Moçambique introduz vacina R21 reforçando ações para controlar a malária

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A província de Zambézia, no centro de Moçambique, foi a escolhida para administração da nova vacina contra malária. A escolha do local deve se ao elevado fardo da doença na província. 

A introdução da vacina contra a malária no programa de vacinação infantil de Moçambique torna-se um marco, uma vez que é resultado de pesquisas e ensaios realizados por cientistas moçambicanos que levaram ao desenvolvimento da primeira vacina deste tipo, a vacina RTS,s. 

Impacto da introdução da vacina R21 

A ONU News em Maputo visitou o Centro de Investigação em Saúde de Manhiça, Cism, para melhor perceber o impacto da introdução da vacina R21 no país. O diretor científico do Cism, Pedro Aide, considera a ação histórica e mais uma ferramenta na luta contra a malária.

“A introdução de mais uma ferramenta para controlo da malária e de saudar e é um marco importante, particularmente para nós em Moçambique que participamos também nos ensaios clínicos que ditaram o licenciamento de uma das vacinas contra malária que se chama RTS, s.”

Em Moçambique, a malária é endêmica, com uma prevalência de 32% em crianças menores de cinco anos.Especialistas acreditam que estes dados poderão reduzir nos próximos anos com a introdução da nova vacina R21.

“Sabemos que esta vacina especialmente a R21 que foi introduzida recentemente cá em Moçambique evita mais de metade dos casos de malária, portanto, reduzir em mais de metade os casos de malária naturalmente poderá ter um impacto significativo tanto na doença como eventualmente na na mortalidade, mas é algo que vamos acompanhar ao longo dos próximos tempos e teremos estimativas mais concretas.”

Dados da OMS indicam que Moçambique é o quarto país do mundo que apresenta o maior peso da malária no mundo. Aide detalha a importância da vacina R21.

A técnica Cecília Zitha no Centro de Investigação em Saúde da Manhiça, Cism, em Moçambique
Ouri Pota

A técnica Cecília Zitha no Centro de Investigação em Saúde da Manhiça, Cism, em Moçambique

“Muita malária e muita criança sofrendo”

“O principal papel que esta vacina pode ajudar a fazer, é reduzir o número de casos clínicos de malária que acontecem no país. Só no primeiro semestre deste ano em Moçambique houve quase 6,2 milhões casos de malária, portanto é muita malária e muita criança sofrendo de malária. Tivemos também ao redor de cerca de 196 a 197 mortes por malária, isto ilustra que ainda estamos muito carregados por malária e há muito por se fazer em relação a esta doença.”

Além da vacina, seguem os esforços para aumentar a cobertura e a utilização de redes mosquiteiras tratados com inseticida. Apenas 57% dos agregados familiares em Moçambique têm pelo menos uma rede tratada com inseticida.

O uso das redes mosqueteiras tratadas com inseticida de longa duração no país constitui um dos métodos econômico para redução de morbidade e a mortalidade relacionadas com a malária.Estatísticas indicam que cerca de 57% dos agregados familiares em Moçambique têm pelo menos uma rede tratada com inseticida.

Abandono das redes mosqueteiras

A ONU News questionou ao diretor científico do Cism se a introdução da nova vacina poderá ser motivo para abandono das redes mosqueteiras como elemento preventivo. Ele citou a necessidade de manter.

“Infelizmente não porque as redes mosqueteiras têm uma eficácia arredor de 30%, estas vacinas também têm uma eficácia ao redor de 50% a 60%. Vale apenas mencionar que estas vacinas foram testadas e licenciadas num ambiente em que se está a usar as redes mosqueteiras, portanto, a eficácia que estas vacinas apresentam é sobreposta a eficácia produzida pelas outras medidas de controle da malária.” 

Através da Aliança Mundial para Vacinas e Imunização, Gavi, e do co-financiamento do Governo de Moçambique, o país recebeu cerca de 800 mil doses de vacina contra a malária. A meta é imunizar cerca de 300 mil crianças através do Programa Alargado de Vacinação.

O técnico Celso Melembe no Centro de Investigação em Saúde da Manhiça, Cism, em Moçambique
Ouri Pota

O técnico Celso Melembe no Centro de Investigação em Saúde da Manhiça, Cism, em Moçambique

Preparação, aceitação e introdução da vacina

A vacina será distribuída em 22 distritos da província da Zambézia. A mesma será administrada em esquema de quatro doses, sendo que a primeira abrange crianças de seis a 11 meses.

A Gavi, o Fundo das Nações Unidas Unidas para a Infância, Unicef, e a Organização Mundial da Saúde, OMS, e parceiros apoiam o Ministério da Saúde na preparação, aceitação e introdução da vacina contra a malária.

A ação inclui o desenvolvimento de planos de implementação de vacinas, estratégias de comunicação, formação de profissionais de saúde e envolvimento da comunidade, além da garantia de capacidade suficiente da cadeia de frio.

 

Fonte: ONU

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