

Pergunta: O que o motivou a ser o embaixador desse projeto de luta contra o racismo?

Resposta: Estamos vendo na sociedade mundial o que está acontecendo com o racismo. Em primeiro lugar, eu acredito que o racismo é uma questão educacional. É preciso educar as pessoas para que possam conviver em sociedade, porque todos somos seres humanos, somos uma única raça e ao longo dos anos estamos vendo isso aumentar a cada dia que passa. Mas não só aumenta nos estádios de futebol, como também nas escolas, no trabalho, na rua, no ônibus. Por isso estamos abraçando a causa, para poder erradicar o racismo da sociedade.

P: Uma luta que está muito viva depois do que aconteceu nos últimos anos...

R: Era uma atitude necessária há muitos anos, mas agora, com o selo da FIFA, melhorou muito, porque a FIFA estabelece a lei e a norma, a FIFA já tem leis antirracistas. Isso ajudou a reforçar ainda mais nosso trabalho agora.

P: Esta semana houve uma sentença considerada histórica na Espanha, em que um tribunal impôs penas de prisão pelos insultos a Vinicius. Em que medida isso foi um passo adiante?

R: Eu acredito que é um passo adiante. O pontapé inicial para que realmente se possa sancionar. Em uma democracia, antes não se podia sancionar quem tinha esse tipo de atitude dentro do campo. Agora, tivemos o julgamento desses torcedores que insultaram Vinicius na Espanha e agora as pessoas esperam que isso sirva de lição, para que outras pessoas se conscientizem de que isso não pode mais existir no futebol.

Na FIFA há um protocolo antirracismo e as pessoas esperam que ele possa ser bastante utilizado, mas precisávamos de uma lei para conscientizar as pessoas de que vivemos em uma sociedade em que todos têm direito à igualdade. Eu acredito que se trata de uma questão cultural. Temos que educar nossos filhos para que possam viver em uma sociedade sabendo que todos somos iguais. A FIFA autorizou e esse protocolo vai ser muito importante para nós.

P: A atitude de Vinicius reativou tudo?

R: Ajudou muito tudo o que Vinicius passou no campo. Ele começou essa batalha, começou essa luta contra o racismo e nós nos unimos ao Vini Jr. para conscientizar as pessoas.

P: A campanha que você promove é mais um passo nessa luta…

R: Esperamos que nossa luta possa ter impacto em muitas pessoas, porque nosso objetivo é conscientizar as pessoas para que possam viver em uma sociedade com os mesmos direitos, em igualdade. Isso é importante. Também é importante mencionar que esta campanha é uma campanha que ajudará instituições, porque 15 por cento de todas as vendas dessas roupas vão para fundações na Colômbia e no Brasil. Além de lutar contra um mal que existe na humanidade, o racismo, teremos a oportunidade de ajudar as pessoas através desta campanha. Então, todos contra o racismo.

 

Fonte: Besoccer

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